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Depois de os aplicativos de corrida terem tornado o sinal para pedir um táxi obsoleto, startups apostam em uma segunda revolução, agora no transporte coletivo.
Entre os planos delas está permitir a contratação de vans e ônibus fretados via aplicativos, agendar viagens rodoviárias a partir da internet e criar linhas dentro das cidades para atender quem faz o mesmo caminho todo os dias.
No app da Bondi, que deve sair nas próximas semanas, será possível fazer chamadas imediatas, em que a corrida é compartilhada com mais passageiros (tal como no Uber Pool), ou agendar viagens para um grupo fechado.
O serviço será oferecido a empresas para que forneçam transporte aos seus funcionários. Também pode facilitar a vida de um grupo que vai junto a um show ou a uma festa.
A empresa informa esperar lançar o aplicativo com 1.300 veículos cadastrados. Serão 750 vans, 150 micro-ônibus e 400 ônibus, todos de terceiros.
“É muito difícil contratar van, ônibus e micro-ônibus, você tem de se preparar com antecedência. Queremos facilitar isso”, diz Henrique Camillo, sócio da companhia.
Outra opção, adotada pela Buser e pela Vamos de Go, é deixar que passageiros indiquem com antecedência a partir da internet de onde saem e para onde gostariam de ir.
A rota é lançada quando as empresas identificam que há número suficiente de interessados em um trajeto para a viagem valer a pena.
A primeira usa o modelo para viagens rodoviárias e a segunda, de Pelotas (RS), para trajetos na própria cidade.
O sócio da Buser Marcelo Abritta diz que o mercado de viagens rodoviárias é engessado por regulações que limitam o número de empresas por trajeto, o que faz com que existam poucas opções para passageiros e mantém os preços elevados.
Segundo ele, as startups têm como principal vantagem poder usar a tecnologia para identificar quais as rotas com maior demanda e, com isso, atender melhor os clientes.
Tal como no caso da Uber, a ideia gera disputas com o mercado estabelecido. A queixa é que esses serviços não precisam cumprir as obrigações de quem oferece transporte público, como atender em horários de demanda fraca.
Zaira Silveira, assessora jurídica do Sindpas de Minas Gerais (sindicato das empresas de transporte de passageiros), que entrou na Justiça contra a Buser, diz que o transporte oferecido pela Buser é ilegal.
Segundo ela, tal como no transporte público, o serviço junta pessoas que não estão na viagem por terem motivação comum.
Em vez disso, compram passagens para um serviço anunciado na internet, com hora de saída e rota definida pela empresa.
“A atividade da Buser é igual à dos aliciadores que agem no entorno dos terminais rodoviários, oferecendo viagens. A única diferença é que a Buser faz por meio virtual”, diz a advogada por e-mail.
Após ter viagens canceladas em março por liminar obtida pelo sindicato, a Buser entrou na justiça em diferentes instâncias e conseguiu uma liminar na 3ª Vara Cível Federal de Minas Gerais que determinou que fiscais da ANTT (Agência Nacional de Transporte Terrestres) e do DER/MG (Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem) não deveriam impedir a realização de viagens da empresa.
Neste ano, a companhia fez 14 trajetos (já incluindo ida e volta), transportando 500 pessoas.
Abritta diz que seu serviço apenas ajuda interessados a se encontrar para fretar ônibus, o que é permitido.
Em nota sobre a atuação da Buser, a ANTT disse que tem se reunido internamente para estudar e avaliar, enquanto agência reguladora, como as novas tecnologias podem contribuir para melhorar a prestação de serviço aos usuários de transporte interestadual, observando ou revendo as normas do setor.
Sobre a mesma companhia, o DER/MG disse que o serviço é proibido e que nenhuma empresa de fretamento está autorizada a fazer viagens com características de transporte público.
Folha de SP