Ônibus anda com marca “Buser” estampada na carroceria e plataforma quer unificar padrão dos veículos

Já é possível ver pelas estradas ônibus com adesivos da Buser, um sistema de transportes rodoviários sob demanda, que tem incomodado as empresas tradicionais que operam linhas regulares intermunicipais e interestaduais.
Como mostrou o Diário do Transporte, a empresa de intermediação entre os passageiros e destinos possíveis de viagem conseguiu recentemente decisões judiciais que a permitem operar, sempre com veículos de companhias de ônibus de fretamento com registro em órgãos como ANTT e Artesp.
Na madrugada desta segunda-feira, 04 de março de 2019, a reportagem do Diário do Transporte encontrou um destes ônibus fretados já com a identificação do aplicativo.
O veículo estava em um posto de parada no município de Queluz, interior paulista, numa plataforma ao lado dos ônibus de empresas tradicionais que trafegam pela rodovia Presidente Dutra, como Auto Viação 1001, Viação Itapemirim, Riodoce e Útil.
Não foi possível saber a origem e destino e não havia funcionários próximos no momento.
Um dos criadores da Buser, Marcelo Abrita, informou ao Diário do Transporte que a adesivação foi iniciativa de uma empresa chamada Santa Maria, do Sul, que aluga o veículo para a plataforma.
Desde o final do ano passado o ônibus circula com a identificação.
Colocar a marca Buser de forma oficial nos ônibus de “empresas parceiras”, com uma arte unificada, é um dos objetivos da plataforma que diz que já recebeu, inclusive, investimento de grupos internacionais.
Segundo os criadores, a Buser, autodenominada “Uber do Ônibus”, consiste numa plataforma que liga pessoas a destinos de viagens por ônibus de fretamento, mas diferentemente dos fretados comuns, os passageiros não precisam se conhecer ou formar grupos.
A pessoa entra no aplicativo e verifica as viagens que reúnem outros passageiros com o mesmo interesse.
Também é possível sugerir horários e destinos.
Se a sugestão resultar em uma demanda de passageiros que cubra os custos da viagem, o percurso é realizado.
O pagamento ocorre por meio de cartão de crédito.
Pela lógica de compartilhamento, quanto mais gente optar pelo mesmo ônibus e horário mais barata fica a viagem para cada um, porque serão mais pessoas dividindo o mesmo preço do fretamento do ônibus.
As viagens podem sair até 60% mais baratas que nas empresas regulares.
Estas companhias de ônibus reclamam de “concorrência predatória”, isso porque a Buser, segundo estas viações, faz os mesmos itinerários, acaba na prática vendendo passagens e não tem as mesmas obrigações e custos, como transportar gratuidades (que são embutidas no valor cobrado aos pagantes deixando as passagens mais caras), pagar taxas de terminais e de fiscalização e cumprir a viagem no itinerário e horário determinados, independentemente de ter um número de passageiros que justifique os custos.
A reportagem nesta madrugada estava num ônibus de dois andares da Viação Itapemirim/Kaissara, da linha Rio de Janeiro/ABC Paulista, com apenas 12 passageiros, uma demanda com a qual dificilmente a Buser faria o mesmo trajeto com um veículo desta configuração. Entre estes 12 passageiros, quatro pessoas eram idosas, sendo que pelas normas da ANTT, duas não pagaram integralmente a passagem e outras duas tiveram 50% de desconto. Seria impossível viajarem na Buser nestas mesmas condições.
A categoria executiva (segundo andar) entre Rio de Janeiro e Santo André custou R$ 158,41, uma viagem na Buser, no mesmo caminho, seguindo a média do aplicativo, poderia ficar por volta de R$ 95.
Diário do Transporte

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