CBTU suspende o Vagão Rosa do Metrô de Recife

Foto: Gustavo Glória
Diante das condições financeiras e da falta de consciência de parte dos passageiros, o Metrô do Recife suspendeu o projeto do vagão rosa – e não deve retomar tão cedo. De acordo com o superintendente da Companhia de Trens Urbanos (CBTU) na Capital pernambucana, Leonardo Beltrão, não existe condições de manter a iniciativa da forma com que ela estava sendo feita. Há a ideia de trabalhar a questão separando as mulheres nas plataformas, para garantir que só elas entrem no espaço, mas não dá para executar enquanto não houver a normalização do caixa da empresa. 

Os testes com o vagão rosa foram realizados em dois trens (nº 36 e 39) no primeiro semestre de 2017. Funcionou por um tempo, mas quando saíram os vigilantes, a orientação passou a ser desrespeitada. Manter o formato de dois vigilantes por vagão seria “insustentável”, alegou o gestor. “O custo que você tem para garantir que o homem não entre no vagão seria quase o mesmo que gastamos em toda a segurança do metrô. Já estamos em situação difícil para operar o sistema. Se destinássemos esse recurso para o vagão rosa, teríamos que parar”, explicou Leonardo. 
Segundo o superintendente, o custo estimado desse efetivo extra para fiscalizar os vagões seria de R$ 15 milhões, enquanto o custo da folha de pagamento dos atuais seguranças – tanto os privados, da empresa BBC, quanto os policiais ferroviários – beiram os R$ 18 milhões. E mesmo que o metrô estivesse em boa situação financeira, seria um gasto que “não se justifica economicamente”. “É interessante que se pense na segurança da mulher, mas não a esse custo. Mesmo que tivesse dinheiro, seria mais interessante investir na melhoria de ar-condicionado, elevadores e escadas, que são as coisas que o público mais reclama”, comentou. 
“Em outras cidades em que existe o vagão rosa não tem vigilante e as pessoas respeitam. O pessoal daqui desrespeitou”, lamentou o superintendente. E enquanto não houver a normalização operacional do metrô, não dá para continuar os estudos necessários. “A gente tem ideia de fazer um trabalho nas plataformas. O local onde fica o último vagão ficaria restrito para mulheres, assim como deficientes e idosos. É um projeto que tenho desde o ano passado, mas devido os problemas financeiros, não dá (para tocar). A prioridade é tocar a operação do sistema”, finalizou. 
Sensação de fracasso – O adesivo até continua colado nos trens 36 e 39. Mas é indiferente: na hora do pico, homens e mulheres avançam para garantir um lugar no vagão, sem se importar com o alerta. A aposentada Maria do Carmo, 65 anos, crê que o projeto “não adiantou de nada”. “Os homens entravam. E não tinha respeito nenhum”, contou.
Folha de Pernambuco

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