Especial UNIBUS RN: Os ônibus executivos presentes na Grande Natal

Infelizmente, o sistema de transporte da grande Natal não
dispõe de itens que contribuem para o conforto do usuário – como a presença do
ar-condicionado nos veículos, por exemplo. O principal motivo para a não
inclusão do ar é o alto custo de manutenção, considerando tarifas defasadas e
falta de subsídios pelos poderes públicos. Historicamente, há um discurso do
segmento empresarial questionando a impossibilidade de arcar com os custos do
atual sistema – composto por ônibus simples, com itens que barateiam a
manutenção (como bancos de fibra e não acolchoada, ou o piso de alumínio ao
invés do emborrachado), além de uma frota relativamente antiga (atualmente a
idade média da frota da grande Natal é de cerca de 8,5 anos), e até mesmo com ônibus usados de
outros estados nas frotas (50.4% da frota da grande Natal) das empresas que aqui
operam linhas.
Mas nem sempre foi assim. Natal e região metropolitana já
tiveram, entre os anos de 1980 e 2000, opções de ônibus com maior conforto disponíveis
aos usuários. O primeiro projeto foi colocado à disposição dos usuários pela
antiga empresa Cidade do Sol.

Tratava-se de veículos do tipo Monobloco Mercedes-Benz,
comprados pela empresa em 1981. Pelo menos cinco ônibus foram anunciados à população,
e o serviço prometia rapidez para o deslocamento de Ponta Negra ao centro de
Natal.
Os ônibus contavam com uma pequena mudança na pintura padrão
da Cidade do Sol: a cor verde, presente na parte interior dos veículos, tinha
menor abrangência na carroceria. Além disso, na frente do veículo, havia o nome
“Opcional” destacado. O padrão de numeração também era diferenciado, de quatro
dígitos – ao contrário da numeração formada por ano do carro + número de ordem
do veículo, utilizado pelas empresas municipais naquela época. Internamente, os
ônibus tinham configuração de ônibus rodoviários.
No fim da década de 1980, um reordenamento nas áreas de
operação das empresas, substituiu a operadora das linhas do conjunto Ponta
Negra. A Cidade do Sol deu lugar a TransFlor, que manteve o serviço opcional.
Em agosto de 1990, inclusive, na ocasião da mudança de códigos das linhas, o
trajeto recebeu a numeração 57 (Ponta Negra/Ribeira, via Praça – Opcional).
A operação do Opcional pela TransFlor também foi através de
veículos do tipo Monobloco – aos quais a empresa teve em sua frota. A empresa
aproveitou o projeto do serviço Opcional e criou outro segmento diferenciado do
transporte entre Ponta Negra e o centro de Natal, desta vez através da Via
Costeira, que foi denominado “Costeira”.
No projeto, os ônibus seguiam o mesmo molde do serviço
Opcional, com a diferença da operação com pintura própria e a retirada da
janela dos ônibus – garantindo grande circulação de ar no veículo e agradando
os usuários que transitavam na Via Costeira, que contemplavam ainda mais o
clima praiano, entre a Ponta Negra e o centro de Natal. Ao mesmo tempo, em dias
de chuvas, o ônibus não podia circular – já que a ausência de janelas permitia
que a chuva invadisse a área interna do veículo. A força dos ventos dentro do
ônibus também era motivo de reclamação dos usuários, contribuindo para o
encerramento do serviço.
Em meados de 1996, foi à vez de a empresa Guanabara colocar
seu Opcional nas ruas. Tratava-se de um ônibus rodoviário, de modelo El Bus, que
operou a linha 77 (Parque dos Coqueiros/Mirassol). Na ocasião, a empresa alegou
o investimento para combater os clandestinos. A proposta era de um serviço
expresso, com mais conforto disponíveis aos usuários. Segundo matéria
jornalística da época, o serviço Opcional da Guanabara não tinha autorização da
secretaria de transportes local, à época. Estima-se que a operação durou pouco
tempo, pois não encontrou viabilidade econômica.
Ainda no final da década de 1990, o projeto mais viável
ganhou as ruas. Trata-se dos Ligeirinhos, que consistia na operação de linhas
urbanas por micro-ônibus, com uma série de especificidades, como o transporte
obrigatório de pessoas sentadas; pagamento obrigatório de tarifa inteira ou
vale-transporte; e a proposta de viagens mais ágeis, confortáveis e tranquilas
para os usuários.
Anos após a implantação do Ligeirinho, houve permissão para
que até cinco passageiros pudessem ser transportados em pé, e a partir dai, a
superlotação dos veículos passou a acontecer e prevalecer. A proposta de um
sistema “Opcional” foi aos poucos deixada de lado, inviabilizando o serviço.
Entre o final dos anos 1990 e início dos anos 2000, as empresas urbanas também colocaram em práticas medidas que aumentavam o conforto nos ônibus. Guanabara e Riograndense optaram pela venda de picolés e sorvete dentro dos ônibus. Cidade das Dunas e Santa Maria instalaram TV em alguns de seus veículos. Além disso, na Santa Maria, parte da frota ganhou bancada rodoviária. Os ônibus do modelo Torino GV operaram as linha 35 (Candelária/Rocas, via Praça) e as de Cidade Verde, como Eucalíptos, na área semi-urbana.
A prática da substituição dos bancos comuns por rodoviários nos ônibus urbanos voltou a ocorrer em 2008, quando a empresa Riograndense, então operadora das linhas
urbanas, reformou um veículo já presente em sua frota, retirando a bancada convencional e trocando por bancada rodoviária. Tratava-se do carro 06029, do modelo Urbanuss,
fabricado pela Busscar. Como o ônibus fazia a operação comum, sem qualquer
diferenciação pelo fato de ter os bancos rodoviários, o alto índice de
reclamações sobre o pouco espaço que restou no corredor e as dificuldades para
os usuários caminharem no coletivo se sobressaíram – possível mesmo motivo que levou a Santa Maria a também retirar a bancada rodoviária de seus ônibus. O veículo da Riograndense operou as linhas da
empresa até o ano de 2010. Ainda chegou a ser transferido para a região
metropolitana, se tornando fixo da linha semi-urbana 132 (Cidade das
Flores/Centro), mas em 2010 perdeu os bancos rodoviários, e uma nova reforma
reinseriu a bancada original.
 
