Por UNIBUS RN
Foto: Júnior Mendes/Ilustração
A pandemia do Covid-19 poderá fazer com que as tarifas de ônibus de todo Brasil sofram aumento. A previsão é feita pela NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos), entidade que reúne empresas que atuam no transporte de todo país. O aumento poderá ocorrer como consequência da redução do número de passageiros nos ônibus, medida necessária para evitar a aglomeração de pessoas.
No Rio Grande do Norte, tanto no transporte urbano e metropolitano, quanto no segmento rodoviário, há recomendação para que os ônibus não transportem pessoas em pé. A orientação partiu do poder público – está presente em decretos tanto do Governo do Estado, quanto da Prefeitura do Natal. O mesmo ocorre em praticamente todas as cidades e estados do Brasil.
Com a diminuição no número de passageiros, a tendência é que ocorra o aumento no valor da tarifa. “Hoje, são seis passageiros por metro quadrado por determinação do poder público. Se ele colocar uma taxa de ocupação muito baixa, a tarifa fica muito alta e o passageiro não consegue pagar”, afirma Otávio Vieira da Cunha Filho, presidente da NTU, em entrevista concedida ao portal Diário do Transporte.
Nos últimos meses, a demanda do uso do transporte caiu significativamente em todo Brasil. Em média, a diminuição chegou a 70%.
“A taxa de ocupação, que vai ser reduzida, vai implicar em aumento de custo do serviço, pois será preciso mais ônibus para menor ocupação interna. Essa adaptação vai exigir outra estruturação dessa atividade. A tarifa vai aumentar porque se pega o custo do ônibus, do serviço, da garagem, soma tudo e divide pelo número de pessoas transportadas. Quando se tem menos gente dentro do ônibus e o custo fica mantido, a tarifa aumenta”, explicou Otávio.
O presidente da NTU, porém, alerta que o poder público pode interferir para que não ocorra o aumento das tarifas. Segundo ele, está nas mãos das prefeituras e governos manter as mesmas normas atuais – de um período em que não havia a pandemia e por consequência a redução no número de passageiros – para as empresas de ônibus. Para que os usuários possam manter o distanciamento social nos ônibus sem que ocorra o aumento das passagens, é preciso que ocorram medidas de financiamento para os sistemas de transporte.
“Uma parte tem que ser a tarifa e a outra um complemento pago por uma fonte extra tarifária, como subsídio, criação de uma fonte pelo poder público, imposto pela gasolina que o transporte individual pode pagar para manter a qualidade do coletivo, cobrança de pedágio, taxas sobre estacionamentos, são várias soluções que países desenvolvidos fazem hoje que permitem que a tarifa caiba no bolso do usuário e que haja um serviço de altíssima qualidade, porque a outra parte do custo está sendo paga pelo governo”, considera o presidente da NTU.
Otávio alerta ainda que, caso não ocorra o financiamento público do serviço de transporte, mantendo a tarifa como a única responsável pelo sistema, a tendência é que o preço da passagem suba na proporção direta da redução da ocupação dos ônibus.