Do Portal Ônibus Paraibanos
Foto: Thiago Martins de Souza
Faleceu o empresário Onildo da Silva Almeida, pioneiro no ramo do transporte coletivo em Bayeux, fundador da Empresa de Transportes Almeida que por muito tempo operou linhas intermunicipais entre o município e a capital paraibana, além de uma linha municipal pela TPU. Onildo Almeida foi mais uma vítima do COVID-19.
Além da empresa de ônibus, que encerrou atividades em janeiro de 2014, Onildo Almeida também possuía um posto de combustíveis na Avenida Liberdade em Bayeux.
As informações são do Blog do Tião Lucena.
Almeida marcou história em Bayeux
Segue um pouco da história da Almeida numa matéria que postamos janeiro de 2015, um ano após o encerramento das atividades da empresa. Texto de Kristofer Oliveira.
A Empresa de Transportes Almeida operava em Bayeux há cerca de 40 anos. Durante esse tempo conseguiu ter uma frota em boas condições, como mostram as imagens do passado.
Era uma época em que as empresas tinham uma saúde financeira mais segura, apesar das crises financeiras que o país enfrentava naquele tempo. Nada parecia assustar as empresas de Bayeux naquela época.
No início dos anos 1990, eram frequentes as renovações com os Marcopolo Torino LN sob o chassi OF-1318 da Mercedes-Benz. Em 1993 chegavam Scanias F113HL, também sob a carroceria Marcopolo Torino LN. Entre 1996 e 1998, a Almeida, junto com a Wilson, fazem renovações expressivas com a carroceria Svelto da Comil, nos chassis
OF-1620 e OF-1721 E2. Eram tempos que chegavam carros dos modelos 1995 e 1998.
A partir do início dos anos 2000, começa a explosão dos alternativos. As empresas já começam a sentir o impacto da concorrência sobre as suas finanças. Dentre as três empresas de Bayeux, a Almeida foi a que mais sentiu o golpe.
A frota da Almeida adquirida antes de 2001 ficaria com ela até seu fim. A última compra realizada pela empresa foi de um carro zero quilômetro, o 56.07, Comil Svelto 2000 sob chassi Volkswagen 17-210 OD. A compra se deu em 2003. Era o único ônibus adaptado para cadeirantes da empresa.
Para tentar mudar a imagem de uma empresa que parecia ter sentido o impacto da crise mais que as demais, a empresa lança uma nova pintura a partir desse ônibus. Mas ela não chegaria a ser aplicada na frota toda; só dois ônibus receberam o novo layout, e mais de dez anos depois.
A partir daí, mais nada entrou na frota da Almeida. Nem muito menos carro usado, coisa que seria lógica para uma empresa que procura manter a frota renovada mesmo em tempos de crise.
Era uma situação de dar dó para uns, e gerar revolta para outros. Entre os quais, os passageiros, que viam a frota da Almeida se deteriorar ano após ano. Carros similares na frota da Wilson ainda rodavam inteiros.
A situação de sucateamento chegou até na TPU, empresa que operava as linhas internas de Bayeux e que era dividida entre Wilson e Almeida. Ambas as empresas mantinham carros com até 20 anos de uso na TPU, mas a Almeida se superava. Enquanto a Wilson possuía veículos mais resistentes e conservados, a Almeida tinha carros em péssimo estado de conservação.
A Almeida logo saiu da TPU, deixando a operação exclusivamente com a Wilson. A empresa ainda tentou se recuperar, mas repintando dois dos ônibus com o layout do 56.07: os carros 5601 e 5609.
2014: O fim da Almeida
Em novembro de 2013, como resposta ao acidente de setembro envolvendo um ônibus da Rodoviária Santa Rita, o DER baixou uma portaria determinando idade média mínima de 10 anos para os ônibus que rodam no transporte intermunicipal, ou seja, renovação de frota. Caso as empresas não cumprissem as normas determinadas pelo órgão estadual, seriam descredenciadas.
As empresas de Bayeux logo se organizaram para poder sobreviver: a Wilson mudou de nome para Metro Transportes e adquiriu cerca de 12 ônibus seminovos. A pequena Das Graças trocou dois de seus três ônibus, também unidades seminovas. A Almeida não fez nada.
O prazo determinado pela empresa foi postergado três vezes, até chegar a 29 de janeiro de 2014. A Metro Transportes, antiga Wilson, havia conseguido retirar quase todos seus carros com mais de 10 anos de uso da frota. A Das Graças
apresentou as notas de compra de dois ônibus seminovos, que começariam a rodar um pouco mais tarde. Mas já não havia expectativa nenhuma que a Almeida fizesse o mesmo. A empresa caminhava para o fim.
O fim chegou bem antes: no dia 24 de janeiro de 2014, os motoristas da empresa deflagraram greve, organizada pelo Sindicato dos Motoristas. A empresa não podia renovar a frota, nem muito menos pagar o salário dos motoristas, que pelo atraso de salários, paralisaram as atividades. Assim terminava a agonia da Empresa Almeida.