Por Agora RN
Foto: José Aldenir (Agora RN)
Em meio à pandemia do novo coronavírus, uma prática saudável tomou conta dos natalenses, a de pedalar. A produtora cultural, Amanda Lisboa, de 32 anos, é uma das moradoras da capital potiguar que passou a pedalar ativamente pelas ruas nos últimos meses, quando o fluxo de carros se tornou menor. Ela se sentia completamente sedentária e por isso comprou uma bicicleta para melhorar o seu estilo de vida. Agora, vai para todo lugar de bike.
“O primeiro mês foi bem difícil me adaptar, mas logo depois fui me apaixonando. Minha saúde física e mental melhorou de forma surpreendente. A pandemia foi a virada de chave na minha relação com a bicicleta. Hoje, utilizo a bike para me locomover para todos os lugares, trabalho, supermercado, corridas de longa distância. É meu meio de transporte”, relatou.
Conhecendo as ruas e avenidas da cidade sobre duas rodas, ela acabou se envolvendo nos problemas enfrentados por ciclistas da capital potiguar. “A relação com o pedal se tornou política também, passei a me aproximar do cicloativismo, pautando segurança, conhecendo outros ciclistas e vivendo a cidade numa outra perspectiva. Apesar de difícil, pois ciclistas não são respeitados, ainda é uma atividade linda, saudável e sustentável”, argumentou.
Amanda é uma das natalenses que fizeram aumentar o número de vendas deste veículo entre os potiguares ao longo de 2020. Um levantamento feito com lojistas de Natal apurou que o segmento obteve um aumento médio de 51,1% no faturamento do mês de maio do ano passado, em comparação com o mesmo período de 2019, segundo a pesquisa realizada pela Federação do Comércio e Serviços do Rio Grande do Norte (Fecomércio).
Após quase um ano do início da pandemia, as vendas de bicicletas na loja Best Bike (localizada na Av. Antônio Basílio, no bairro de Lagoa Nova) aumentaram mais de 100% em comparação a 2019. O modelo mais vendido pela empresa é a mountain bike, projetada para situações extremas como subidas íngremes, terrenos acidentados, buracos, entre outros obstáculos.
O gerente de vendas do estabelecimento, Eliel Costa, diz que o perfil dos clientes “geralmente é de competidores e pessoas que já praticam ciclismo e que passam na loja para trocar peças ou fazer reparos”. Na pandemia, contudo, a maioria dos clientes foi de iniciantes, pessoas de academias que ficaram sem poder treinar e encontraram no ciclismo uma alternativa para se exercitar, o que aumentou a saída de bikes.
Quem também decidiu apostar no mercado do ciclismo durante a pandemia foi a loja Eurides Bike Shop (localizada na Av. Prudente de Morais, também em Lagoa Nova), que já possuía sede em Mossoró e Campina Grande (PB). Após quatro meses de inauguração na capital potiguar, o gerente Samuel Érico, acredita que a loja recebeu uma resposta positiva de vendas, com um público de iniciantes bastante expressivo.
“A expectativa é que aumente o número de ciclistas, já que as pessoas que praticam o ciclismo motivam outras a pedalar e com isso novos clientes acabam vindo a loja adquirir a sua bike, ainda mais durante essa pandemia”, afirmou. Ambos os gerentes entrevistados confirmaram ao Agora RN que em média as bicicletas mais procuradas pelos iniciantes são a mountain bike e a speed road kode (geralmente usada em estrada de asfalto), que custam entre R$2 mil e R$5 mil.
A sondagem realizada pela Fecomércio revela ainda que os principais aumentos nesse mercado foram referentes aos serviços de revisão e reparos da bicicleta (76,4%); vendas de componentes e peças (60%); vendas de acessórios (56,4%); vendas de bicicletas (50,9%); vendas de rolos para treino (12,7%); lavagem de bicicletas (9,1%) e Bike Fit (5,5%).
Os dados da pesquisa também revelaram os valores das bicicletas que mais impulsionaram este crescimento. Ao todo, 70% dos lojistas disseram que os modelos mais procurados, para compras ou serviços, foram os de até R$ 1 mil. As bicicletas que custam entre R$ 1 mil e R$ 2 mil aparecem com 32,7% das indicações; seguidas pelos veículos com valores acima de R$ 2 mil, com 5,8%.