Sesed ainda não associa ataques a ônibus e assassinato à ação de facção

A Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande do Norte (Sesed) trabalha isoladamente os ataques a dois ônibus, e o assassinato de um policial militar no Rio Grande do Norte. Os veículos foram incendiados, durante o fim de semana, no Bairro Nordeste e em Regomoleiro, e o policial foi morto em Parnamirim, na região metropolitana de Natal. No entanto, a informação confirmada à TRIBUNA DO NORTE por fontes do sistema prisional e da Segurança do RN é de que os eventos criminosos têm relação entre si e com os ataques a ônibus em Minas Gerais. Todos teriam sido ordenados por membros de uma mesma facção criminosa no estado potiguar.
Foto: Cedida

As ações teriam ocorrido após denúncias de maus tratos a presos custodiados  no pavilhão 5 da Penitenciária Estadual de Alcaçuz, em Nísia Floresta. O comando de ataque foi ordenado nas primeiras horas da manhã do sábado (2). Por meio da assessoria de imprensa,  a Sesed/RN informou que no momento, as ações estão sendo tratadas separadamente e não teriam relação com ordens de facções criminosas. A Polícia Civil investiga os casos. Dois homens, apontados como suspeitos, se apresentaram à delegacia no fim de semana,  mas até o momento ninguém foi preso.
Fontes ouvidas pela TN afirmaram, no entanto, que os três ataques estão relacionados a uma ordem do PCC emitida no sábado. A mensagem teria sido distribuída após reclamações de agressões de agentes penitenciários dentro do pavilhão 5 de Alcaçuz, o Rogério Coutinho Madruga. O presídio foi palco da morte de 26 presos em janeiro de 2017.
Segundo informações levantadas com pessoas ligadas à segurança pública e sistema prisional, a ala C do pavilhão 5 ficou sem visitas por causa de “reclamações e gritarias” na sexta-feira (1º) e os presos teriam começado a cantar o hino da facção paulista. Pouco tempo depois, uma intervenção de agentes penitenciários foi realizada e teria deixado presos feridos. Um vídeo gravado por mulheres de apenados na sexta-feira mostra uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) na porta do pavilhão enquanto elas reclamavam que presos estariam feridos na unidade após a intervenção. Segundo agentes penitenciários, esse teria sido o motivo para o comando de ataques a ônibus e agentes de segurança dentro e fora do RN.
Por não ter “força” no Estado, os comandos de ataque foram “abraçados” por membros da facção de outros estados. Em Minas, ao menos 30 ônibus e quatro carros foram atacados e incendiados em menos de 24 horas do domingo para a segunda-feira em 17 cidades. A PM mineira informou que prendeu 30 pessoas e e uma das hipóteses de investigação é a ação de facções criminosos. Segundo o porta-voz da PMMG, major Flávio Santiago, os ataques não foram especificamente direcionados a Minas e podem ter ligação com ações no RN e São Paulo.
O soldado Kelves Freitas de Brito estava de folga e foi até uma churrascaria em Parnamirim, onde aguardava para receber um pedido. Dois criminosos teriam encostado no local e efetuado cinco disparos contra a cabeça do homem.  No mesmo dia, um ônibus foi atacado em Natal. Toda a frota foi recolhida durante o sábado. O segundo ataque ocorreu no domingo, em São Gonçalo do Amarante.
Após a morte do cabo, em Parnamirim, a Polícia Militar registrou uma salva de fogos de artifício no “Mar da Galiléia”, na mesma cidade. A PM do RN, no entanto, não reconhece o “salve” contra profissionais de segurança. No RN, a facção paulista é minoria nos presídios e bairros. O PCC está presente na comunidade do Mosquito, Beira-Rio, Batatinha e Japão, nas Quintas, zona Oeste da Capital. Em Parnamirim, o PCC atua no “Mar da Galileia”, em São Gonçalo do Amarante (região metropolitana), nos “Barreiros”, no bairro de Novo Santo Antônio e Olho D’água. No presídio Rogério Coutinho Madruga eles estão abrigados nas alas A e C, enquanto o Sindicato do RN está nas B e D.
O Departamento Penitenciário Nacional (Depen), por meio do diretor Carlos Alencantro, analisa se as ameaças estão saindo do sistema prisional federa e acompanha a situação. Até o momento, nenhuma solicitação para transferência de presos para o sistema federal foi feita. 
A Secretaria de Cidadania e Justiça (Sejuc), disse, por meio da assessoria de imprensa, que não houve “qualquer tipo de problema nas unidades de Nísia Floresta, que permanecem na mais perfeita ordem e tranquilidade”. De acordo com a pasta, na sexta-feira, uma ambulância foi a presídio para atender um preso do Pavilhão 1 do Rogério Coutinho Madruga, que passou mal e foi atendido no local.
Tribuna do Norte

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