Do Diário do Comércio (MG)
Foto: Divulgação (Prefeitura de Belo Horizonte)
Logo na implementação das medidas de distanciamento social em combate ao coronavírus em Belo Horizonte, em meados de março, já se falava sobre a possibilidade de um colapso no sistema de transporte de passageiros da Capital e região metropolitana. Passados mais de quatro meses, o sistema já acumula prejuízo superior a R$ 80 milhões e estima a demissão de pelo menos 3 mil profissionais ainda neste exercício.
De acordo com o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros Metropolitano (Sintram), Rubens Lessa, não há perspectiva de retomada no curto prazo. No melhor dos cenários, segundo ele, o sistema, que opera em 34 cidades da RMBH, não chegará nem a 80% do que era antes do início da pandemia. Hoje, está em torno de 60%.
“Nossa principal referência está justamente na distância rodada e no faturamento daquela época e quanto estamos gastando e faturando agora. Quando foram iniciadas as medidas, perdemos, de imediato, 80% da demanda. Em abril e junho, a frota já foi adequada com a autorização da Seinfra (Secretaria de Estado de Infraestrutura e Mobilidade), mas sempre com números desproporcionais ao custo”, argumentou.
Em média, considerando os meses de abril, maio e junho, o número de passageiros transportados mensalmente despencou em 56% — de 19,7 milhões para 8,6 milhões. No entanto, a operação das empresas consorciadas não sofreu redução na mesma proporção. O número de viagens, no mesmo período, passou de 416,9 mil para 222,4 mil – uma queda de 46%.
“Com a situação, as empresas só conseguem pagar óleo diesel, peças, pneus e parte do pessoal. O restante dos funcionários está sendo pago pela lei do governo federal, mas que, neste mês, não vai mais vigorar. Diante disso, não haverá outra solução, senão demitir cerca de 20% do quadro atual de cerca de 15 mil trabalhadores”, admitiu.
Subsídio: O dirigente chamou atenção para a necessidade de algum subsídio para o setor e citou o projeto de auxílio financeiro de R$ 4 bilhões ao transporte público que está em discussão na Câmara dos Deputados.
Segundo Lessa, se a proposta não for aprovada a tempo, as empresas de ônibus correm risco de não ter dinheiro para honrar seus compromissos financeiros. “As contas não fecham. A demanda caiu, o número de viagens aumentou e os custos também foram elevados”, reiterou.
Neste sentido, ele também alertou para a necessidade de se adequar os contratos no período pós-pandemia. E disse que é preciso pensar em novas formas de financiamento do transporte público, que classificou como um serviço essencial.
“Hoje, o sistema é financiado somente pelos usuários pagantes e a gratuidade é responsável por 15% da demanda. Precisamos estipular novas formas de custeio a se evitar um verdadeiro colapso”, finalizou.