Do Valor Econômico
Foto: Jornal Cidades – MG
Um grupo de caminhoneiros marcou para 1º de fevereiro uma paralisação nacional da categoria como forma de tentar pressionar o governo de Jair Bolsonaro. O movimento é liderado pela Associação Nacional de Transporte no Brasil (ANTB) e pelo Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC), duas entidades cujos líderes apoiaram a eleição de Bolsonaro mas que, até o momento, não tinham interlocução com o Ministério da Infraestrutura.
Plínio Dias, presidente do CNTRC e do Sindicato dos Caminhoneiros de São José dos Pinhais (PR), afirma ter sido chamado para uma reunião em Brasília no dia 26 para que o ministro Tarcísio de Freitas ouça as reivindicações. “A repercussão está tão grande que tem muitos caminhoneiros que querem estar em Brasília no dia 26. Compareçam lá. A pauta é de vocês. Espero que o ministério arrume um auditório para nos receber”, diz Dias em vídeo que circula por grupos de WhatsApp de caminhoneiros. O encontro ainda não foi confirmado pelo ministério.
A decisão pela paralisação aconteceu em 15 de dezembro, em assembleia virtual dos dirigentes do CNTRC. Além da queixa sobre o preço do diesel, os caminhoneiros autônomos querem fiscalização do governo sobre as transportadoras para que cumpram direitos trabalhistas e a revisão de resoluções da Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT).
Em outro vídeo de convocação para a greve, Plínio Dias diz: “Vai fazer dois anos que está aí um governo pra quem a gente fez campanha. E até o presente momento não chegou nada para os caminhoneiros.” Dias diz que os motoristas estão “passando necessidade” e que há lideranças sindicais que ignoram esse fato e evitam se expor e apoiar a greve. “Muitos presidentes de sindicato, associação e cooperativas não estão olhando para isso nem dando a cara para falar na mídia.”
O grupo que agora convoca as manifestações tenta obter o apoio de caminhoneiros que lideraram a greve de 2018, durante o governo de Michel Temer (MDB). Um dos procurados pelos grevistas foi Wanderlei Alves, o Dedeco. Ele declinou o convite. Um dos mais influentes interlocutores da categoria junto ao ministro Tarcísio, Dedeco rompeu com o governo ao dizer que Bolsonaro estava “louco” pela forma como tratava a pandemia. Depois de ter pego covid-19 e ficado isolado dentro do caminhão numa rodovia, Dedeco decidiu deixar a estrada e abriu uma hamburgueria em Curitiba (PR).