Do Valor Econômico
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil/Ilustração/Fotos Públicas
No dia em que os preços do petróleo fecharam acima de US$ 60 pela primeira vez desde janeiro do ano passado e os papéis das petroleiras reagiram positivamente, as ações ordinárias da Petrobras caíram 4, 1%. A queda reflete o questionamento do mercado sobre a autonomia da empresa para definir a política de preços dos combustíveis, tema que vem sendo politizado pela participação do presidente Jair Bolsonaro. Na sexta-feira, Roberto Castello Branco, presidente da estatal, foi a Brasília explicar a Bolsonaro a política de preços.
Ontem, a estatal anunciou reajustes de 6,2% para o diesel, de 8,2% para a gasolina e de 5% para o gás liquefeito de petróleo (GNL) nas refinarias, após um fim de semana em que tentou desmentir que esteja mudando a política de alinhamento de preços dos combustíveis ao mercado internacional. Alguns bancos de investimento mudaram a recomendação de compra das ações da Petrobras para “neutro” e alteraram o preço-alvo da companhia. A XP e o Bradesco BBI reduziram o preço-alvo, respectivamente, de R$ 35 para R$ 32 e de R$ 37 para R$ 34.
O mercado reagiu mal à mudança na política de reajustes, implementada em junho, mas que não havia sido comunicada até então. A estatal alega não se tratar de alteração, já que segue alinhada aos preços internacionais e que mantém os reajustes sem periodicidade definida. Mas essa política, em que, ao longo de um ano, períodos em que o preço fica abaixo da paridade são neutralizados por períodos em que permanecem acima da paridade, não é clara para o mercado. Parte dos investidores questionou a explicação.
Segundo Marcelo Mesquita, conselheiro eleito pelos minoritários na Petrobras, a desconfiança é “exagerada” e os resultados da empresa em 2020 – como geração de caixa e redução de dívida – comprovam a autonomia da gestão. Fonte da empresa diz que é o cenário político que provoca ruídos.