Linhas curtas e com menor tarifa já são realidade na Grande Natal

Enquanto a discussão sobre o cálculo da tarifa do sistema de transporte da capital, Natal, segue acontecendo após o pedido de revisão da tarifa feito pelas empresas locais e encaminhado à Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (STTU), através de um estudo elaborado pelo professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), especialista em transportes, Rubens Ramos, onde ele também considera necessidade de se modificar o sistema de linhas do transporte urbano, a proposta de linhas curtas e com tarifas menores já é uma realidade na região metropolitana.
Linhas da grande Natal oferecem maior objetividade que as urbanas. Foto: Rodrigo Galvão/Ônibus Brasil/Ilustração
O atual sistema da capital, segundo o professor Rubens Ramos, conta com uma “rede de transporte irracional” em alguns trajetos de ônibus da capital. O estudo técnico realizado por ele e outros 10 alunos da universidade – com mais de 27 mil usuários de ônibus – aponta que há trechos em excesso para linhas atuais. “Há ônibus que praticamente fazem trajetos iguais e outros que passam diariamente por trechos que apenas 10% dos usuários vão. A linha gasta com isso e reflete na tarifa. As linhas são as mesmas há 30 anos e Natal mudou radicalmente”, disse em entrevista ao Portal G1 RN.
A necessidade da mudança também foi afirmada por Rafael Fontenele, que atua na área de planejamento do transporte de Fortaleza, no Ceará, desde 2005, ouvido pelo Portal UNIBUS RN em entrevista publicada no último dia 02 de fevereiro, que sugeriu linhas de maior objetividade para a capital.
Mesmo se tratando de ligações intermunicipais – isso é, entre municípios diferentes, enquanto a discussão de Natal é voltada para a ligação urbana, dentro da capital – essa proposta já é uma realidade na Grande Natal, especialmente nas operações da empresa Trampolim da Vitória, que faz a ligação entre os municípios de Parnamirim, Macaíba e São Gonçalo do Amarante à capital.
Das 15 linhas dos três municípios com destino a Natal, 7 delas circulam em grande parte dos corredores da capital, enquanto 2 têm trajetos específicos e circulam em menor número de vias de Natal, e outras 6 linhas circulam em trechos curtos da cidade.
As outras 7 linhas são “Circulares” de pequenas regiões, que também operam complementando a atuação das linhas de maiores ligações, mesmo sem a existência de qualquer terminal integrado nos municípios onde a viação atua.
Trampolim opera linhas curtas, médias e longas no trajeto para Natal. Foto: Josenilson Rodrigues/Ônibus Brasil/Ilustração
Atualmente, a Trampolim da Vitória opera 22 linhas, e conta com a frota de cerca de 95 ônibus.
No caso das linhas que circulam em maiores trechos de Natal, são elas A (Parnamirim/Natal, via Petrópolis), B (Parnamirim/Natal, via Alecrim), G (Macaíba/Natal, via BR-226), J (Parnamirim/Natal, via Passagem de Areia/Rodoviária Nova), R (São Gonçalo/Natal, via Midway/Aeroporto), S (São Gonçalo/Natal, via Alecrim) e T (Guanduba/Natal, via Alecrim).
Já as linhas M (Macaíba/Natal, via BR-101) e P (Parnamirim/Ponta Negra) circulam em menor trajeto na capital. A linha M opera da BR-101 até o shopping Midway, de onde retorna para Macaíba, e a linha P tem trajeto específico para a praia de Ponta Negra.
Em compensação, as linhas C (Parnamirim/Natal Shopping), Cv (Parnamirm/Natal Shopping, via Vale do Sol), I (Macaíba/São Gonçalo, via Norte Shopping), L (Parnamirim/Natal Shopping, via Cajupiranga), U (Poço de Pedras/Igapó) e V (Parnamirim/Natal Shopping, via Bosque das Colinas) têm trajeto curto na capital. Das linhas da região sul, de Parnamirim para Natal, todas elas retornam para o município vizinho no Túnel da UFRN. Enquanto as linhas que vêm da região norte, a partir de São Gonçalo do Amarante, retornam na própria zona norte de Natal, atendendo também ao Norte Shopping – no caso da linha I, já que o trajeto da linha U é ainda mais curto, retornando no bairro do Igapó.
