Da Tribuna do Norte
Foto: Matheus Felipe (Gentilmente cedida ao UNIBUS RN)
A cobrança da tarifa no circular da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) pode impactar em até 20% nos gastos de estudantes e servidores que não sejam de Natal. Os estudantes da capital poderão usar a integração e não vão pagar pelo uso do transporte até o campus. Em números absolutos, um estudante de Goianinha, por exemplo, que entre e saia na UFRN todos os dias e faça ao menos uma viagem, terá um acréscimo de R$ 64 no orçamento. Estudantes fizeram um protesto na Secretaria de Transportes de Natal por conta do fim da gratuidade.
Os cálculos foram feitos pela reportagem da Tribuna do Norte com base nos valores das tarifas dos ônibus da Grande Natal do Departamento de Estradas e Rodagens (DER). Considerando apenas os municípios que fazem parte da Região Metropolitana de Natal, Goianinha, Maxaranguape e Vera Cruz são os municípios com as tarifas mais altas, de R$ 4 a R$ 6,25.
Segundo dados da UFRN obtidos pela Tribuna do Norte, pelo menos 15 mil estudantes da Grande Natal serão impactados pela cobrança do valor no Circular da UFRN, que passará a se chamar “Alimentadora UFRN”, segundo a Secretaria de Mobilidade Urbana de Natal (STTU).
Pelos moldes do que foi anunciado pela STTU, o estudante de Goianinha, que por mês já gasta R$ 250/mês, que desça no Via Direta, por exemplo, e ingresse e saia na UFRN uma vez ao dia, terá um custo mensal de R$ 64. O valor total, portanto, chegaria a R$ 314. Caso ele precise fazer, diariamente, ao menos mais uma viagem, por dia, ele terá acrescido mais R$ 32.
Para quem vem de Maxaranguape, por sua vez, segunda tarifa mais cara no sistema intermunicipal dos municípios da Região Metropolitana, o custo seria de R$ 212 pelas viagens acrescidos ainda dos R$ 64, chegando a R$ 276.
“Desço no Via Direta e vou andando. Não vou usar o circular pago porque já tenho que pagar almoço, porque não está tendo Restaurante Universitário. Pelo menos voltando o 63 ou o 10/29, porque nenhum ônibus está entrando na UFRN. Só que dentro da universidade precisamos transitar. Antes tinha o circular, agora não tem mais ”, cita o estudante de Engenharia de Computação, Victor Yeso Fidélis, 22 anos, que vai à UFRN todos os dias da semana para sua bolsa de iniciação científica e afirma que terá dificuldades em fazer a integração.
Quem passa por situação parecida é o estudante de jornalismo Marcos Vinícius, 23, que mora em Extremoz e vai à UFRN pelo menos duas vezes por semana. Sem circular, ele tem duas opções para chegar à UFRN: pegar um ônibus intermunicipal que passa pelo anel viário do campus ou descer no Via Direta e caminhar 1,7km para chegar onde trabalha como bolsista voluntário.
“Quando vou a pé para a UFRN é quando não tenho dinheiro para pegar o 304. Não pretendo pegar o circular pago porque não tenho condições esse valor. Vai ser a mesma rotina, basicamente”, explica.
As bolsas de apoio-técnico da UFRN, bem como outras bolsas-estágio, possuem um valor médio de R$ 400. A UFRN informou à Tribuna do Norte que dispõe, atualmente, de auxílio transporte para estudantes residentes em cidades do interior potiguar, que contempla parcialmente discentes residentes em municípios da região metropolitana de Natal.
“Essa parcela de estudantes pode ser mais beneficiada com o referido auxílio em 2022, caso seja uma demanda apresentada pelo movimento estudantil, que ainda irá discutir com a gestão da UFRN como será aplicado o orçamento para o próximo ano”, diz a nota.
Como será a mudança: Segundo a STTU, os usuários da nova linha “Alimentadora UFRN”, vindos do sistema de transporte de Natal, farão integração através da bilhetagem eletrônica, tanto na chegada como na saída do Campus Universitário. Apenas um ônibus será ofertado.
Na vinda das linhas que têm tarifa de R$ 1,95 (meia estudantil), o passageiro fará a integração sem pagamento adicional. Já na saída da UFRN, tendo em vista que a tarifa dentro do campus é R$ 1,60 (meia estudantil), haverá o pagamento complementar de R$ 0,35 para completar a tarifa normal do sistema.
Nos demais deslocamentos dentro do campus universitário, o passageiro pagará a tarifa R$ 1,60 (meia) e R$ 3,20 (inteira), tanto nos pagamentos em cartão ou em dinheiro. “A ideia é que no momento é que as aulas voltem, volte a gratuidade, como era antes”, disse Daliana Bandeira.