Foto: Fábio Guimarães / Agência O Globo |
Na licitação prevista pela prefeitura para a construção das 11 estações restantes do sistema BHS da Transoceânica, a estimativa de custo é de R$ 36,7 milhões — uma média de R$ 3,3 milhões para cada estrutura. No entanto, as duas que já foram instaladas em Itaipu e Charitas, há mais de um ano, já estão degradadas sem nunca terem sido usadas. Com os acessos livres, o mobiliário dos equipamentos foi saqueado, e as estruturas passaram a ser usadas como abrigo.
A estação de Charitas é a que está em piores condições. Os equipamentos elétricos que liberam o acesso pelas portas de vidro estão quebrados, com fios pendurados. As ligações parecem ter sido arrebentadas, e alguns componentes, furtados. O GLOBO-Niterói esteve no local na última quarta-feira e constatou outros problemas: o vaso sanitário foi retirado de um banheiro, e as luminárias do teto estão despencando. Há muita sujeira dentro da estação. Cobertores deixados no local indicam que ele vem sendo usado como abrigo durante a noite. Segundo uma funcionária que trabalha em frente, na estação de catamarãs Charitas, falta segurança ao local. Sem se identificar, ela lamenta que não tenha um vigia:
— Todo dia tem alguém aí dentro. Dormem, bebem e usam drogas, mas ninguém tem coragem de reprimir porque parece gente perigosa. É uma pena, porque, quando for começar a funcionar, vai precisar de reforma.
Na estação de Itaipu, os problemas se repetem. Houve invasão e furto de aparelhos que seriam usados para videomonitoramento. Há muita sujeira, mau cheiro e garrafas de bebida vazias.
A prefeitura não deu previsão para o início de operação do corredor BHS da Transoceânica nem para o funcionamento das estações. Sobre o estado de degradação das estações de Charitas e Itaipu, diz em nota que “já enviou uma equipe ao local para o reparo necessário” e que reforçará a segurança na área.
Um levantamento publicado pelo GLOBO-Niterói em agosto mostrou que o custo previsto para a construção dos 11 terminais ainda pendentes na obra é 51% mais alto do que o estimado inicialmente no orçamento de 2014. A licitação para essa fase da obra chegou a ser anunciada em setembro, mas foi adiada porque o Tribunal de Contas do Estado não liberou o edital. Na semana passada, o prefeito Rodrigo Neves foi à Câmara e disse que é “pouquíssimo provável” que o sistema BHS comece a operar no primeiro semestre deste ano. As empresas de ônibus continuam resistindo a arcar com os custos de adaptação da frota.
O Globo