Maria Izabel Rodrigues Alves, de 45 anos, moradora de Vaz Lobo, voltava da academia onde faz musculação, em Campo Grande, na manhã de segunda-feira, quando, ao tentar subir no ônibus 790 (Cascadura-Campo Grande), se viu humilhada. Como é cadeirante e o elevador para embarque adequado estava quebrado, teve de se arrastar nos degraus. A única ajuda que teve foi de outra passageira, que carregou sua cadeira de rodas.
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– Minha deficiência não me limita. O transporte público, sim. É revoltante, deprimente e aterrorizante! Uma discriminação – desabafou.
Após lesões na coluna ocorridas há 16 anos num acidente domiciliar, Maria Izabel deixou de andar. Mesmo assim, tornou-se atleta – pratica esportes como jiu-jístsu e tênis – e dançarina. O transporte municipal, no entanto, não permite que ela tenha a mesma desenvoltura que demonstra no salão de dança, na quadra ou no tatame.
Para ir de casa até a musculação, Maria precisa pegar um coletivo de Vaz Lobo até Madureira, onde embarca no 790, com destino a Campo Grande. A cena, gravada por outro passageiro com a câmera do celular, ocorreu na volta para casa.
– O motorista avisou que o elevador não estava funcionando, mas peguei aquele, porque outros dois já haviam passado direto ao me ver no ponto – contou a passageira, que, para desembarcar, também precisou de ajuda de passageiros e do motorista, que colocou sua cadeira de rodas na calçada.
Essa não foi a única humilhação pela qual a cadeirante passou na mesma linha. Há cerca de um ano, acidentou-se ao tentar descer do ônibus no elevador para cadeirantes. Na ocasião, chegou a ser atendida no Hospital Municipal Salgado Filho, onde ficou internada por dois dias.
A Transportes Barra, responsável pela linha 790, disse que identificou o ônibus com defeito e o recolheu para reparo. Afirmou que a frota da empresa é revisada diariamente e “todos os coletivos saem da garagem em perfeitas condições”, mas que defeitos “podem ocorrer durante as viagens”.
EXTRA – RJ