No Rio de Janeiro, ônibus do BRT circulam fora do horário, sem ar-condicionado e com assentos rasgados

Enquanto acontece uma dança das cadeiras na cúpula dos transportes do Rio, nas ruas, os passageiros sofrem com a má qualidade dos serviços. E, nos tribunais, continua o sobe e desce das tarifas dos ônibus, algo que empresários do setor alegam estar por trás da precariedade.
Foto: Guilherme Pinto

Na noite desta quarta-feira, a juíza Roseli Nalin, da 15ª Vara de Fazenda Pública, concedeu liminar exigindo que a prefeitura reajuste o valor das passagens para R$ 3,60, cumprindo assim os termos do contrato de concessão firmado com os quatro consórcios que operam as linhas da cidade.
Hoje, o valor é R$ 3,40, também devido a outra determinação legal. A medida deve ser cumprida em dez dias, a partir da intimação. Ainda cabe recurso.
A frota está mais abandonada do que nunca. A velha queixa da falta de ar-condicionado é a mesma todo o verão. Nesta quarta-feira, o arquiteto Glauco Costa, de 50 anos, secava o suor da testa com um lenço de papel. A aposentada Lacy Romeiro, de 74, lamentava ter esquecido o leque em casa. O promotor de vendas Samuel Cardoso, de 35, tirou a camisa para não chegar molhado ao trabalho.
— No começo, era uma maravilha. O ar-condicionado era tão gelado que as pessoas traziam casaco. Hoje, o calor é insuportável, e os ônibus estão caindo aos pedaços — desabafou Samuel.
A falta de ar-condicionado é apenas uma das acaloradas críticas dos usuários do BRT Transoeste. Na manhã desta quarta-feira, no trecho do corredor exclusivo que corta a Barra, inaugurado em 2016, veículos articulados circulavam com as portas abertas, assentos rasgados e pichações na lataria.
Nas estações, passageiros olhavam ansiosos para o relógio, denunciando a irregularidade nos intervalos entre as viagens. A falta de segurança nas estações é tema recorrente.
— Meu filho de 16 anos teve um celular roubado recentemente dentro do BRT. Era fim de tarde, entre o Terminal Alvorada e a Estação BarraShopping. É um retrato do abandono do sistema — lamenta Glauco Costa.
Diretora de relações institucionais do consórcio que opera o sistema, Suzy Balloussier atribui as falhas à crise financeira enfrentada pelo setor:
— As empresas estão deixando de fazer a manutenção preventiva.
O Rio Ônibus, sindicato das empresas, informou que o congelamento do valor da tarifa “vem reduzindo gradativamente a capacidade de investir em manutenção e renovação da frota”.
O Globo

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