Ônibus entram e saem, mas não circulam dentro da zona Norte

Mariana Cavalcante, de 20 anos, mora na zona Norte de Natal desde que nasceu. Uma das atividades de lazer que a universitária mais curte é ir ao shopping. Mesmo que ela goste de visitar o principal estabelecimento do tipo encravado na região, a jovem prefere ir aos da zona sul. O motivo: é mais fácil para a estudante pegar um ônibus que cruze a ponte do que um que a leve de casa até o centro comercial mais próximo.

“Aqui passam três linhas de ônibus: 07, 27 e 68. Nenhum passa pelo Norte Shopping”, relatou a jovem moradora de Nossa Senhora da Apresentação, o maior bairro da capital potiguar. A universitária contou que há um opcional, espécie de micro-ônibus, que percorre esse caminho: “É o 600, mas ele leva uma vida para passar”.
O que Mariana não sabe é que a linha 600 só passou a incluir a parada do Partage Norte Shopping no itinerário após o próprio estabelecimento lutar pela pauta na Secretaria de Mobilidade Urbana, a STTU. O centro comercial contou à reportagem que há a constatação de que se está perdendo clientes, exatamente, pela falta de transporte público.
No ano passado, de acordo com o Partage Norte Shopping, foi conquistada a criação da linha 58A, que saía do Parque dos Coqueiros até a Redinha, incluindo o centro comercial na rota. No entanto, esse ônibus só circulava aos domingos e depois das 11h. O estabelecimento informou que esse é o dia de menor movimento. Tanto que só abre às 15h. Após três meses, essa linha deixou de operar pela baixa demanda.
Não é só quem busca diversão no shopping que sofre com a falta de ônibus. Quem depende do transporte público para trabalhar sente isso diariamente. Quem falou dessa realidade foi o professor Chico Dantas, diretor do Campus de Natal da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN).
“Tem gente que trabalha no campus que pega dois ou três ônibus para chegar aqui mesmo morando na zona norte quando quem trabalha na zona sul pega um ônibus só”, contou.
O professor lembrou que a dificuldade é lamentada também pelos estudantes. “A UERN veio para a zona norte porque aqui, que é a maior área de Natal, não tinha universidade pública. A instituição deveria acolher muitos alunos daqui, mas esbarra na falta de mobilidade. Não é fácil ter que ficar saltando de ônibus em ônibus”, destacou.
De acordo com a STTU, 48 linhas de ônibus percorrem a ZN – abreviação de zona norte bastante comum em Natal. Entretanto, apenas a linha 600, citada pela estudante, e as 314, 592 e 593 circulam exclusivamente na região.
Um estudo realizado pela própria STTU constatou a dificuldade de mobilidade dentro da região quando apontou que apenas 20% das viagens originadas na zona norte se encerram na própria área. De acordo com a secretaria, em números absolutos, 75 mil pessoas pegam ônibus na ZN todos os dias. Desse total, 15 mil desembarcam antes de cruzarem as pontes de Igapó ou a Newton Navarro.
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