Para reequilibrar custos, Natal pode ficar sem ônibus aos domingos, sugere Seturn

O Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros de Natal (Seturn) enviou nesta quarta-feira, 28, uma lista de pedidos à Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (STTU) relacionados ao corte de custos e reequilíbrio financeiro das companhias de ônibus. Entre as ações pleiteadas pelos empresários, estão o encerramento das viagens noturnas (a partir das 22h) e até a suspensão dos serviços aos domingos.

Segundo Nilson Queiroga, consultor técnico do Seturn, as ações poderão ser adotadas nos próximos dias, caso o Município não acelere o processo de reajuste das tarifas de ônibus em Natal. “As empresas trabalham com prejuízo. Temos, hoje, uma perda mensal de R$ 1,2 milhão”, justifica.
Os pleitos das empresas foram entregues durante a reunião mensal do o Conselho Municipal de Transporte e Mobilidade Urbana (CMTMU). O encontro ocorreu na sede da Secretaria de Mobilidade.
Dados do Seturn apontam que há uma defasagem de 7,35% nos custos da tarifa. “Isso representa R$ 0,25 da tarifa cheia. Não podemos suportar esta situação e, caso não ocorra a alta da passagem, vamos adotar estas medidas”, argumenta o consultor do Seturn.
De acordo com o Seturn, o corpo jurídico da entidade irá traçar estratégias para adotar as medidas de corte de gastos. Contudo, ainda não foi delimitado prazo para adoção das medidas. “Ainda não temos uma data, mas não vamos esperar muito tempo para agir”, ressalta Nilson Queiroga.
Para alcançar o reequilíbrio financeiro, o Seturn quer reduzir a oferta do transporte noturno, funcionar apenas das 6h às 22h, adoção do transporte complementar aos domingos (reduzindo a oferta de ônibus), cobrança de 50% na utilização da integração temporal e, por fim, a desoneração do ISS e ICMS no consumo de óleo diesel.
O Seturn, em novembro passado, encaminhou à STTU pedido de aumento de 9,25% na tarifa de ônibus urbano. Com a solicitação, a passagem poderia subir dos atuais R$ 3,35 para R$ 3,66.
O impasse na alta das tarifas também está emperrando a negociação salarial dos trabalhadores do sistema transporte de Natal. Os empresários e rodoviários terão um novo encontro na próxima sexta-feira, 02. As empresas sugerem 2% de aumento, enquanto que os rodoviários querem 2,5%. Atualmente, os operadores do sistema recebem R$ 1,969.
Segundo Nilson Queiroga, as empresas não irão aumentar salários, no momento – a data-base é 01 de maio. As empresas irão esperar uma posição do Município sobre o aumento das tarifas de ônibus. “Nós já estamos no prejuízo e não podemos aceitar mais custos. O acordo salarial está travado”, argumenta.
Segundo a titular da STTU, Elequicina dos Santos, os pedidos sinalizados pelas empresas são “descabidos”. Ela argumenta que o estudo sobre a alta das tarifas só poderá ser feito com a consolidação do acordo salarial dos trabalhadores do sistema público de transporte. “Sem o resultado do aumento salarial dos rodoviários, nós não podemos analisar a planilha de custos das empresas e, com isso, definir a nova tarifa”, justifica.
No entanto, ela avalia que será inevitável o reajuste das tarifas. Além disso, o Município só pode determinar a alta na tarifa 12 meses após o último reajuste, que ocorreu em 18 de abril do ano passado – passando de R$ 2,90 para os atuais R$ 3,35. “O aumento será dado, mas não agora. Já temos estudos sobre a alta dos custos de insumos”, argumenta Elequicina dos Santos. A STTU já delimitou que houve um aumento de 8,75%, em 2017, dos insumos do sistema (óleo diesel, rodas, peças e demais equipamentos).
Fetronor apoia reajustes e sugestões para evitar aumento de tarifas
Foto: José Aldenir/Agora Imagens
O presidente da Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Nordeste (Fetronor), Eudo Laranjeiras, concordou com o pleito do Seturn para aumentar o preço das tarifas. Ele avalia que os constantes aumentos no preço dos combustíveis é justificativa para que a STTU acolha o pleito do sindicato.
“Devido a esses aumentos constantes do óleo diesel e dos combustíveis que inviabilizaram a equação que já existia, há uma necessidade, realmente, de um realinhamento dos preços para manter os serviços funcionando normalmente”, disse.
Eudo Laranjeiras também demonstrou apoio às alternativas dadas pelo Seturn para evitar o aumento das passagens, como o fim do tráfego noturno a partir das 22h, e nos domingos. “Acho que essas alternativas são válidas. Tudo o que for feito para reduzir de custo e não aumentar a tarifa, levando em conta a questão dos impostos, são ações que podem conseguir barrar por um certo tempo o realinhamento de preço”, apontou o presidente da Fetronor.
Agora RN

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