Mais rápido que ônibus, VLT é desconhecido pela população de Fortaleza

FOTO: FABIANE DE PAULA
Desde que a operação estendida do Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT), ramal Parangaba-Mucuripe, teve início, na sexta-feira (6), o percurso por meio do transporte público da estação da Parangaba até o Papicu ficou mais rápido. Enquanto o deslocamento por VLT é de 30 minutos, o tempo de ônibus é o dobro, 1h. A reportagem realizou o trajeto de ônibus, carro e VLT, no mesmo horário, saindo às 11h. A diferença de tempo de percurso é grande, mesmo as plataformas de cada modal sendo uma ao lado da outra.

O ônibus leva uma hora para realizar o transporte entre os bairros, tendo sido efetuadas cerca de 42 paradas para embarque e desembarque de passageiros. Já no trem, foram realizadas apenas oito paradas, uma em cada estação. Vale destacar que o tempo gasto pelo ônibus pode variar dependendo dos horários de pico. Em carro particular, o percurso foi realizado em 25 minutos. Mesmo com a agilidade e a comodidade, muitos usuários de transporte público coletivo desconhecem o novo percurso do VLT, que passou a operar nas oito, das 10 estações.
Mais conhecidos, os ônibus ainda são a primeira opção dos usuários. Conforme a Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor), 10 linhas de ônibus fazem a rota Parangaba- Papicu, divididos em 140 veículos, mais de 750 viagens por dia e com quase 72 mil passageiros por dia. Essas linhas partem dos terminais do Papicu, Lagoa e Parangaba. Já no VLT, as saídas acontecem a cada 40 minutos, iniciando às 6h e terminando às 12h. No entanto, a Companhia Cearense de Transportes Metropolitanos (Metrofor) não especifica o número de viagens por dia, porque os vagões podem ser utilizados para ajustes durante o período de operação assistida.
Gratuidade
Como o VLT funciona em sistema de operação assistida, sem cobrança de tarifa, de seis da manhã ao meio-dia, de segunda a sexta-feira, o usuário pode fazer o deslocamento gratuitamente. Nos ônibus, o usuário paga R$3,40 (inteira) e R$ 1,50. A dona de casa Marta Soares, 42, utilizou o serviço pela primeira vez, na manhã de segunda-feira (9). Ela mora em Maracanaú e seguiu até a casa da mãe, no bairro Papicu. Ela e a filha de 17 anos, saíram da Região Metropolitana (RMF) no Metrô de Fortaleza (Metrofor). Ao chegar na estação da Parangaba, elas desceram e pegaram o VLT, onde seguiram até a estação do Papicu. “É incrível como a gente pode ir com mais tranquilidade. É muito confortável. Fico imaginando quando as outras linhas começarem a funcionar. Eu senti que diminuiu o número de pessoas no Terminal da Parangaba”.
Enquanto isso, no ônibus da linha Parangaba/Papicu, muitos usuários desconheciam a operação do recente modal. A representante comercial Maria da Glória, 42, mora no bairro Papicu e trabalha em um shopping ao lado do Terminal da Parangaba. Ela disse que soube da liberação do VLT por amigos e pensava que a passagem fosse mais cara que a paga pelo ônibus. “Eu não sabia nem que estava de graça. Agora que você me disse, eu vou começar usar”, declarou Maria. O universitário Paulo Abreu, 28, é outro usuário que ainda não começou a utilizar o serviço pelo desconhecimento. “Eu não sabia os horários de funcionamento. Tenho que chegar cedo na minha aula da Universidade Estadual do Ceará (Uece). Estou sabendo por você que tem um trem às 6h da manhã”, justifica.
Operação
Segundo a Companhia, no primeiro dia do atendimento do serviço, 1.614 passageiros utilizaram o VLT. O número já ultrapassa a média anterior que era de 800 usuários por dia. Segundo os funcionários, o desconhecimento do funcionamento do VLT ainda é o motivo da ausência de pessoas nas plataformas. Muitos descem na estação da Avenida Borges Melo, onde iniciou a operação assistida em julho do ano passado, desconhecendo que o sistema já está operando até a plataforma no bairro Papicu. Adolescentes que estão de férias e pessoas que moram vizinho às estações são os que mais estão utilizando o serviço.
No percurso de trem ainda é possível encontrar homens trabalhando na montagem de mais uma linha. Por esse motivo, a velocidade do VLT ainda é baixa. Por estar em fase inicial, os trens do passam em baixa velocidade em trechos elevados para técnicos analisarem o movimento dos vagões. 
O restante da obra, com mais duas estações (Mucuripe e Iate), além de cercamento e outras obras complementares, deve ficar pronta até o fim deste ano. Em todas as oito estações com operação assistida, existe a presença de oito zeladores e nove postos de vigilância desarmada funcionando 24h. A operação comercial – fase em que será iniciada a cobrança de tarifa – está prevista para iniciar em 2019. 
A previsão de demanda potencial do serviço é de 90 mil passageiros por dia. O projeto final prevê 13,4 quilômetros de extensão com 10 estações, 12 pontes e três passarelas, além da urbanização de inúmeras áreas de 22 bairros da capital cearense, e se integra ao sistema de ônibus da Prefeitura e às linhas Sul e (futura) Leste do Metrô de Fortaleza.
Diário do Nordeste

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