Por Rafael Fernandes*
Foto: Walky Martins (Acervo UNIBUS RN)
Em tempos de Pandemia de Coronavírus, o deslocamento de pessoas é algo de extremo perigo para os habitantes de qualquer lugar. Nas grandes cidades, o que vemos é um enorme vazio nos principais corredores, a população aos poucos vai se conscientizando sobre a necessidade da quarentena e cumpre os decretos assinados pelas autoridades.
Onde o deslocamento fica menor, o transporte público também diminui, em alguns casos até cessa temporariamente. Nas cidades do Nordeste, onde as ligações históricas são muito comuns, várias linhas de ônibus ficaram sem o serviço ou reduziram drasticamente. Mas e as empresas de ônibus irão resistir a essa parada?
Esta pergunta é muito freqüente entre os analistas do transporte público no Brasil. A ANTT apenas anunciou a suspensão das atividades por um tempo, ainda que o Governo Federal tenha divulgado alguns benefícios para empresas e empregados, como complemento de salário durante três meses, o que vemos é um futuro não muito promissor para algumas empresas.
Endividadas, com déficit de passageiros a cada ano, várias empresas do Nordeste vão passar um aperto financeiro forte ou até mesmo por um processo de falência. O transporte nordestino precisa de novas ideias, linhas, trajetos e demandas que até hoje não foram atendidas para sobreviver aos novos anseios dos passageiros.
A concorrência com o setor aéreo é um fator muito relevante nos dias atuais. Linhas como Natal x Recife, João Pessoa x Recife, Recife x Aracaju, Fortaleza x Natal, Salvador x Fortaleza, Natal x Salvador entre outras dentro da região, possuem um deslocamento mais rápido, confortável e em raros casos, mais barato por avião. Aeroportos modernos e que comportam bem os passageiros são outro atrativo para a mudança.
A falta de infraestrutura em terminais rodoviários, estradas e também no decorrer da viagem (pontos de apoio, restaurantes) provocam essa mudança de hábitos na mobilidade. Infelizmente, se não houver uma mudança brusca no tratamento por parte de todos os envolvidos (autoridades públicas, empresas de ônibus e funcionários) a redução na demanda de passageiros pode ser algo irremediável.
* Rafael Fernandes é busólogo e jornalista pernambucano.
** O texto que você acabou de ler não reflete, necessariamente, a opinião do UNIBUS RN, sendo de total responsabilidade do seu autor.