A consolidação do transporte opcional no Rio Grande do Norte

Por UNIBUS RN
Fotos: Ônibus Brasil

Conhecido como “alternativo”, o ideal seria dizer que o transporte opcional no Rio Grande do Norte se tornou uma “alternativa de sucesso”. A classificação acontece pela melhoria gradual das operações dos opcionais – seja nos sistemas municipais onde atuam, em especial em São Gonçalo do Amarante e Natal, ou no sistema intermunicipal, através da ligação dos municípios do Rio Grande do Norte com a capital.

O destaque ocorre não só pela organização na operação – deixando no passado “marcas” negativas como o não cumprimento de horários ou mudanças de rotas – mas pelo conforto proporcionado em alguns veículos, que dispõem de ar-condicionado, por exemplo. O item de conforto não está presente apenas nos ônibus intermunicipais de longa distância não. É possível encontrar veículos operando linhas da região metropolitana, como as que ligam Nova Parnamirim ao Centro de Natal, com o ar a disposição dos veículos.

Em outros veículos, também da região metropolitana, como os que ligam São José de Mipibu e Ceará-Mirim a capital, é possível encontrar micro-ônibus com cortinas que ajudam na proteção contra o calor intenso que se faz presente no interior dos carros. Ponto positivo em comparação às empresas, que não utilizam o utensílio de prevenção ao sol para seus usuários.

Mas a prevenção ao calor, porém, é ainda é um ponto negativo nos transportes opcionais de configuração urbana que atuam em Natal e na região metropolitana, já que a maioria dos veículos são comprados usados de São Paulo, estado que não permite a operação dos ônibus com a janeira inferior corrediça. Com isso, a parte inferior da janela dos micros é de vidro inteiriço, impossibilitando a a abertura do vidro, o que torna o carro extremamente quente.

Ainda que a proposta seja de renovar a frota e oferecer um veículo mais confortável para o usuário, a alta temperatura da região e a impossibilidade de mais janelas abertas, afeta em parte a proposta do conforto para os usuários que viajam sentados.

Apesar da condição diferenciada das janelas, a renovação – proveniente de inúmeros veículos que deixaram de circular especialmente nas cooperativas da capital e também de cidades da Grande São Paulo, que agora renovam com ônibus de grande porte – também proporciona um maior índice de veículos com acessibilidade. A maioria da frota de opcionais de Natal e região metropolitana já conta com elevador para deficientes.

ASTOMP, a pioneira em qualidade

Parnamirim, terceiro município mais populoso do estado, historicamente se destaca pela sua localização estratégica global, servindo de ponto da partida de muitas aeronaves americanas durante a Segunda Guerra Mundial quando se tornou sede da então base aérea americana Parnamirim Field. Um outro destaque, este em relação a qualidade do transporte opcional, se dá pela associação que opera o transporte intermunicipal da cidade, fazendo a ligação com Natal.

A Astomp (Associação dos Transportes Opcionais de Médio Porte de Parnamirim) têm conseguido ofertar, nos últimos anos, cada vez mais qualidade na operação do transporte entre Parnamirim e a capital, com destaque para a maioria da frota de veículos comprados novos, zero quilômetro, atuando nas linhas que ligam os municípios.

Em relação às renovações, chama atenção, inclusive, o fato de as renovações ocorrerem constantemente. Em meados de 2009, parte dos permissionários compraram diversas unidades do modelo “Piá”, da Comil, inclusive estreando os opcionais com disposição do elevador para deficientes físicos. A partir de 2014, uma nova renovação proporcionou a chegada dos micro-ônibus do modelo “WL”, da Volare, em boa parte das permissões que atuam entre Parnamirim e Natal. Mesmo os veículos de outros modelos, são ônibus semi-novos a disposição dos usuários.

Outro pioneirismo na Astomp se dá pela aceitação do uso da bilhetagem eletrônica. Desde a década de 2000, com o advento do “Trampolim Card” – atualmente “RN CARD” – os usuários dos opcionais já tinham a possibilidade de utilizar o mesmo cartão eletrônico dos ônibus nos alternativos, o que contribuiu para atuação de um transporte complementar por parte dos opcionais – e não concorrencial, visão até então predominante na disputa entre alternativos e empresas.

