Natal: Rodoviários seguem trabalhando normalmente, mas greve ainda não está descartada

Por UNIBUS RN
Foto: Elianderson Silva

Desde o último dia 07, quem precisa utilizar o transporte público em Natal vive momentos de tensão, pois o presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Transportadores Rodoviários do Rio Grande do Norte (SINTRO / RN), Antônio Junior, chegou a anunciar a paralisação dos trabalhadores das empresas de ônibus, que poderia se iniciar a qualquer momento. Entretanto, como há reuniões em andamento para a negociação da pauta de reivindicações com os empresários e está marcada mais uma audiência do processo judicial que pede o dissídio coletivo da categoria, pelo menos até o final desta semana, não há perspectiva de que haja a paralisação do serviço na capital potiguar.

Em entrevista ao UNIBUS RN, o segundo secretário-geral do SINTRO / RN, Harley Davidson Andrade, explicou que, neste momento, há o chamado “estado de greve” na categoria, uma vez que encontros foram convocados, com a presença de representantes do sindicato e do SETURN – entidade patronal que representa as empresas de ônibus – para a negociação da pauta de reivindicações.

“A manifestação [de 07 de outubro] surtiu o efeito esperado, pois provocou [reação do] judiciário e SETURN para agilizarem o processo [de negociação]. Com isso, o TRT nos convocou para uma reunião, quanto o próprio SETURN nos chamou para uma reunião, que ocorreu na última sexta [15 de outubro]. A princípio, as negociações continuam e não vá ocorrer a greve. De todo modo, estamos ainda em estado de greve e, a qualquer momento, se as negociações não surtirem efeito ou se sentirmos que o SETURN quer nos enrolar, deflagraremos a greve”, explicou.

Na manhã de ontem, 19, houve uma reunião da cúpula do sindicato que representa motoristas e cobradores de ônibus para a avaliação das propostas. De acordo com o representante do SINTRO ouvido pela reportagem, outra possibilidade debatida entre os representantes dos rodoviários para que se evite a greve é o resultado de uma audiência, que ocorrerá nesta quinta (21) no Tribunal Regional do Trabalho da 21ª Região, dentro do processo judicial que pede o dissídio coletivo da categoria.

“Essa audiência deverá homologar a data-base referente ao dissídio coletivo de 2020. O item que está emperrando as negociações com os empresários era justamente a homologação dessa data-base [vencida em 1º de maio de 2020], que não aconteceu ainda por haverem entraves em cláusulas da convenção. A informação que tenho é de que, nessa quinta, o tribunal irá se reunir para assinar a homologação e pode sair o dissídio do ano passado”, explicou.

Portanto, pelo menos nesta quarta-feira e amanhã, quinta-feira, o natalense poderá utilizar o transporte público com a garantia de que irá funcionar sem paralisações. Entretanto, Harley foi conciso em indicar que ainda não se pode descartar um movimento paredista. “Ainda há a possibilidade de emperrar [a negociação] e acontecer a greve sim”, disse.

Pauta: De acordo com o SINTRO / RN, os rodoviários reivindicam o cumprimento da data-base para a negociação salarial, vencida em maio – segundo os sindicalistas, o período não foi cumprido em 2020 e 2021 – além de reajuste salarial de 9,68% para os trabalhadores – percentual equivalente à inflação oficial nos últimos 12 meses, medida pelo IBGE até agosto passado.

Também se pede a recomposição do valor original do vale-alimentação: Até 2019, os rodoviários recebiam R$ 315, enquanto que, desde o início da pandemia de COVID-19, as empresas passaram a pagar R$ 180.

Histórico: No último dia 07, trabalhadores das seis empresas de ônibus que atuam em Natal fizeram uma paralisação de advertência, nas imediações da sede do SINTRO / RN, próximo ao Viaduto do Baldo. Na ocasião, os veículos das linhas que atendem o Centro e o bairro do Alecrim ficaram parados por cerca de uma hora.

Na ocasião, o presidente do sindicato, Antônio Junior, chegou a anunciar que a categoria entraria em greve – o que não ocorreu até o momento.

O outro lado: O UNIBUS RN procurou Nilson Queiroga, consultor técnico do SETURN, para que pudesse se posicionar sobre o andamento das negociações e o “estado de greve” anunciado pela representação dos trabalhadores.

Nilson informou que está viajando e aguardava posicionamento do departamento jurídico do SETURN sobre o assunto para poder responder nossas perguntas. Até o fechamento desta matéria, o representante da entidade patronal ainda não havia recebido o suporte mencionado.

Havendo o posicionamento do SETURN, esse texto será atualizado.

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