O trajeto mais curto garante melhor objetividade no atendimento da empresa, com operações de acordo com a demanda dos passageiros. Dentro de Natal, praticamente não existe sobreprosição de trajetos, e mesmo nas ligações entre os municípios e a capital, em geral, as linhas atendem uma localidade diferente dentro do município de onde sai. A ligação entre Parnamirim e Natal, por exemplo, é feita por 8 linhas, mas elas têm operações distintas dentro de Parnamirim para a capital.
Foto: Junior Mendes/Ônibus Brasil/Ilustração
Os usuários que não têm linhas diretas para alguma região da capital podem realizar a integração temporal através do RN CARD, sistema de bilhetagem eletrônica implantado pela empresa ainda nos anos de 1990 – a empresa se destaca como pioneira na tecnologia no Brasil. A modalidade permite, inclusive, a integração por ônibus entre os três municípios atendidos pela Trampolim. É possível circular entre Parnamirim, Macaíba e São Gonçalo com o mesmo cartão eletrônico, desde que atendidas as regras de tempo e diferença de valores da bilhetagem eletrônica.
O sistema de integração também está disponível na empresa Parnamirim Field, surgida em 2010 após mudanças nos sócios da Trampolim. A Field é responsável pelas linhas D (Parque Industrial/Natal) e E (Emaús/Natal).
Em seu site, a Trampolim informa as linhas operadas, seus itinerários, tarifas e com quais linhas cada uma delas integra (www.trampolimdavitoria.com/linhas). Já o site da RN CARD indica a tabela de integração possível aos usuários (www.rncard.com.br/sistema-de-integracoes).
TARIFAS MAIS BAIXAS
O Departamento de Estradas e Rodagens do Rio Grande do Norte (DER/RN), órgão do Governo do Estado vinculado a Secretaria de Infraestrutura (SIN), é o responsável pela gestão do transporte intermunicipal. Ele considera a quilometragem da linha para definir as tarifas das linhas intermunicipais, que são classificadas dentro de grupos.
Na Trampolim da Vitória, as operações intermunicipais têm tarifas que variam de R$ 3,25 (linha H) a R$ 4,45 (linhas A, B, G, J, M, P e R). Quanto maior a quilometragem da linha, maior é o valor da tarifa.
No caso das linhas que fazem a ligação entre Parnamirim e Natal, por exemplo, enquanto as linhas A e B, que ligam Parnamirim ao Centro da capital têm a tarifa custando R$ 4,45, as linhas C e L, que retornam no Natal Shopping, custam R$ 4,20. Caso o usuário opte pela integração via o cartão de passagens, há cobrança na diferença do valor das tarifas.
LINHAS CIRCULARES
Linhas circulares de uma mesma região que complementam os trajetos maiores também já são operadas pela empresa Trampolim da Vitória. A proposta foi destacada para uma eventual mudança no sistema de transporte da capital, atuando de forma que os ônibus possam circular numa mesma região, ligando as localidades a um terminal central de onde haveria operações para outras regiões, evitando a sobreposição de trajetos.
Atualmente, a Trampolim da Vitória opera linhas circulares em São Gonçalo do Amarante, Macaíba e Nova Parnamirim. Em São Gonçalo, a empresa é responsável pela linha Circular – Novo Santo Antônio/Residencial Ruy Pereira. Já em Macaíba, a empresa opera os circulares H – Macaíba/Vila São José – Parque das Mangueiras, M – Macaíba/Campus da UFRN de Jundiaí, Macaíba/UPA e comunidade VILAR e Circular – Macaíba/Campus da UFRN de Jundiaí.
