A Prefeitura de Natal terá de investir cerca de R$ 95 milhões para finalizar as obras de adequação de trecho da BR 226, no Km 6, do complexo viário da Urbana e alargamento da avenida Felizardo Moura. As obras fazem parte do lote 1 de mobilidade urbana da capital do estado para a Copa do Mundo de 2014 e estão paradas há três anos devido à entrada da prefeitura na lista de inadimplentes do CAUC por débitos com a União.
Foto: Adriano Abreu/Tribuna do Norte |
Os recursos destinados ao serviços estão bloqueados na Caixa Econômica Federal, já que eram oriundos do FGTS. São cerca de R$ 70 milhões já assegurados sem previsão de liberação. Mas, ainda que sejam disponibilizados com a saída do Município da lista de inadimplentes da União, a prefeitura terá de arcar com um volume de R$ 25 milhões a mais por reajustamento do contrato com a construtora EIT, o que representa um custo superior a 68% do valor do lote total de obras, ou abrir um novo processo licitatório.
Lançados há oito anos, esses serviços remanescentes hoje sanariam o problema de um dos trechos mais complicados do trânsito cidade, a região entre o complexo viário da Urbana e a ponte de Igapó, que sofre diariamente com engarrafamentos intermináveis em horários de pico. Isso porque o projeto prevê o alargamento da avenida Felizardo Moura – o maior gargalo do corredor em questão – , construir um novo viaduto na altura da Urbana e dotar todo o trecho de plataformas de embarque e desembarque, sinalização e melhorias no passeio para pedestres. No entanto, nada disso até agora foi executado.
De acordo o secretário Municipal de Obras Públicas e Infraestrutura, Tomaz Neto, pouco menos da metade dos trabalhos foram concluídos e sem nenhuma estimativa de retomada. “As obras só poderão ter continuidade depois que a prefeitura sair do CAUC, mas teremos de reajustar a proposta financeira que duraria dois anos. Os custos dos insumos sobem e por isso é preciso recalcular o valor do serviço. Ou licitar novamente a obra, pois não sei a prefeitura terá condições de arcar com esse reajuste”, explicou o titular da pasta.
O projeto original estava orçado em quase R$ 138 milhões. Apesar da obra ter a primeira ordem de serviço assinada em junho de 2012, o projeto logo teve os primeiros entraves com as modificações para driblar 525 desapropriações na região. Com as alterações, surgiram novas obras, como o binário da Mor Gouveia com a Jerônimo Câmara, região cuja drenagem também está com obras travadas. “Desde novembro de 2015, temos executado com recursos próprios”, esclareceu o secretário. Nesse projeto de drenagem, faltam apenas 43 metros para a conclusão do túnel e não foram concluídos pelo mesmo motivo.
Os trabalhos executados consumiram R$ 67,9 milhões, mas o chamado Corredor Estruturante Oeste ainda está por finalizar, o que beneficiaria os bairros de Lagoa Nova, Quintas e Bairro Nordeste. Porém, em vez de obras, o que se vê nesse extenso trecho são problemas. Além dos engarrafamentos antes da ponte de Igapó, que já fazem parte da rotina de quem trafega nesta via em horários de pico – antes das 8h e a partir das 17h, existem mais.
Comerciantes instalados no cruzamento do Km 6 com a Capitão-Mor Gouveia reclamam do fluxo de veículos no local, que se intensifica a partir das 16h. No entorno do complexo viário da Urbana, cuja intenção do projeto era ampliar o viaduto, não há sequer calçadas, passarelas ou passeio para pedestre, que enfrenta dificuldade para atravessar as vias terrestres do complexo.
Na Mor Gouveia, os abrigos para passageiros do transporte coletivo ficaram apenas no papel. Na maior parte desse percusso, não há plataformas para embarque e desembarque, inclusive nas proximidades da rodoviária. O usuário é obrigado a esperar o ônibus sem proteção contra o sol ou chuva. Na avenida, faltam serviços e sobram buracos, atrapalhando a vida de quem trafega pela via.
Valores do projeto original
Corredor Estrutural Oeste e BR- 226 – R$ 45,7 milhões
Complexo Viário em frente à Urbana – R$ 16.3 milhões
Reestruturação da Capitão MorGouveia – R$ 57,1 milhões
Implantação de abrigos – R$ 4,4 milhões
Calçadas e sinalização – R$ 20,2 milhões
Desapropriações – R$ 4 milhões
Tribuna do Norte