Antes dele, os micros que a empresa teve, do modelo Micruss, e disponibilizou a operação nas linhas urbanas e metropolitanas, também tinham bancada e configuração rodoviária.
Na região metropolitana de Natal, um destaque para a
operação com ônibus “executivos” fica por conta da empresa Trampolim da
Vitória. No final dos anos 1990, a empresa colocou em operação micros com ar
condicionado, aposentados na primeira metade dos anos 2000, substituídos por
outros micros, convencionais.
No início dos anos 2000, a Trampolim foi além e
disponibilizou um ônibus de grande porte. Tratava-se do carro 201, um ônibus
rodoviário, do modelo Andare Class, produzido pela Marcopolo, que operava as
linhas da empresa. Ele contava com ar-condicionado, garantindo uma operação de
alto conforto nas linhas semi-urbanas. Devido o alto custo da manutenção do
veículo, ele foi aposentado precocemente: em meados de 2006, já não se podia
mais vê-lo rodando.
A empresa disponibilizou outros três ônibus com
ar-condicionado e bancada rodoviária em operação nas suas linhas. Estes, porém,
tinham configuração urbana. Um ônibus do modelo Svelto e dois Urbanuss Pluss
permaneceram na frota da Trampolim até 2010.
Também é possível considerar que algumas operações da região
metropolitana, pela qualidade com que foram (ou ainda são) operadas, constituem
a presença de ônibus executivos nas linhas da grande Natal.
Foi o caso da empresa Barros, que por anos operou as linhas
da região de São José de Mipibu, com ônibus rodoviários ou urbanos adaptados
para configuração rodoviária. Alguns dos micro-ônibus, em determinado período,
possuíam e operavam as linhas com ar-condicionado. De toda forma, toda sua
frota possuía bancada rodoviária e cortinas nas janelas, além do embarque e
desembarque pela porta frontal – as exceções para essa questão ficaram por
conta dos últimos ônibus zero quilômetro comprados pela empresa, do modelo
Torino, que possuíam três portas.
Após ser vendida para o grupo da Trampolim da
Vitória, que a transformou na empresa Litorânea, a frota inteira passou a ter o
mesmo critério de embarque e desembarque pelas portas dianteiras e traseiras e
o conforto dos veículos visivelmente decaiu – já que os bancos rodoviários, ou
ao menos acolchoados, foram substituídos por bancos de fibras, presente na
maioria dos antigos carros que fazem parte da frota da empresa. Por sorte, as
cortinas nas janelas, inibindo a entrada do sol para o interior do veículo,
ainda permanecem.
O maior destaque atual fica com a empresa Expresso Cabral. A
empresa que se originou operando linhas intermunicipais de longa distância,
atua na região metropolitana de Natal desde 2009, quando passou a operar a
linha Ceará-Mirim/Natal (Centro). Para a atuação, ônibus e micro-ônibus
rodoviários – da frota da Cabral – são escalados, atendendo com conforto aos
usuários, especialmente se comparados aos veículos das empresas Oceano e Cidade
das Dunas que também operam o trecho (Ceará-Mirim/Natal [Rodoviária]), com
ônibus de configuração urbana, alguns deles antigos e desconfortáveis.
UNIBUS RN

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