Dando continuidade à matéria que aborda as mudanças ocorridas nos códigos das linhas urbanas de Natal, material publicado pelo Portal UNIBUS RN na edição especial dos últimos dois domingos, a gente apresenta hoje o uso do último sistema de códigos que está vigente até hoje, porém, com diversas alterações.
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Muitas das alterações ocorreram já após o início do sistema sequencial, lançado em 1990, e que permaneceram de forma equivocada, sem que a Secretaria de Mobilidade Urbana de Natal (STTU) cobrasse qualquer ajuste por parte das empresas, fazendo valer o sistema proposto pela Secretaria.
É o caso, por exemplo, da primeira linha criada após a reforma da sequência numérica, a 59 (durante a mudança para o sistema sequencial, Natal contava com 58 linhas, com as numerações indo de 01 a 58). Por passar no Centro de Natal, a linha 59 deveria integrar o grupo das linhas de cor vermelha, mas na lona dos veículos e nos adesivos utilizados, a 59 estava na cor preta. Na época, a linha era operada pela empresa Riograndense.
E esta não era a única divergência de cor da Riograndense, que tinha iniciado as operações no sistema de Natal em 1990 após um período de crise da TransFlor – a empresa cedeu três de suas linhas para a empresa, que pertencia ao mesmo grupo familiar do proprietário.
Na listagem das linhas de cor preta, também constava a 45 – porém, o adesivo e a cor das lonas utilizadas lá era da cor azul. Pela lógica, diferentemente das outras linhas que saíam da zona leste em direção à zona sul (47, 48, 49, 51, 52, 53, 54 e 56) a 45 não fazia o atendimento a bairros ou conjuntos habitacionais, e sim ao Campus Universitário. Porém, por passar no Centro de Natal, poderia ser vermelha – ainda assim, constava nas linhas de cor preta, enquanto utilizava azul.
Algo semelhante acontecia com a linha 33. Mesmo nos registros mais antigos, ela aparece com a cor laranja – quando também integrava o grupo de linhas da cor preta. No caso dela, a confusão pode ter se dado pelo fato de as linhas do Cidade Satélite (e de Candelária) usarem a cor laranja – porém, isso valia para linhas em direção ao centro (35, 37, 42, 43 e 44). A 33 fazia, originalmente, o trajeto entre Cidade Satélite e o bairro de Nova Descoberta.
Essas não foram às únicas divergências de cores das linhas. Outra empresa recém-chegada ao sistema de Natal – a Conceição, que iniciou as operações em 1992, após uma divisão de sociedade da empresa Guanabara – também utilizou cores diferentes das que constavam no grupo original. Por ter iniciado as operações um pouco mais tarde da mudança sequencial/cores que estamos abordando, a Conceição pouco utilizou os adesivos nos vidros. O maior uso da cor já foi nas lonas dos veículos – a maioria deles, com alterações dos grupos propostos pela STTU.
É o caso da linha 22, que integrava o grupo das linhas vermelhas – já que não passava pela Rodoviária Nova, e tinha destino em direção ao Centro de Natal – mas nos registros do Portal UNIBUS RN, aparece o uso da cor verde. Aliás, não só ela, mas a linha 71, criada anos depois com itinerário praticamente idêntico a 22, com destino final para o bairro Petrópolis, e que também deveria seguir a mesma lógica da cor vermelha, tinha o mesmo equívoco da linha 22, e operava com a cor verde.
Na própria Guanabara, havia um erro semelhante ao da Conceição: lá, era a linha 25, com o mesmo contexto da 22 e 71, e que também deveria integrar o grupo de linhas da cor vermelha, mas era apresentada com a cor verde.
Muito provavelmente, as empresas Guanabara e Conceição quiseram padronizar o uso da cor verde para todas as linhas que faziam o trajeto Zona Oeste/Centro, ainda que fugisse a regra da 22, 25 e 59 não passarem pela Rodoviária Nova (que era a condição para uso da cor verde). Mais tarde, quando a linha 59 foi passada para a empresa Conceição, esta também migrou para a cor verde, se assemelhando às outras linhas recém citadas.
Quem também gostou da cor verde e a utilizou em linhas que deveriam ser de outra cor, foi a Pirangy. Quando a empresa comprou parte da TransFlor, já em meados dos anos de 1998, e incluiu dezenas de ônibus do modelo GLS BUS em sua frota, eles vieram com lonas na cor verde para linhas 47 e 48, que integravam o grupo da cor azul.
Mais tarde, a empresa Pirangy foi comprada pela Reunidas, que transferiu parte das linha para a có-irmã Santa Maria, que manteve as linhas de Santos Reis com a cor verde.
A empresa Santa Maria também trocou a cor laranja das linhas de Candelária e Cidade Satélite pela cor vermelha.