Macaíba conta com 4 circulares. Foto: Junior Mendes/Ônibus Brasil/Ilustração
As tarifas variam de R$ 3,00 a R$ 4,20, e a integração com outras linhas também é feita através do RN CARD.
Em Nova Parnamirim, ocorre a operação da linha N – Cidade Verde/Coophab. A operação é a única que permite a integração com outras empresas de ônibus, já que os usuários integram com as linhas de Nova Parnamirim, operadas pelas empresas Cidade das Dunas, Santa Maria e Via Sul.
Linha N permite integração com empresas operadoras de Nova Parnamirim. Foto: Gabriel Henrique/Ônibus Brasil/Ilustração
No caso da linha N, os usuários que embarcam na Coophab e adjacências desembarcam no terminal de Cidade Verde, e devem utilizar o ônibus seguinte que sair do terminal, embarcando pela porta traseira e sendo acompanhadas por um fiscal, que faz o controle dos usuários que vieram da linha N, e vão embarcar no ônibus seguinte. Não é permitido que os usuários escolham os trajetos (ida Praça ou ida Alecrim, no caso do trajeto para a Ribeira, ou sentido 1 ou sentido 2, no caso da linha para Ponta Negra), devendo embarcar no primeiro ônibus que sair do terminal.
Já no sentido da volta, caso o usuário embarque em um ônibus de Nova Parnamirim com destino a Coophab, não há integração. É necessário descer no terminal de Cidade Verde e, ao utilizar a linha N, pagar os R$ 2,00 da tarifa da linha.
OUTRAS EMPRESAS DA GRANDE NATAL
Além da Trampolim da Vitória, a operação de linhas curtas e com menor tarifa se evidencia apenas na empresa Litorânea – que também pertence a Trampolim. Lá, a empresa optou por concentrar suas operações em São José de Mipibu, município localizado a 31 quilômetros de Natal, uma de suas principais ligações. A partir da rodoviária do município, a Litorânea atua ligando comunidades do próprio município, e cidades vizinhas – como Arês, Georgino Avelino, Nísia Floresta e Barreta.
Foto: Rubson Caetano/Ônibus Brasil/Ilustração
Na ligação maior, entre Natal e São José de Mipibu, há uma linha até o centro de Natal, e a opção mais curta, retornando no Natal Shopping, com tarifas diferenciadas.
A empresa Expresso Oceano também tem operações com trajetos menores e tarifas menores na ligação entre Extremoz e Natal. A empresa é responsável por quatro linhas entre o município e a capital. As linhas 121 e 122 fazem a ligação entre Extremoz e Natal, para o centro e a zona sul, respectivamente. Além delas, ela opera as linhas 120, que liga Extremoz ao Norte Shopping, na zona norte de Natal, e a 123, que liga Vila de Fátima ao Centro de Natal. Há integração entre todos os trajetos através do Bem Card, sistema de bilhetagem eletrônica utilizado nas linhas intermunicipais da Oceano.
Foto: Junior Mendes/Ônibus Brasil/Ilustração
As linhas 120 e 123 contam com terminal e operações diferenciadas em Extremoz, atendendo a comunidades do municípios. Apesar disso, no caso da linha 123, há sobreposição de trajeto com a 121 (ambas fazem a ligação entre Extremoz e o Centro de Natal, apesar de destinos diferentes dentro de Extremoz). Além disso, as linhas 120 e 123 não operam nos domingos e feriados.
Foto: Junior Mendes/Ônibus Brasil/Ilustração
Entre os anos de 2009 e 2011, a empresa lançou a promoção do trecho Extremoz/Igapó dentro da linha 121 (Extremoz/Natal/Centro) com tarifa custando R$ 1, visando especialmente concorrer com o transporte alternativo, que opera o trecho dentro do sistema “interbairros” do município.
Fotos: Ônibus Brasil

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