Caoa admite interesse na fábrica da Ford em São Bernardo

Após o governador de São Paulo, João Doria, ter se proposto na semana passada a encontrar um comprador para a fábrica que a Ford pretende fechar em São Bernardo do Campo (SP), na terça-feira, 26, o político declarou que recebeu consultas de três possíveis compradores, segundo ele duas empresas multinacionais e uma nacional. No fim do dia, o Grupo Caoa confirmou ao Estadão/Broadcast que é um dos interessados – no caso, o nacional.
Foto: Divulgação/Portal Automotive Business
Faz sentido, tendo em vista que o Grupo Caoa nasceu há 40 anos com a aquisição de uma concessionária Ford na Paraíba e hoje a empresa de Carlos Alberto de Oliveira Andrade é o maior concessionário da marca no Brasil – ao lado das operações da Caoa Chery, Hyundai e Subaru do grupo, que juntas somam mais de 160 lojas e duas fábricas próprias, uma em Anápolis (GO) que monta modelos Chery e Hyundai e outra em Jacareí (SP) que faz Chery. Segundo comunicado da empresa enviado ao Estadão, “é natural que a Caoa e a Ford conversem sobre futuros negócios, assim como ocorre com outras empresas sempre que há uma boa oportunidade”. Contudo, a nota ressalva que “até o momento não há nenhuma definição ou compromisso para a aquisição da planta” de São Bernardo.
Outro ponto de forte conexão entre as duas empresas está em boa parte dos executivos da Caoa, muitos deles ex- empregados da Ford, a começar pelo presidente do grupo, Mauro Correia, que trabalhou lá por 20 anos e foi um dos responsáveis pela instalação da fábrica da Ford em Camaçari (BA). Portanto, são pessoas que já conhecem bastante bem a operação de São Bernardo. 
O interesse maior da Caoa, especula-se, seria por herdar a preço de ocasião a operação de caminhões da Ford no Brasil, única no mundo e restrita à fábrica de São Bernardo, com fornecedores modulares já desenvolvidos, incluindo cabines, motores, transmissões, chassis e eixos. Se a planta for mesmo fechada, a Caoa perde esse negócio, ficará sem a linha Cargo, que tem modelos leves, médios, semipesados e pesados. Dependendo do ano a Ford é a terceira ou quarta marca de caminhões mais vendida no Brasil.
Por outro lado, se comprar a unidade sem precisar empatar muito capital, o grupo brasileiro se transforma instantaneamente em um dos maiores fabricantes de caminhões do País, sem interferência com nenhuma de suas outras operações e sem fazer concorrência à Ford.
Pode parecer estranho o surgimento de interessados em comprar a fábrica agora, depois que a própria Ford quando anunciou o fechamento da planta há uma semana admitir que tinha tentado negociar, sem sucesso, a venda da unidade para uma outra montadora – rumores davam conta que havia conversas com a DAF no ano passado. Mas agora o fator motivador pode ser o preço muito menor – ou mesmo simbólico –, uma vez que a Ford quer precisa se livrar da operação deficitária em face de seu plano mundial de reestruturação, ao mesmo tempo em que enfrenta fortes resistências contra o fechamento, principalmente de seus 2,8 mil empregados de São Bernardo.
Na mesma terça-feira o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC confirmou que terá uma reunião com a direção mundial da empresa nos Estados Unidos na semana que vem, em 7 de março, para tentar reverter a decisão da empresa.
Portal Automotive Business

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