Enquanto Jair Bolsonaro enviou ao Congresso Nacional um projeto para revogar a exigência de exames toxicológicos para motoristas de caminhões, ônibus e vans, uma pesquisa recente mostrou que a mudança está na contramão.
Foto: PRF Paraná – Ilustração |
A pesquisa foi feita em abril no Mato Grosso do Sul, em rodovias, e no Ceasa de Campo Grande. Ela foi comparada com um estudo feito nos mesmos moldes, em 2015.
92% dos motoristas de caminhão aprovam o teste toxicológico.
Mesmo considerando-se apenas os motoristas que tiveram resultado positivo para drogas no exame, 79% aprovam o teste.
“O projeto de lei nos preocupa muito. A mensagem é de leviandade. Estamos na contramão na segurança de trânsito”, afirmou Paulo Douglas Almeida de Moraes, procurador do Ministério Público do Trabalho de Mato Grosso do Sul.
O número de exames positivos — onde há detecção de drogas — vem caindo: de 34% em 2015 para 14% em 2019.
Além disso, o uso de drogas está diretamente relacionado à jornada exaustiva de trabalho.
Os motoristas que reconheceram trabalhar mais de 16 horas ao dia apresentaram a maior positividade no exame, de 45%.
Na faixa anterior, de 13 horas a 16 horas, o índice cai para 13%.
“Essas pessoas não usam drogas porque querem. São empurradas pelas jornadas de trabalho exaustivas”, emendou Almeida.
O estudo foi solicitado pelo Tribunal Regional do Mato Grosso do Sul ao Ministério Público estadual, com apoio da Polícia Rodoviária Federal.
O exame toxicológico permite identificar o uso de drogas por no mínimo 90 dias antes da coleta.
Veja o infográfico:
Revista Época