Estudo indica os 5 princípios que devem guiar o futuro da mobilidade

Por Automotive Business
Foto: Andreivny Ferreira (UNIBUS RN)

A consultoria de design e inovação Questtonó Manyone lançou nesta semana o relatório “5 princípios de design para projetar o futuro da mobilidade”. O documento traz uma série de instruções dentro dos pilares que os autores acreditam ser os nortes que devem mover as soluções do segmento: reduzir, ajustar, conectar, incluir e atrair.

O vice-presidente de previsões e mobilidade da empresa, Jens Martin Skibsted, afirma que o setor de transporte está prestes a passar por uma revolução em todo o mundo devido ao Acordo de Paris, em que 195 países se comprometeram a não deixar a temperatura do planeta subir mais de 1,5 °C. “Cerca de um terço das emissões vêm do transporte”, diz ele. “A grande vantagem dos carros é que a eletrificação pode resolver o problema das emissões diretas instantaneamente, se implementada”, afirma.

No entanto, ele lembra que apenas trocar a frota por elétricos não vai adiantar, uma vez que poderemos ter mais automóveis nas ruas. “Os carros com certeza não são uma resposta para problemas urbanos”, argumenta ele.

“Além de aumentar o número de pedestres e ciclistas, não há soluções universais. As cidades diferem em clima, topografia, economia, layout e tamanho de tal forma que soluções diferentes são necessárias. A única reivindicação comum em todas é pela multimodalidade. Ou seja, poder acessar diferentes tipos de transporte sem complicações para otimizar o tempo gasto no trajeto”, defende o vice-presidente de previsões e mobilidade.

E como seria uma solução para as cidades brasileiras? “O território do Brasil é enorme, assim como os espaços urbanos, e além disso, muitas áreas não são contempladas pela rede elétrica”, define Skibsted. “Por isso, a multimodalidade deveria ser pensada em um contexto muito mais amplo do que o urbano. Além disso, construir uma infraestrutura elétrica completa seria muito difícil. Soluções off-grid com base em energia renovável teriam que ser feitas de acordo com a demanda”, opina.

“Isso também significa que outros meios de transporte que são parcialmente irrelevantes hoje ficariam relevantes, como eVTOLs que possam carregar coisas sem uma infraestrutura preexistente. Dirigíveis que montem uma rede de dados, como na África, poderiam ser usados”. Já imaginou uma área rural com dirigíveis formando uma rede móvel? Parece coisa de ficção científica, mas poderia se tornar realidade.

A seguir, conheça os pilares apontados no documento:

Reduzir: O foco é cortar ao máximo as emissões de gases de efeito estufa. Esse é um movimento que, conforme vimos na recente Cúpula do Clima, está cada vez mais presente na pauta das economias mundiais. Para reduzir, de acordo com o relatório, é preciso eletrificar, ou seja, apostar cada vez mais em soluções sustentáveis para o transporte. Isso iria muito além da “última milha”, que sabemos ser bastante importante. Em vez disso, o relatório propõe enxergar o transporte “de forma holística” e melhorar “todo o ecossistema de serviços”.

Um dos maiores desafios nesse sentido, observa o documento, é diminuir as emissões da movimentação de cargas, que possui o maior impacto dentro do setor de transportes. “Conforme os veículos elétricos substituem os a combustão (nos carros de passageiros), a demanda por combustível fóssil no setor de transportes vai cair”, diz o documento. “E o que sobrar dessa demanda em relação aos pesados pode ser substituído de forma sustentável, utilizando outras alternativas de abastecimento”.

Ajustar: Sobre “Ajustar”, o relatório argumenta que, quando confrontado com opções de mobilidade, o usuário vai sempre escolher “o que for mais confiável, flexível e eficaz”. Por isso, é preciso que os serviços de mobilidade modernos sejam competitivos com os tradicionais em termos de preço, disponibilidade, tempo de espera e deslocamento. Só assim as pessoas vão trocar o automóvel na garagem por um car sharing, por exemplo.

Conectar: Nesse caso, não é apenas literalmente, com a iminente chegada da rede 5G, que irá permitir o tempo de resposta ideal para a internet das coisas. É também o compartilhamento de dados entre poder público e iniciativa privada para a criação de soluções otimizadas. “Se os provedores de mobilidade privada trabalharem em colaboração com as autoridades de transporte público para dar as melhores soluções ao indivíduo, bem como à cidade, será possível conectar ao invés de competirem entre si”, diz o texto.

Incluir: Já “Incluir” é criar modelos e serviços que sejam acessíveis a toda a população, especialmente a que possui menos recursos financeiros e a que mora longe dos grandes centros.

Atrair: Por fim, “Atrair” é criar um transporte que seja altamente desejável entre o público, seja pela aparência, pela experiência ou pela exclusividade.

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