Em menos de 6 meses, dois acidentes em Fortaleza resultaram na morte de pessoas que estavam sentadas em cadeiras dianteiras do transporte coletivo, usadas para assento preferencial. O Tribuna do Ceará buscou a Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor) para saber se há áreas menos seguras nos ônibus e o que pode ser feito para aumentar a segurança dos passageiros.
Etufor diz que não há evidências sobre diferença de segurança em cadeiras de ônibus. (Foto: Dorian Girão / TV Jangadeiro) |
O que diz a Etufor:
“A distribuição dos assentos preferenciais no interior dos coletivos respeita a NBR 14022 de 2011. A norma orienta que os assentos devem ser localizados próximo aos acessos de entrada e saída dos ônibus, facilitando as pessoas com deficiência e mobilidade reduzida. Não há evidências sobre maior ou menor risco em um veículo de grande porte como o ônibus, portanto, os cuidados devem ser redobrados tanto pelos condutores quanto pelos passageiros”.
Tanto em ônibus modernos, cuja catraca fica na dianteira do veículo; como em ônibus antigos, nos quais a catraca fica na traseira, há cadeiras individuais ou para duplas, destinadas a pessoas com dificuldade de locomoção ou com crianças de colo, próximas ao motorista.
Em setembro de 2018, uma mulher de 27 anos morreu após um ônibus colidir com um caminhão na avenida Alberto Craveiro. Thaís Silva de Almeida estava com uma criança de quase 3 anos nos braços. Ao perceber que haveria a colisão, enquanto amamentava, ela jogou a filha para um homem que evangelizava ao lado da catraca. Ambos sobreviveram.
Em fevereiro de 2019, uma idosa de 87 teve o corpo mutilado e esmagado após ser arremessada da cadeira dianteira, quando o ônibus em que seguia colidiu na lateral de um caminhão. O acidente aconteceu na avenida Godofredo Maciel.
Segurança de passageiros
Nos transportes coletivos urbanos, não há obrigação do uso de cinto de segurança. Um estudo desenvolvido pela Associação Americana de Transporte Público (APTA), órgão que representa todas as agências de transporte dos Estados Unidos, afirma que o transporte coletivo é até dez vezes mais seguro do que o carro.
O que diz a Etufor:
“De acordo com o Artigo 65 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), no caso dos ônibus, a instalação do cinto de segurança (e consequentemente, sua utilização) apresenta algumas exceções, não sendo obrigatório para os ocupantes (passageiros) de ônibus de linhas urbanas, em que se é permitido viajar em pé (artigo 105, inciso I, do CTB e artigo 2º, IV, ‘c’, da Resolução do Contran nº 14/98).”
Para minimizar os riscos de acidentes nos ônibus, a Etufor aponta algumas atitudes a serem adotadas por motoristas e passageiros:
Motoristas:
– Dirigir respeitando a sinalização e a velocidade da via;
– Parar o veículo para embarque e desembarque somente nos pontos de parada;
– Dar partida após se certificar de que o passageiro embarcou ou desembarcou, fechando as portas do veículo;
– Evitar freadas bruscas;
– Evitar distrações ao dirigir;
– Não usar celular ou conversar com os passageiros.
Passageiros:
– Ao embarcar no veículo, buscar sentar ou segurar-se nos corrimões;
– Não parar nos degraus de acesso ao ônibus;
– Sempre solicitar o desembarque com antecedência.
O Tribuna do Ceará tentou entrevista com o Sindiônibus, mas a demanda não foi atendida até a publicação desta matéria.
Tribuna do Ceará