Mas da mesma forma que havia equívocos, houve também acertos. Era o caso de quando as linhas mudavam de itinerário, passando a integrar um novo grupo de cores. O destaque vai para as linhas 16 e 17, que originalmente faziam o trajeto Pajuçara/Alecrim e Gramoré/Alecrim, respectivamente. Elas integravam o grupo de linhas da cor preta. Mais tarde, o itinerário foi estendido até o bairro de Petrópolis, na região central de Natal, se tornando Pajuçara/Petrópolis e Gramoré/Petrópolis, bem como alterando a cor para vermelho.
O mesmo valia para o uso correto das cores das novas linhas criadas a partir do final da sequencia. A grande maioria delas seguiu corretamente o grupo de cores quando criadas.
Curiosamente, o sistema sequencial lançado em 1990, “ressuscitou” um vestígio do sistema anterior, de 1983: as linhas circulares tinham três dígitos, sendo o primeiro o número 5 – pela lógica, isso fazia referência ao sistema de 1983, já que as linhas circulares daquela época também iniciavam com o 5 (por operarem a área 5), apesar de contarem com 4 dígitos (linhas 5501 e 5502, repetindo o número 5 por ser daquela área). No sistema sequencial, foi combinado apenas o primeiro dígito 5, com a sequência da numeração.
A maioria das linhas Circulares eram de bairros ou de uma mesma região, e geralmente as linhas utilizavam a cor preta.
Os três dígitos e as cores das linhas também estiveram presente no padrão adotado no sistema de transporte opcional, licitado pela prefeitura do Natal em 1997. Para que os loteiros saíssem da clandestinidade, foram criadas linhas urbanas opcionais. Diferentemente das empresas que contém até seus layouts próprios nos ônibus, os alternativos sempre contaram com pintura padronizada, indicando a linha que operam.
O esquema das cores, porém, já não foi seguido a risca nas linhas opcionais, que foram divididas de acordo com a região de onde elas saíam. Para os opcionais, havia uma pintura padrão, com a cor da região. Os códigos das linhas eram formado da região de onde a linha saia, seguida da ordem sequencial, sendo diferenciado da seguinte maneira:
3 – zona norte (cor amarela e vermelha)
4 – zona sul (cor azul)
5 – Candelária, Cidade Satélite e adjacências (cor azul)
6 – zona Oeste (cor verde)
Apesar das falhas pontuais, aos poucos o sistema de cores e a sequência de códigos foi sendo deixada de lado pelas empresas e pelo próprio órgão gestor, que nos últimos anos criou linhas com códigos distantes da sequência original. É o caso da linha 600 (Parque dos Coqueiros/Norte Shopping) ou até mesmo da linha 700 (San Vale/Alecrim).
A sequência também foi perdida a partir da união de linhas (11-17, 12-14, 15-16 etc) ou com a abertura de linhas que foram extintas, tendo as empresas parado de operá-las por motivos diversos. Atualmente, há uma grande lacuna na ordem sequencial das linhas, enquanto outras ganharam subdivisões e operam com as opções “A” e “B” (01A, 01B, 33, 33A, 33B etc).
A maioria das linhas de Natal, porém, ainda seguem as bases do reordenamento sequencial.
Já em relação às cores, o uso delas com base na proposta criada pelo órgão gestor foi praticamente todo deixado de lado pelas empresas e pela maioria dos opcionais. Ao longo dos anos, as operadoras deixaram de exibir no vidro o adesivo com o código da linha e sua cor. As informações passaram a estar presente nas lonas. Mais tarde, com o advento da tecnologia, houve a troca para o itinerário eletrônico digital.
Mudanças nas normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) também exigiram que as empresas de ônibus de todo país mudassem suas lonas, em 2007, para fundo preto e cor verde ou amarela, visando garantir uma melhor visualização pelos usuários. Todas as empresas potiguares modificaram suas lonas, atendendo as novas regras da ABNT. Isso também contribuiu para o fim da padronização por cores.
Algumas empresas, especialmente a Guanabara, Conceição e Riograndense, ainda colocaram, por muitos anos, adesivos nos para-brisas dos ônibus com o número da linha e pontos por onde ela passa. Por muito tempo, esses adesivos eram padronizados na cor da linha, mas nos últimos anos, isso tem acontecido cada vez menos, em todas as empresas do sistema local.
A respeito de possíveis mudanças que possam reorganizar o sistema, o Portal UNIBUS RN questionou a STTU se a pasta tem planos para uma nova numeração e quais critérios seriam utilizados. Por meio da assessoria de comunicação, o órgão informou que “por enquanto não há planejamento de mudança na codificação das linhas”.
Para encerrar esta série de matérias que abordam o histórico das linhas urbanas de Natal, o UNIBUS RN vai apresentar, na próxima semana, as principais mudanças ocorridas nas linhas de Natal ao longo dos anos.