PE: Sindicato dos Rodoviários impede saída de ônibus sem cobrador e causa transtornos

Do G1 PE
Fotos: Rafael Fernandes (Gentilmente cedida ao UNIBUS RN)
Matéria atualizada em 10/12/2020, 5:55

O Sindicato dos Rodoviários impediu ônibus que não tinham cobrador de saírem de empresas do Grande Recife na manhã desta quarta-feira (9). No Terminal Integrado (TI) de Xambá, em Olinda, não havia coletivos. No Recife, passageiros enfrentaram filas, demora e terminais cheios de pessoas à espera de ônibus.

Com menos coletivos nas ruas, mais carros estavam circulando. Por volta das 11h20, o grande número de veículos causava lentidão na PE-15, em Olinda.

Na quinta-feira (3), o Grande Recife Consórcio de Transporte iniciou uma fiscalização de caráter educativo sobre a proibição do acúmulo de função. Uma lei municipal do Recife também vetou que motoristas atuassem como cobradores. Os rodoviários cobraram, nesta quarta, a aplicação da norma e realizaram uma fiscalização própria.

A empresa de ônibus Caxangá, localizada em Olinda, foi um dos alvos da fiscalização dos Rodoviários nesta quarta. Segundo o sindicato, apenas a linha PE-15/Afogados pôde sair da garagem desde as 2h, por ser a única a apresentar cobrador e motorista.

Cristina queria seguir viagem até Casa Caiada, em Olinda, e chegou no TI Xambá por volta das 4h30. “Aqui, constantemente, a gente passa horas esperando, eles dizem uma coisa, mas quando a TV está aqui a conversa é outra. Quem sofre as consequências são os passageiros”, afirmou.

O Globocop sobrevoou o Terminal da Macaxeira por volta das 7h20 e mostrou que havia um grande número de pessoas no local. Entre as empresas que atendem o terminal está a Transcol, alvo da fiscalização do sindicato.

O porteiro Ricardo Marcelino da Silva contou que chegou ao Terminal da Macaxeira por volta das 6h e, até as 7h30, não havia conseguido transporte para onde trabalha, no bairro dos Aflitos, na Zona Norte do Recife.

Os rodoviários informaram que, além da Caxangá, fiscalizariam as empresas Metropolitana e Consórcio Recife durante a manhã. O sindicato apontou, ainda, que liberou a saída dos coletivos que tinham motorista e cobrador.

No início da tarde desta quarta (9), uma decisão da Justiça do Trabalho determinou o desbloqueio do acesso das garagens da empresa Pedrosa, sob pena de R$ 5 mil por dia. A decisão foi da juíza do trabalho substituta Lidia Almeida Pinheiro Teles.

O Grande Recife informou, por meio de nota, que já notificou, desde a sexta-feira (4), “todas as empresas operadoras para o cumprimento da Lei Municipal 18.761/2020 [que proíbe o acúmulo de função], inclusive, fiscalizando e autuando as linhas municipais que circulam sem a presença do cobrador”.

Ainda de acordo com a nota, as empresas Globo e Transcol, que formam o Consórcio Recife, estavam circulando com 70% das linhas previstas na manhã desta quarta (9).

A Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) informou que o horário de pico do Metrô do Recife foi ampliado em uma hora, tanto pela manhã, indo até 9h30, quanto no período da noite, com reforço até 20h30. Com isso, a quantidade de trens em circulação passou a ser maior nesta quarta, para atender a demanda dos passageiros.

Resposta das empresas: Em nota, o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Pernambuco (Urbana-PE) informou que foi surpreendido pela ação, que classificou como “mais uma paralisação ilegal do transporte público”.

“Ressaltamos que compete ao Grande Recife Consórcio de Transporte realizar fiscalizações e determinar ajustes na operação e não ao Sindicato dos Rodoviários. Logo, a ação realizada nesta manhã é um movimento grevista disfarçado de fiscalização”, disse a nota.

O texto apontou, ainda, que “as empresas estão tomando as providências necessárias para assegurar a operação de todas as linhas programadas para esta quarta-feira”.

A Urbana afirmou, ainda, que “questionou o Grande Recife Consórcio de Transporte quanto à aplicação e abrangência da Lei 18.761/202”, aprovada pelo prefeito Geraldo Julio (PSB). O sindicato das empresas firmou, ainda, que não pode reestruturar “cerca de 67% da frota de ônibus, isto é, 1616 veículos” de forma “intempestiva e sem as garantias legais”.

Problemas trabalhistas: O Sindicato dos Rodoviários também afirmou que empresas de ônibus estariam desrespeitando um acordo feito no TRT, o que é negado pela Urbana. Segundo o presidente do sindicato dos motoristas e cobradores, Aldo Lima, empresas não estariam pagando os salários retroativos nem garantindo a estabilidade de seis meses para trabalhadores da categoria.

A Urbana-PE afirmou, por meio de nota, que tem cumprido as cláusulas do acordo, que previu um reajuste de 2,6943% nos salários e auxílios alimentação, na concessão de garantia contra rescisões e na realização de uma nova rodada de negociações sobre o auxílio-alimentação.

O sindicato das empresas também disse que o acordo prevê pagamento dos valores retroativos na folha de pagamento de dezembro de 2020, com vencimento previsto para o dia 5 de janeiro de 2021.

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