Programa de inovação do transporte público coletivo amplia atividades

O COLETIVO – Programa de Inovação em Mobilidade Urbana anda com a agenda cheia. Entre setembro e novembro seus representantes participaram de vários eventos, como o Fórum Sistema de Transporte Coletivo, realizado pelas Empresas de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp), em Curitiba (PR), e o 33° Congresso da Associação Nacional de Pesquisa e Ensino em Transportes (ANPET), na cidade de Balneário Camboriú (SC).
Foto: Daniel Isolani/Empresas de Ônibus
No final de novembro, o COLETIVO participou do II Desafio COR, do Centro de Operações do Rio, ajudando a desenvolver soluções tecnológicas para aprimorar a gestão dos impactos das mudanças climáticas no sistema de ônibus no município do Rio de Janeiro. E o interesse só tem aumentado. O primeiro e único programa de inovação setorial para a mobilidade urbana no Brasil funciona como um espaço dedicado ao desenvolvimento de ideias, processos, produtos e serviços voltados para melhorar o sistema de transporte coletivo urbano brasileiro. Trabalha também na criação de uma rede de inovação em mobilidade urbana, reunindo operadores, gestores públicos, fornecedores, especialistas e usuários do serviço.
Criado em maio deste ano pela Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), o COLETIVO nasceu como resposta a um cenário adverso. Entre abril de 2018 e abril de 2019 um total de 12,5 milhões de brasileiros deixaram de se deslocar por ônibus urbano, uma redução de 4,3% na demanda segundo levantamento anual da Associação. Um fenômeno agravado pelo surgimento recente de várias novas tecnologias de mobilidade, como os serviços de transporte por aplicativo.
Diante desse cenário, o setor percebeu que precisava recuperar o tempo perdido. E que o caminho para essa mudança era a inovação e a tecnologia, que passaram a ser vistas não apenas como aliadas na recuperação das empresas operadoras do transporte público, mas também da própria mobilidade das cidades – a começar por uma reflexão sobre a forma como as pessoas se relacionam com os modos de transporte.
O presidente do Conselho de Inovação da NTU, Edmundo Pinheiro, explica que as cidades não vão suportar a mobilidade baseada em modos individuais, cujo aumento só intensifica o caos no trânsito, entre outros impactos negativos. Por isso, avalia que para manter a qualidade de vida urbana é imprescindível investir em soluções coletivas, como propõe a iniciativa lançada. “Todas as inovações disponíveis visam a modos individuais e não à mobilidade coletiva e sustentável, mas o Programa COLETIVO pretende mudar essa realidade”, pontua.
O consultor, mentor e acelerador de startups Cileneu Nunes ressalta que o setor não pode ficar de fora da inovação tecnológica. “É preciso uma disruptura, que já está acontecendo. O Uber é um exemplo dela. Chegou, sem se preocupar com as regras; as questionou e começou a ganhar dinheiro. Depois foi se adequando às exigências. Ou o transporte coletivo faz parte dessa transformação ou vai ser atropelado por ela. Por isso, o Programa COLETIVO é tão importante para o setor. Os empresários de ônibus e os gestores públicos precisam ver o passageiro como um cliente e, não, como um usuário ou um passageiro, que passa. Não, ele é um cliente”.
Primeiro desafio
A nova abordagem inspirou o 1º Desafio do COLETIVO, competição realizada entre julho e agosto que escolheu as melhores e mais inovadoras soluções para alguns dos desafios enfrentados pelo transporte público. Foram recebidos 36 projetos voltados para a mobilidade urbana nas cidades, dos quais quatro serão capacitados no hub de inovação do COLETIVO durante seis meses, processo que colocará as startups selecionadas em contato com agentes importantes do mercado e fornecerá o apoio necessário para o desenvolvimento dos projetos.
A ideia, segundo a coordenadora do programa, Maria Luiza Machado Santos, é disponibilizar também capacitação para as outras startups que se inscreveram no Desafio. “Vamos começar a disponibilizar conteúdo para as startups que estão engajadas com a gente. Foram 36 projetos. O que vamos fazer com eles agora? Oferecer capacitação. É uma forma de estarmos conectados a eles”, ressalta.
Entre os projetos inscritos no Desafio, 66% (23 propostas) foram apresentados como iniciativa individual, o que indica que as soluções propostas não estão sendo concebidas sob a ótica da cocriação e multidisciplinaridade, mas ocorreram sob o ponto de vista e expertise de um único profissional. As demais inscrições (34%) foram realizadas por startups já atuantes ou empresas consolidadas e conhecidas no mercado de mobilidade urbana.
O eixo Centro-Oeste/Sudeste concentrou quase todos os projetos inscritos (27 dos 34 projetos). Foram inscritos seis projetos do Nordeste e dois projetos do Sul do país. As cidades de Brasília (DF) e São Paulo (SP) lideraram as inscrições, com seis e 11 projetos respectivamente.
NTU

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