Por UNIBUS RN
Fotos: Divulgação (SINTRO / RN) e Andreivny Ferreira (UNIBUS RN)
Começou mais difícil a semana para o natalense. Hoje, 22, começou a greve dos trabalhadores das empresas de ônibus da capital potiguar. Promovida pelo SINTRO / RN, sindicato que representa os trabalhadores rodoviários, o movimento paralisou a circulação de 5 das 6 empresas que operam hoje em Natal, deixando cerca de 80 mil passageiros sem transporte público por ônibus.
O movimento, iniciado à 0h de hoje, reivindica o cumprimento de cláusulas da convenção coletiva da categoria, como a manutenção da data-base (vencida em 1º de maio), pagamento de vale-alimentação e disponibilização de plano de saúde, além do pagamento correto de verbas rescisórias para trabalhadores demitidos. Ainda é cobrado o cumprimento de medidas judiciais que reintegram rodoviários demitidos.
Durante todo o dia de hoje, o UNIBUS RN apurou os desdobramentos da greve e como os natalenses se viraram para poder cumprir seus compromissos.
Falta de ônibus: Ao todo, Natal conta com seis empresas operando as linhas de ônibus disponíveis na capital potiguar. Com a pandemia do COVID-19, está em vigor uma redução nas tabelas de horários e frotas, o que reflete a diminuição do número de passageiros causada pelo isolamento social.
Entretanto, quem precisou sair de casa hoje enfrentou dificuldades. Durante todo o dia, apenas uma empresa teve a circulação liberada pelo SINTRO / RN, através da frota de emergência, quando 30% dos ônibus precisam circular. Essa empresa foi a Cidade do Natal, que teve ônibus liberados após disponibilizar cobradores nos veículos.
A situação nas demais empresas, entretanto, não evoluiu. Não houve circulação de ônibus das empresas Guanabara, Santa Maria, Conceição, Via Sul e Reunidas, uma vez que o impasse nas negociações continua, segundo o sindicato dos rodoviários.
Pela manhã, em entrevista ao UNIBUS RN, o Segundo Secretário Geral do SINTRO / RN, Harley Davidson, disse que não havia objeção em liberar a frota das demais empresas, desde que os cobradores estivessem disponíveis. “Não temos objeção alguma em relação à lei de greve. Estamos aqui para cumprir. Porém, como as empresas não querem considerar nossa convenção coletiva, então só estamos liberando a frota de emergência para rodar nos ônibus com a presença do cobrador”, afirmou.
Durante todo o dia, o trânsito de Natal refletiu a falta dos ônibus urbanos. O movimento era bem maior do que o registrado nos últimos dias. O UNIBUS RN esteve circulando entre os bairros de Felipe Camarão, Bom Pastor, Quintas e Alecrim e percebeu o aumento no número de carros e motos nas ruas, além de paradas lotadas. No terminal de Felipe Camarão, por exemplo, foi registrada grande aglomeração de passageiros.
Procurada pelo UNIBUS RN, a Secretária de Mobilidade Urbana de Natal, Elequicina dos Santos, comentou a situação do trânsito ao longo do dia, citando sobretudo a dificuldade de quem precisava se locomover com origem ou destino à Zona Norte. “A greve de hoje trouxe muitos transtornos. Quem pode tirou seu veículo da garagem e quem não tem teve que utilizar o serviço de transporte, mesmo que precário. Percebemos um movimento maior sim nos principais corredores da cidade, sobretudo na avenida Felizardo Moura”, disse.
Outras formas de deslocamento: Ao longo do dia, o natalense precisou se virar para sair de casa. Se não tinha carro ou moto disponível, o jeito foi recorrer a outras formas para cumprir seus compromissos.
Durante todo o dia, houve circulação normal nas linhas semiurbanas, que compartilham a mesma tarifa e a bilhetagem eletrônica da capital, como as que atendem bairros de São Gonçalo do Amarante e Parnamirim comurbados com a capital, e as linhas intermunicipais que atendem, além de São Gonçalo e Parnamirim, outras cidades da região metropolitana da capital. Quem pôde, utilizou esses ônibus para os seus deslocamentos.
Se a região não era atendida pelos ônibus de fora de Natal, houve quem recorreu ao transporte alternativo. Por toda a cidade era possível visualizar os veículos bem cheios. Isso sem contar com os aplicativos de transporte, bastante procurados pelo natalense ao longo do dia.
No decorrer do dia, a STTU anunciou a liberação excepcional de opcionais, táxis, escolares e veículos de turismo cadastrados no DER / RN para circularem nos itinerários das linhas de ônibus enquanto a greve perdurar. A portaria com a liberação será divulgada amanhã, 23, no Diário Oficial do Município, quando passará a valer.
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Balanço do dia: Ao final do dia, a situação das empresas não havia mudado tanto e o número de ônibus na rua era bem reduzido.
De acordo com a titular da STTU, apenas uma empresa de ônibus circulou durante todo o dia. “De acordo com levantamento da equipe de fiscalização da STTU, apenas dez veículos da empresa Cidade do Natal operaram nesta segunda-feira”, disse Elequicina dos Santos ao UNIBUS RN. Procurado para confirmar a informação, o Segundo Secretário Geral do SINTRO / RN, Harley Davidson, confirmou o número fornecido pela STTU, informando que as demais empresas não tiveram ônibus circulando hoje.
Antes de a greve começar, a STTU havia solicitado que, durante a greve, houvesse a circulação de aproximadamente 43% da frota.
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Para o telejornal RN TV 2ª Edição, da Inter TV Cabugi, afiliada local da TV Globo, o SETURN, sindicato que representa as empresas de ônibus da capital, informou via sua assessoria que não houveram conversas com o sindicato que representa os rodoviários e, portanto, não houve avanço nas negociações. Ao UNIBUS RN, o representante dos rodoviários foi sucinto ao definir a situação atual das negociações. “Nenhum avanço, infelizmente.”, ressaltou Harley Davidson.
Elequicina fez um apelo para que a greve seja encerrada, tendo em vista o momento sanitário difícil vivido por toda a população. “Esperamos que a greve se encerre o quanto antes. Não é o momento para uma greve, sobretudo nesse período de pandemia em que as pessoas que necessitam ir ao trabalho tenham o transporte, principalmente os profissionais da saúde que estão salvando vidas diariamente. Imagine só o prejuízo de um enfermeiro chegar atrasado no hospital”, disse a titular da STTU.
Ouvido pelo UNIBUS RN, o representante do sindicato dos rodoviários pede compreensão ao natalense que convive com a paralisação do transporte por ônibus em Natal. “Infelizmente, o transtorno é inevitável. Não só para a população, mas para os próprios rodoviários também. O trabalhador rodoviário não quer fazer greve, quer ter seus direitos pagos. Tentamos diversas formas para não ser necessário chegar nesse ponto. Esperamos que amanhã os empresários e o poder público tenham consciência de que o trabalhador não venha sofrer mais com esse descaso”, finaliza Harley Davidson.