Por Valor Econômico
Foto: Márcio Douglas Ribeiro (Ônibus Brasil)
Um dia após a assinatura de um decreto que facilita as operações de ônibus fretados no Estado de Minas Gerais, pelo governador Romeu Zema (Novo), a Buser, startup que oferece uma plataforma de fretamento colaborativo de ônibus, anunciou um investimento de cerca de R$ 100 milhões em melhorias da estrutura para fretados parceiros no Estado.
Desde sua criação, em junho de 2017, pelos empresários mineiros Marcelo Abritta e Marcelo Vasconcelos, a Buser vem enfrentando na Justiça as viações que operam sob concessão pública e atuam no transporte interestadual nas rodoviárias.
Na quarta-feira, a startup passou a vender passagens com quatro viações que atuam no transporte interestadual em rodoviárias. A medida pode ser uma tentativa de acalmar o setor.
Sindicatos e associações que representam as empresas, argumentam que os parceiros da Buser oferecem passagens até 60% mais baratas por não estarem sujeitos aos mesmos encargos e tarifas, bem como à obrigatoriedade de atendimento a áreas deficitárias.
“Retiramos barreiras burocráticas que dificultavam a atividade do frete para que esse mercado saia da sombra”, afirma o deputado estadual Guilherme da Cunha (Novo), principal defensor das mudanças que entrarão em vigor em meados de fevereiro.
O decreto extingue a necessidade do circuito fechado, ou seja, que o ônibus volte pelo mesmo trajeto de onde partiu. “Hoje, mais de 150 municípios não são atendidos pelo regime de concessão no Estado”, diz o deputado.
Outra mudança é o fim da exigência da finalidade comum, que determina que todos os passageiros tenham o mesmo objetivo no uso do fretado, como ir a um mesmo congresso ou evento.
A Buser informou que dividirá seu investimento em R$ 15 milhões para pontos de embarque e desembarque, R$ 25 milhões em financiamentos de veículos e capital de giro para os fretadores parceiros, R$ 20 milhões em itens de segurança obrigatórios e R$ 20 milhões em educação dos consumidores quanto à nova alternativa de transporte e R$ 20 milhões em descontos e gratuidades.
Como resultado do decreto, Cunha prevê a abertura de 2 mil novos postos de trabalho e aumento de R$ 127 milhões em faturamento para o setor, em um ano. “Isso é muito importante para um país que vive uma crise severa por conta da pandemia”, diz ele, acrescentando que o setor de fretados faturou R$ 456 milhões em 2019.
Cunha espera ainda queda nos transportes clandestinos no Estado. Embora atendam uma demanda por preços mais baixos e alternativas de horários e trajetos, ônibus clandestinos oferecem insegurança a passageiros e aos veículos do entorno.