Onze empresas, dentre elas a gigante americana Uber, entregaram na segunda (18) documentos para operar sistemas de patinetes elétricas compartilhadas na cidade de São Paulo. A reportagem apurou que, juntas, elas manifestaram interesse de operar mais de 100 mil veículos na cidade.
Foto: Diogo de Oliveira/Autoesporte – Ilustração/UNIBUS RN |
Isso não significa que haverá uma invasão dos veículos pelas vias paulistanas. Neste passo, as empresas informaram à prefeitura, isoladamente, quais são seus planos: quantas patinetes gostariam de implantar, em que prazos em que áreas. A partir de agora, a Prefeitura e as interessadas vão elaborar regras de circulação e também recalcular os números, conforme forem sendo conhecidos os volumes de oferta em cada área da cidade.
As empresas que apresentaram documentação para habilitação e se comprometeram a implantar medidas de segurança e manutenção das patinetes foram Uber, Yellow, Grin, Trunfo, Tembici, Serttel, Bird, FlipOn, Lime, Scoo, e Mobileasy.
São companhias de diferentes portes, de gigantes como Uber e Grow (associação entre Yellow e Grin anunciada neste ano) a empresas pequenas como a Mobileasy.
Isso permite a oferta de serviços diferentes -por exemplo, o sistema de compartilhamento de patinetes já estudado em grandes condomínios e bairros planejados, como o Jardim das Perdizes, na zona oeste paulistana, que pode ser feito por firmas menores.
A previsão é que o processo de regulamentação do uso das patinetes leve cerca de três meses. Enquanto não há regulamentação municipal específica, vale resolução do Contran (Conselho Nacional de Trânsito), que permite o tráfego em ciclovias e ciclofaixas a no máximo 20 km/h, e em calçadas, com velocidade máxima de 6 km/h.
O uso também é permitido na pista de rolamento, na faixa da direita, no mesmo sentido do dos carros.
A Secretaria Municipal de Mobilidade e Transportes defende que o tráfego seja proibido nas calçadas e a velocidade nas ciclovias, reduzida.
No processo de regulamentação, a prefeitura também vai determinar a base mínima de tecnologia e segurança que as empresas precisarão ter para operar as patinetes em São Paulo.
As empresas estão interessadas em um mercado que pode chegar a até 15 milhões de deslocamentos por dia, afirma o vereador Police Neto (PSD), que coordena estudos e projetos sobre micromobilidade em São Paulo.
O cálculo é feito a partir de levantamento do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento), que levantou os percursos de menos de 5 km realizados diariamente por pessoas com idade entre 18 e 55 anos -percursos estes que teriam potencial para serem feitos de bicicleta ou patinete.
O estudo indica que 53% dos cerca de 40 milhões de deslocamentos diários na cidade podem ser “cicláveis”. As patinetes, porém, vão disputar esse mercado com outras opções, como bicicletas mecânicas, bicicletas elétricas e mesmo aplicativos que ofereçam viagens mais baratas nesses percursos mais curtos.
Com base no custo de operação de cada patinete e no número de funcionários necessários para cada volume de veículos operados, Police Neto estima que, se as 100 mil patinetes forem instaladas, isso representaria um investimento de R$ 500 milhões em dois anos e a criação de ao menos 5.000 empregos.
“O importante é que São Paulo passou a ser atrativa para esses investimentos, não só por ter milhões de habitantes, mas por estudar a micromobilidade e criar condições para que outros sistemas apareçam”, diz o vereador, que nesta semana aprovou na Câmara a inclusão do “desenvolvimento de mobilidade sustentável” nas atribuições da Secretaria dos Transportes.
Também está aberto a consulta pública projeto de lei que organiza os serviços de compartilhamento para integrá-los à rede tradicional de transportes, incluindo terminais de ônibus e estações de trem e metrô.
O texto autoriza o poder público a criar convênios público-privados para melhorar e ampliar ciclovias e ciclofaixas e estabelece diretrizes para que o município receba contrapartida pelo uso comercial do espaço público.
Folha de SP