Cansou de pedalar a bicicleta convencional ou andar de patinete? Que tal encarar uma bike elétrica? Na onda de cada vez mais competidores no ramo de modais alternativos de mobilidade, uma startup que tem menos de um ano acelera a operação das bicicletas elétricas para compartilhamento e até compra em Porto Alegre. A Volta E-Bike já está nas ruas e é o primeiro serviço nesta modalidade no Rio Grande do Sul.
Os sócios fundadores da Volta E-Bike Farlei Fischer e Marilin Moura Parode no POA.hub – MARCELO G. RIBEIRO/JC |
A empresa chegou de um jeito acanhado, mas deve acelerar a operação. Acaba de formar parceria com a Fundação Iberê Camargo para colocar no museu, às margens do Lago Guaíba, algumas unidades para experimentação de visitantes. Nesta quarta-feira (10), ocorre o passeio inaugural a partir das 18h. Na largada do projeto, quatro unidades poderão ser usadas pela população.
Além disso, os empreendedores negociam a colocação de pontos de compartilhamento em hotéis na Capital gaúcha. A cofundadora e relações públicas e de marketing da Volta, Marilin Moura Parode, diz que o foco é se vincular ao hub de turismo e lazer da cidade.
Além de ofertar as bikes, a Volta tem um propósito: tornar o trânsito mais leve no meio urbano, unindo segmentos de mobilidade e eficiência energética. “Estamos desenvolvendo o e-Mob, o primeiro hub de mobilidade elétrica do Brasil”, explica Marilin.
Como funciona a bicicleta elétrica
O sistema de aluguel é feito pelo site da startup. A Volta utiliza as instalações do POA.hub, que é um coworking montado pela prefeitura para uso de startups, onde faz contatos comerciais, incluindo o suporte a quem contratar o serviço.
A locação custa R$ 8,30 por dia. “Menos de duas passagens de ônibus coletivo”, compara a cofundadora. Ou por mês, no valor de R$ 250,00. O cliente contrata, e a equipe da Volta leva a bicicleta até o endereço. A empresa também comercializa modelos, de uma fabricante que fica em Curitiba. Uma e-bike urban custa R$ 4,5 mil, que pode ser paga em dez parcelas. no cartão de crédito.
Ao contratar a magrela movida a bateria, o usuário recebe uma sacolinha com kit formado por itens básicos: carregador bivolt (pode ser ligado na rede doméstica), capacete (que é obrigatório) e trava. A recarga leva quatro horas. A bicicleta tem autonomia para percorrer 70 quilômetros, e com velocidade de até 25 km/hora. O veículo tem seguro. Uma opção foi não aderir ao sistema em que os veículos podem ser deixados em qualquer local – caso das bikes da Yellow e patinetes da Grin que chegaram a Porto Alegre.
Marilin diz que a recarga é um item que está na mira da startup, pois é um gargalo hoje na operação, quando a pessoa precisa, por exemplo, abastecer fora de casa ou local que tem acesso à tomada.
O usuário não precisa ter habilitação ou autorização de órgãos de trânsito para poder pilotar o veículo. Marilin explica que a resolução 465, de 2013, do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), equiparou a bicicleta elétrica à comum. Mas para isso o modelo precisa ter limitador de velocidade de até 25 km/h, motor de 350w e pedalada assistida.
Os modelos usados pela startup têm uma bateria no esquadro principal. Nos dois guidões, ficam os controladores de velocidade que darão maior potência no impulso. Os modelos usados não têm aceleração. Caso tivessem, o usuário teria de ter uma autorização para guiar.
“A bike tem pedal assistido, tem de pedalar para ela andar e tem controlador com cinco assistências de pedal – que é como um câmbio que libera cargas para se movimentar”, explica Farlei Fischer, um dos cofundadores da Volta.
O funcionamento da bike elétrica é o mesmo da mecânica. É preciso pedalar para andar. A vantagem é que a força é muito menor. A potência dos modelos permite subir lombas sem esforço. “Coisa que nem o patinete consegue”, compara Marilin.
Para mostrar a eficiência do veículo, com cerca de R$ 0,30, é possível percorrer 70 quilômetros com zero emissão de CO2.
Negócio integrou programas de empreendedorismo da Pucrs e Ufrgs
O começo da vida da Volta E-Bike segue a trajetória de novos empreendimentos que buscam inovar, desenvolvendo novas soluções e diferenciais. Marilin, o sócio Farli e o pai dela, José Parode, que é servidor público de carreira aposentado, tinham a ideia, pesquisaram a aplicação e afinaram conceitos e plano de negócios no Startup Garagem, da Pucrs, e na Maratona de Empreendedorismo da Ufrgs, ambos em 2018. As duas iniciativas buscam desenvolver projetos nascentes como a Volta.
As bikes da Volta foram testadas entre junho e agosto de 2018 junto à EPTC. Durante dois meses, a empresa pública utilizou as bicicletas na fiscalização do trânsito, emitindo relatório comprovando a eficiência e aumento da produtividade na prestação de serviços públicos, dizem os fundadores da startup.
Em fevereiro, outro passo importante foi dado – a Volta firmou parceria com a Bike Fácil para disponibilizar, no segundo semestre de 2019, o Primeiro Sistema de Compartilhamento de Bicicleta Elétrica para Porto Alegre. Segundo Marilin, a parceria permitirá que a startup integre no sistema o modelo das bicicletas elétricas validadas pela EPTC.
O público que vem usando o sistema é formado por pessoas que trabalham e usam para os deslocamentos. O foco dos empreendedores é o mercado corporativo.
A Volta já aposta que o veículo pode ser alternativa para uso no setor público, como a saúde. A prefeitura de Ponte Alta do Norte, na Serra de Santa Catarina, usa a bicicleta elétrica para deslocamento dos agentes das equipes do Programa de Saúde da Família. Segundo a startup, o meio possibilitou aumentar o número de atendimentos e facilitou o percurso no alto das montanhas.
Jornal do Comércio – RS