Sem prioridade nos investimentos e no espaço urbano, o transporte público, seja por ônibus e trilhos, não têm a velocidade e a abrangência necessárias. Além disso, como há poucas fontes de financiamentos dos serviços, como ocorre em outros países, as tarifas estão cada vez mais altas.
Foto: Ilustração/UNIBUS RN |
Tudo isso leva a um desinteresse da população pelos meios de transportes de média, alta e altíssima capacidade, que procura outras formas de deslocamentos que, apesar de atenderem anseios individuais ou de pequenos grupos, coletivamente podem trazer em curto e médio prazos prejuízos como aumento de congestionamentos e poluição nas cidades.
Um levantamento da NTU – Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos, que reúne mais de 500 companhias de ônibus urbanos e metropolitanos em todo o Brasil, mostra que os aplicativos estão atraindo mais as pessoas que usavam habitualmente somente o transporte público do que as pessoas que faziam uso frequente de carros próprios.
Assim, de acordo com os dados, em tese, os aplicativos não estariam sendo capazes de tirar carros e motos das ruas, mas estão reduzindo a principal fonte de financiamento do transporte coletivo no Brasil: o passageiro pagante.
O levantamento mostra que entre os passageiros que fazem uso diário e semanal dos aplicativos, mais de 60% andavam apenas de transporte público: 61% entre o que todos os dias pegam carros de aplicativo usavam apenas ônibus, metrô e trem. Entre os que usam toda a semana os aplicativos, o índice é de 65%. Já dos que usam aplicativos todo o mês, o total é um pouco menor: 55% vieram do transporte público
Menos de 20% dos usuários de aplicativos andavam apenas de transporte individual motorizado: 19% entre os diários, 16% entre os usuários semanais dos aplicativos e 19% entre os “mensais”.
“A maioria dos entrevistados (52%) utiliza o serviço apenas algumas vezes por semana (entre 2 e 4 viagens). Apenas 10% das viagens são realizadas diariamente, seja por motivo de trabalho, estudo, saúde ou lazer. O segundo grupo mais representativo é formado por clientes esporádicos, que utilizam o serviço para atividades pontuais ao longo do mês.” – diz a apresentação.
O trabalho é o principal motivo dos passageiros que utilizam o serviço todo dia. Os usuários esporádicos ou semanais utilizam o serviço, principalmente, para lazer.
Foram realizadas entrevistas eletrônicas por questionários em redes sociais. Foram avaliados 1.410 questionários no período de 16 de outubro a 22 de novembro de 2019. Desses, 1.321 são referentes a usuários do serviço de transporte por aplicativo. Os demais 89 participaram da pesquisa como não-cliente e sim,usuários de outros modos.
O levantamento focou dez capitais brasileiras:
Belo Horizonte-MG (72 respostas), Brasília-DF (250 respostas), Curitiba-PR (51 respostas), Fortaleza-CE (67 respostas), Goiânia-GO (40 respostas), Porto Alegre-RS (64 respostas), Recife-PE (56 respostas), Rio de Janeiro-RJ (209 respostas), Salvador-BA (85 respostas) e São Paulo-SP (369 respostas). Ainda houve 147 respostas em cidades próximas destas capitais.
Em todos os casos, tanto para usuários diários, semanais como mensais dos aplicativos que deixaram outros meios de transporte, os principais motivos da mudança são: rapidez, preço, conforto, e praticidade.
A maior parte dos usuários de aplicativos gasta, em média, até R$ 20 por viagem, sendo R$ 12,00 entre os passageiros diários, R$ 15,00 entre os semanais, e R$ 20 entre os mensais.
Já entre os que não utilizam o transporte por aplicativos, o custo médio por viagem é de R$ 8,60.
Segundo o levantamento, quando é analisado apenas o transporte individual (carros e motos), o custo médio é de R$ 8,50, enquanto o transporte público (ônibus, metrô, barca, etc.) permanece em R$ 8,40. Em ambos os casos, o preço é aproximadamente a 30% a menos que os clientes do transporte por aplicativo pagam.
OS QUE REJEITAM APLICATIVOS:
O levantamento identificou que há um grupo de pessoas que não querem saber de usar aplicativos.
O principal motivo é o desinteresse, principalmente entre os que andam de carro próprio (24% deste grupo que rejeita os aplicativos). Já 20% preferem o transporte público e 16% têm dificuldades de acesso, em especial pela internet.
Diário do Transporte