Marcopolo mantém liderança de mercado em 2020

Da Secco Consultoria de Comunicação
Foto: Divulgação Marcopolo

Câmbio favorável, Caminho da Escola e venda de participação em empresa indiana favoreceram os resultados; Para este ano, a companhia prevê crescimento dos mercados a partir do segundo semestre, com volta dos passageiros e retomada gradual dos mercados

O consolidado dos resultados da Marcopolo em 2020 reflete os impactos da pandemia de Covid-19, que acarretou na redução das atividades de turismo e transporte terrestre de longa distância. Mesmo com o cenário desfavorável, a companhia manteve a liderança de mercado com 52,7% de participação no ano passado. A exposição ao câmbio favorável compensou parcialmente a queda de demanda.

A despeito de um recuo de 26,7% na produção brasileira de ônibus em 2020 em relação a 2019 (de 22,8 mil unidades para 16,7 mil unidades na comparação anual), o ganho de participação de mercado da Marcopolo foi de 2,9 pontos percentuais em relação aos 49,8% de 2019. Neste contexto, destaca-se o segmento de urbanos, com ganho de 14,8 pontos percentuais de market share no ano passado. Ainda como efeito da crise sanitária, o setor de fretamento se destacou em vendas no segmento de rodoviários, registrando crescimento em relação a 2019, em função das precauções de distanciamento.

Em 2020, a produção consolidada da Marcopolo foi de 12.309 unidades, 21,8% inferior às 15.741 fabricadas no ano anterior. Desse total, 87,5% foram produzidas no Brasil e as demais 12,5% no exterior. Já as vendas de ônibus e carrocerias para o mercado interno caíram 15,1% na comparação anual, totalizando 8.941 unidades.

“Houve uma interrupção do processo de recuperação de volumes experimentado desde 2018, mas uma queda maior foi evitada com as entregas para o programa federal Caminho da Escola, que respondeu por 38,8% dos nossos volumes vendidos no Brasil. Ao todo, entregamos 3.472 unidades ao programa, sendo 1.447 micro-ônibus, 1.554 urbanos e 471 modelos Volare. O ritmo de entregas deve permanecer no primeiro trimestre de 2021”, afirma José Antonio Valiati, diretor financeiro e de Relações com Investidores da Marcopolo.

O impacto da pandemia refletiu-se na receita líquida consolidada, que alcançou R$ 3,589 bilhões em 2020, queda de 17,8% em relação aos R$ 4,367 bilhões registrados em 2019. Nessa soma, o mercado interno teve a maior participação, com 50,6% da receita líquida total (R$ 1,817 bilhão).

O lucro bruto totalizou R$ 595,6 milhões, 16,6% da receita líquida, contra 14,9% em 2019, enquanto o EBITDA alcançou R$ 268,5 milhões em 2020, com margem de 7,5%, contra uma margem de 7,7% (R$ 338 milhões) em 2019.

O lucro líquido de 2020 foi de R$ 90,7 milhões, contra um resultado de R$ 212,0 milhões em 2019.

“A melhora da margem bruta é resultado da maior exposição ao mercado externo, aproveitando o câmbio favorável, e dos e processos de otimização de plantas, redução de custos e ganhos de eficiência. O movimento de retração da margem EBITDA e do conjunto de resultados vem como consequência dos efeitos da pandemia sobre a demanda, com uma desalavancagem operacional e ajustes na estrutura”, afirma Valiati.

Os resultados da companhia também foram favorecidos pela venda da sua participação na empresa indiana Tata Marcopolo Motors Ltda (TTML) que, além de reposicionar a empresa no mercado indiano, impactou positivamente os resultados do quarto trimestre.

Volare

O aquecimento do setor de fretamento impulsionou o negócio da Volare, marca de micro-ônibus do grupo Marcopolo. Os modelos da marca se mostraram mais adequados a substituir vans em respeito às novas regras de distanciamento social.

A representação do negócio na receita líquida da Marcopolo cresceu em comparação a 2019 – 17,9% em 2020 contra 14,5% no ano anterior. As entregas ao programa Caminho da Escola também foram responsáveis por impulsionar as vendas do negócio.

Em 2020, 2.413 unidades Volare foram produzidas, sendo 162 destinadas ao mercado externo. Em 2019, das 2.648 unidades produzidas, 343 foram direcionadas a outros mercados.

Mercado externo

As exportações registraram queda de 31% na comparação anual: de 4.948 unidades em 2019 para 3.416 em 2020. No entanto, o desempenho no mercado externo rendeu R$ 1,771 bilhão, ou 49,4% da receita líquida, representação maior que em 2019, quando 47,2% da receita veio do exterior. A desvalorização do real contribuiu para o crescimento da receita, compensando a queda do volume de vendas.

As entregas ao continente africano foram o maior destaque, contribuindo para os resultados ao longo de todo o ano. Com destaque, as unidades externas Volgren, na Austrália, e Superpolo, na Colômbia, tiveram retornos positivos. Na operação australiana, uma reestruturação em curso desde o primeiro semestre de 2019 e um impacto menor da pandemia naquele país impulsionaram os resultados. Já a joint-venture colombiana contou com uma carteira de pedidos resiliente, baseada na renovação da frota de Bogotá, contratada antes da pandemia.

Perspectivas para 2021

“Esperamos um crescimento mais consistente em volumes a partir do segundo semestre deste ano, puxado pelo segmento de rodoviários, fomentado pelo fortalecimento do turismo regional e a volta dos passageiros às linhas regulares”, diz o diretor financeiro da Marcopolo.

Para o mercado de urbanos, a companhia observa uma retomada mais lenta, pois o segmento depende de crescimento econômico e redução do desemprego de forma mais evidente para ganhar tração. O segmento poderá ser beneficiado caso haja nova licitação do programa Caminho da Escola.

Já o segmento de micros e Volares deverá continuar apresentando boa performance, com incremento de volumes no fretamento, turismo e reabertura de escolas e universidades, setor paralisado pela pandemia.

Segundo as perspectivas da companhia, as exportações devem continuar beneficiadas pela desvalorização do real frente ao dólar, permitindo maior competitividade. Também é esperado incremento de volumes nas vendas internacionais como reflexo do enfraquecimento da pandemia nos diversos mercados. “Países importadores, especialmente os localizados na América do Sul, indicam renovações importantes para 2021, sendo o Chile o principal expoente. A África continua sendo um destaque positivo e a companhia negocia novos pacotes relevantes para o ano”, aponta Valiati.

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