Foto: Fábio Miyata/Divulgação |
Terminou na segunda-feira (30) a edição de 2018 da campanha nacional Calçada Cilada, que durante o mês de abril mapeou 2.547 ‘ciladas’ ao pedestre. Se somados os resultados das cinco edições da campanha, foram mais de 6.700 ciladas já mapeadas e denunciadas. Segundo o Instituto Corrida Amiga, idealizador da iniciativa, “o resultado permanece crítico e revela o descompromisso dos gestores públicos para com o pedestre”.
A calçada é uma infraestrutura simples, fácil de ser construída e mantida, e fundamental para a circulação das pessoas. Mas no Brasil, apesar de várias iniciativas para melhorar os passeios públicos, a situação deste elemento da mobilidade urbana continua precária.
A campanha neste ano contou com o apoio de cerca de 30 organizações, distribuídas pelo Sudeste, Centro-Oeste, Sul e Nordeste do país. De acordo com a gestora ambiental e integrante do Corrida Amiga, Silvia Stuchi, o objetivo principal da Calçada Cilada “é engajar a população em favor de cidades caminháveis e acessíveis a pedestres de todas as idades. Inclusive aqueles que tenham alguma restrição física”, ressalta.
Resultados
Durante o mês de abril, pessoas de várias regiões foram mobilizadas a fiscalizar calçadas de suas cidades, priorizando locais com grande fluxo de pedestres, ou seja, próximo a escolas, hospitais, terminais de transportes e outros pontos de interesse.
Foram realizadas em torno de 35 ações para mobilizar as pessoas. “Os principais apontamentos, registrados no aplicativo Colab, que serve de ponte entre sociedade e prefeituras para sinalizar adversidades e propor soluções, foram: calçada irregular, falta de acessibilidade e calçada inexistente”, explica Silvia. Buracos, obstáculos e lixo também apareceram no mapeamento e na tabela de categoria das fiscalizações.
Encaminhamento
No total, 2.547 pontos foram mapeados em 23 municípios de 11 estados do país, com destaque para São Paulo, Rio de Janeiro, Piauí, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e Distrito Federal. As informações serão entregues a prefeitos de cada municipalidade mapeada.
Destacar de forma permanente os problemas nas calçadas é necessário para se ter cidades mais humanas, que garantam o direito de ir e vir a quem caminha, com integração, acessibilidade e segurança pública. “O mapeamento de dados, a mobilização e sensibilização da comunidade, bem como o encaminhamento das fiscalizações ao poder público, podem causar impactos positivos e gerar transformações reais”, observa a diretora do Corrida Amiga.
Em relação ao perfil dos participantes, 35% têm idade entre 30-39 anos; 30,5% entre 20-29 anos. A participação das pessoas com 50 anos ou mais também foi destaque, com 20,3%.
Esta edição de 2018 contou com ações em parceria com grupos de mobilidade de pessoas com deficiência e mobilidade reduzida em diferentes municípios, como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Piracicaba (SP) e Teresina.
Cases positivos
Em São Paulo, o Instituto Corrida Amiga conseguiu o engajamento do poder público – as prefeituras regionais de Vila Mariana e de Jabaquara, na zona sul, forneceram a lista das áreas de maior interesse para que fossem fossem realizados os mapeamentos da campanha de calçadas.
Também em Teresina (PI), a Calçada Cilada contou com o apoio da Prefeitura e também com a participação direta do prefeito em uma das ações. A Secretaria de Planejamento Urbano e a Superintendência de Desenvolvimento realizaram ações para sensibilizar e engajar as pessoas no uso das calçadas, mostrando que são destinadas a pedestres e como espaço de todos, merecem respeito.
Em Brasília e em Curitiba, a campanha contou com a participação ativa do meio acadêmico. No DF, o destaque foi a parceria de colaboradores da UniCEUB, que atuaram para divulgar o debate, e conseguiram engajar os alunos na realização de fiscalizações em calçadas, sempre com o viés do olhar crítico para a acessibilidade. E na capital do Paraná, o Grupo de Estudos em Transportes da UFPR ajudou na realização de conversas com especialistas, num esforço conjunto para trazer a temática à toda a comunidade acadêmica.
Calçada Cilada
A primeira edição da campanha foi em 2014 e trouxe como resultado 33 imagens de calçadas problemáticas postadas nas redes sociais por pessoas interessadas. Nos dois anos seguintes, a convite de um aplicativo, passou-se a reportar as más condições dos pavimentos públicos utilizando o próprio aplicativo e plataforma online.
No ano passado, em parceria com o Colab, foi possível fortalecer a ‘ponte’ prefeitura-sociedade, e muitas das fiscalizações passaram a ser encaminhadas de forma direta ao poder público. No total, foram fiscalizados 1.600 pontos de calçadas irregulares em 2017.
Este ano a campanha evoluiu ainda mais, graças ao contato com prefeituras, que permitiu verificar as áreas de interesse para a realização dos mapeamentos. Destaque também para a grande adesão de pessoas com deficiência na edição de 2018.
O resultado, em números: Em apenas quatro semanas, a campanha conseguiu realizar 35 eventos de mobilização em várias cidades do Brasil. Foram fiscalizados e 2.547 pontos de calçadas irregulares, inexistentes, obstruídas ou inacessíveis, em 23 diferentes municípios de 11 estados do país.
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