Um em cada cinco brasileiros admite usar o celular enquanto dirige

Uma pesquisa feita pelo Ministério da Saúde aponta que um em cada cinco brasileiros faz uso do celular enquanto dirige, medida que representa risco para acidentes de trânsito.
Foto: Alexandre Cassiano/Agência O Globo – Ilustração
Os dados são da nova edição do Vigitel, estudo anual conduzido pela pasta que monitora fatores de risco para doenças e outros problemas que impactam no sistema de saúde. Foram ouvidas 52.395 pessoas acima de 18 anos que vivem nas capitais.
Ao todo, 19,3% da população destes locais diz usar o celular enquanto dirige. Entre aqueles de 25 a 34 anos, o percentual é ainda maior: 25%.
A pesquisa mostra ainda que pessoas de maior escolaridade –com 12 anos ou mais de estudo– são o grupo que mais assume esse risco, sendo 26% do total.
Desde 2016, o uso de celular no momento de dirigir configura infração gravíssima, com previsão de perda de sete pontos na carteira e multa de R$ 293,47.
Entre as capitais, Belém, Rio Branco e Cuiabá têm o maior índice de motoristas que admitem usar o celular enquanto dirigem, todas em torno de 24%. Já aquelas com menor índice são Salvador (14,2%), Rio de Janeiro (17,2%) e São Paulo (17,4%).
O alto percentual de motoristas que afirma manter esse hábito preocupa autoridades de saúde e de trânsito. “Já existem estudos que mostram que um condutor perde de oito a nove segundos de atenção enquanto dirige na via ao atender uma ligação no celular. Já quando passa ou responde uma mensagem, pode levar até 20 segundos, o que é mais do que suficiente para causar acidentes”, afirma Eduardo Macário, diretor do departamento de análise em saúde do ministério.
Ele defende aumento na fiscalização e campanhas de conscientização direcionadas aos mais jovens para evitar o problema.
Além do uso de celular, o estudo monitora ainda outros fatores de risco de acidentes de trânsito, problema que hoje representa a segunda causa de morte por fatores externos no país (ou seja, não ligados a doenças).
O excesso de velocidade é um deles. Ao todo, um em cada dez entrevistados, ou 11%, disse ter recebido multas de trânsito por esse motivo.
Um percentual que é maior entre homens em comparação às mulheres (14% contra 7%) e, novamente, entre pessoas de 25 a 34 anos e de maior escolaridade (com cerca de 13% em ambos os casos).
Já entre as capitais, Brasília é aquela com maior índice de motoristas entrevistados que admitem cometer esse tipo de infração: 15,6%.
BEBER E DIRIGIR
Outro fator de risco de acidentes é o consumo de álcool antes de dirigir. Em 2018, 5,3% dos entrevistados informaram já terem conduzido veículos após consumo de bebidas alcoólicas. O índice, porém, teve queda em comparação a 2017, quando foi de 6,7%. “Vemos que houve uma pequena mudança, mas o dado ainda é preocupante”, afirma Macário, que defende reforço em blitze da Lei Seca.
Mais uma vez, o percentual foi maior entre pessoas de maior escolaridade (8,6%) e na faixa etária de 25 a 34 anos (7,9%). Também chama a atenção a diferença dos índices entre homens e mulheres: entre eles, a proporção dos que admitem beber e dirigir foi de 9,3%; entre elas, foi de 2%.
Em 2017, 35 mil pessoas morreram por acidentes de trânsito e 166 mil foram internados. Os gastos com internações ficaram em torno de R$ 229 milhões.
“Além dos custos diretos, como as hospitalizações, outro problema sério são os custos indiretos, como sequelas físicas e emocionais ou impossibilidade de trabalhar”, afirma o diretor.
Folha de SP

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