Cooptagran, único sistema licitado na Grande Natal

Em São Gonçalo do Amarante, encontramos o único sistema de transportes licitado da região metropolitana de Natal – além de São Gonçalo, o sistema urbano de Mossoró, na região oeste do RN também é licitado, e conta com a operação da empresa Cidade do Sol. Por lá, o transporte melhorou significativamente nos últimos anos. Na cidade da Grande Natal, a operação é feita pela Cooptagran (Cooperativa de Transportes da Grande Natal).

Além de uma considerável renovação de frota, com 40 microônibus do modelo Volare V8L, que substituiu um sistema de “Bestas” e “Kombis” que atuavam no transporte do município. A mudança garantiu uma melhoria significativa no setor de transportes do município, já que agora a cidade dispõe não mais de uma operação desorganizada, mas de linhas, itinerários e horários a serem cumpridos, além de uma melhor estrutura dos ônibus

Atualmente, os ônibus são climatizados – apesar de nem todos utilizam o ar-condicionado comumente nas operações – e dispõem de acessibilidade, são monitorados, e seguem o padrão euro V. Também contam com bilhetagem eletrônica da RN CARD – que também está presente nas linhas intermunicipais de São Gonçalo do Amarante operadas pela empresa Trampolim da Vitória e opcionais intermunicipais das linhas São Gonçalo/Natal/Ponta Negra e São Gonçalo/Natal/Centro. Com apenas um cartão, o usuário tanto utiliza o sistema municipal operado pelas linhas da Cooptagran, como nas linhas intermunicipais da Trampolim e opcionais.

“Pequenas empresas, grandes negócios”

Uma característica do transporte opcional intermunicipal do Rio Grande do Norte é a apresentação e atuação dos veículos como sendo empresas do setor. A atuação começou a ocorrer com a CJR Transportes, através das linhas de um mesmo permissionário que apresentou a frota como sendo uma empresa – ainda que no transporte opcional, e em linhas diversas.

Diversos permissionários – seja de uma única linha ou mais de uma atuação – passaram a também atuar como sendo uma empresa, caracterizando seus veículos indicando que pertencem àquela marca. Atualmente, além da CJR, o transporte opcional conta com atuação da CT Transporte, TransMelo, Cabugi Transportes e Barbalho Transportes, entre algumas das atuações que se apresentam como empresas no sistema intermunicipal. Eles atuam em linhas da região metropolitana e rodoviárias de longa distância.

Natal e interior

O transporte opcional de Natal e das linhas intermunicipais ainda detém particularidades.

No caso da capital, o contexto histórico de uma concorrência entre os opcionais e as empresas de ônibus, e a luta pelo uso da bilhetagem eletrônica – instituído pelas empresas de ônibus – ainda é motivo de disputa, como na última segunda-feira, com protesto realizado pelos opcionais, que chegaram a paralisar suas operações. O motivo do protesto, segundo os presentes, seria a falta de repasse dos pagamentos referentes à bilhetagem eletrônica dos alternativos, fornecida pelo NatalCard.

Além disso, os opcionais têm passado por mudanças nos seus itinerários. As alterações propostas pela Secretaria de Mobilidade Urbana de Natal (STTU) tem o propósito de fazer com que seja cumprida a Lei Municipal nº 4.882/1997, que rege o sistema opcional, que determina que os alternativos não devem sobrepor mais de 40% das linhas de ônibus. Apesar de ter sido acatada pelos permissionários, as mudanças também causou protestos contra as empresas de ônibus.

Ainda assim, o sistema urbano avançou significativamente, com destaque para a renovação na frota ocorrida nos últimos anos, em praticamente todas as linhas das duas cooperativas que atuam no transporte municipal.

Já nas linhas de Natal para os interiores de longa distância, a particularidade fica por conta da alta qualidade de parte dos micro-ônibus que atuam no sistema intermunicipal. Não bastasse a concorrência estrutural – já que as empresas amargam muito mais dificuldades pelo contexto histórico da crise que afeta o setor de transportes do RN – alguns opcionais operam com horários próximos aos das empresas, afetando às viações.

Situação semelhante de disputa direta com ônibus, também acontece no transporte municipal de Natal e em determinadas regiões, especialmente na região metropolitana, com vans e micro-ônibus de sistemas municipais que atuam além do determinado pelas regras de seus municípios, concorrendo com o transporte regular.

Ainda assim, o contexto dos opcionais, atualmente, já demonstra ser o de parceria com as empresas, atuando conjuntamente, complementando ao transporte regular e contribuindo com o segmento no Estado.

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