Gasolina em alta dá lugar a bike na Grande Natal

Da Tribuna do Norte
Foto: Alex Régis

Com alto preço da gasolina e a escalada de reajustes, os potiguares estão mudando hábitos de locomoção. Em Natal, para driblar a alta, alguns consumidores estão diminuindo a frequência do uso de carros, como a concierge Tilla Samson, que resolveu adotar a bicicleta para ir trabalhar. Os motoristas se depararam com o aumento dos preços da gasolina ainda na quinta-feira (18) com posto de gasolina vendendo o litro a R$ 5,69 quando antes encontravam a R$ 5,19.

De Nova Parnamirim até o bairro Tirol, onde trabalha, Tilla tem visto nas pedaladas tanto a economia para o bolso quanto a qualidade de vida melhorar. “Com o preço do combustível tão elevado, eu simplesmente não tive escolha…. tive que reduzir o uso do carro. Agora ir para o trabalho é agradável, bem menos problemático. O que eu gastava de gasolina em três meses já pagaria uma bike simples”, contou.

A mudança começou no início do ano passado. A princípio ela tentou usar o transporte público, mas não se habituou devido ao estresse provocado pelos atrasos, lotação e desconforto. Foi quando decidiu adotar de vez a bicicleta e, apesar das vias ainda não estarem adaptadas para essa modalidade de transporte e da falta de consciência de parte dos motoristas que não respeitam o trânsito de ciclistas, Tilla se diz satisfeita. “Antes saía para trabalhar, pegar trânsito. Agora com 40 minutos estou lá, não pego engarrafamento e ainda chego de bom humor”, relatou.

O filho de 8 anos e o marido ainda utilizam mais o carro, porém, ela acredita que se a cidade oferecesse mais segurança e estrutura para os ciclistas, seria possível a toda a família adotar a bicicleta como principal meio de transporte e não ficar refém dos veículos movidos a combustível.

Se o preço da gasolina interfere no orçamento das famílias, o gás de cozinha é outro combustível que tem pesado no bolso. Para este, o mais recente reajuste ocorreu no dia 9, quando a Petrobras repassou um aumento de 5,1% às distribuidoras e, no Rio Grande do Norte, o botijão de 13 quilos ficou na faixa dos R$ 90, somando onze reajustes consecutivos, desde o ano passado.

Quem depende do gás para fazer o negócio funcionar está apreensivo com a possibilidade de novos reajustes. Em Currais Novos, no Seridó potiguar, a família de Luiza Victor, 24, teme que a loja de coxinhas da família precise parar as atividades. Eles produzem e vendem o salgado na cidade e além do gás, ainda enfrentam a alta de outros produtos essenciais na produção, como o óleo de soja.

“De início, o preço dos nossos produtos era mais acessível, conseguíamos ter um lucro considerável no final das vendas e não sofríamos tanto para separar o capital de giro. Mas, com todos esses reajustes, temos sentido de forma muito negativa o peso de quase não ter capital de giro suficiente. A alta no óleo de soja e no gás de cozinha foram os mais negativos, tendo em vista que são basicamente a matéria-prima do nosso trabalho”, contou.

Por se tratar de uma pequena empresa, a dificuldade é semelhante à vivenciada numa casa comum. O negócio foi aberto há menos de um ano e nesse curto espaço de tempo, o impacto do aumento no preço do gás foi tão visível que precisaram aumentar o preço das coxinhas. “Recorremos ao reajuste dos produtos e modificamos a forma de lidar com o capital de giro. O que antes era um valor fixo, passou a ser um valor relativo, que é determinado com o que lucramos durante as vendas”, explicou a empresária.

Contudo, a expectativa de que novos reajustes ocorrerão, faz com que a família preveja o pior, já que não será possível segurar os preços das coxinhas. “Teríamos que fechar o negócio por um tempo, provavelmente. Dependendo do valor que conseguiríamos vender…”, calcula Luíza Victor.

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