Foto: Divulgação – Estado |
Com 3 milhões de usuários cadastrados no Brasil, a Cabify está numa situação complicada no País. Após disputar espaço com Uber e 99 nos últimos anos, a empresa se vê neste início de 2018 em um incômodo terceiro lugar no mercado – bem atrás dos rivais, que têm 10 milhões e 17 milhões de usuários, respectivamente. Para tentar ganhar força, a empresa está se reestruturando, enxugando escritórios regionais e focando seu crescimento por regiões, mas fontes de mercado veem com preocupação o momento pelo qual o aplicativo espanhol passa no País.
Segundo apurou o Estado, dezenas de funcionários de escritórios regionais da empresa foram demitidos nesta semana. “Estamos reestruturando determinadas áreas, de encontro ao crescimento da empresa no país”, respondeu a companhia, em nota, ao ser questionada sobre o assunto.
Presente no Brasil desde 2016, a empresa funciona hoje em nove cidades do País, na tentativa de oferecer uma alternativa “premium” aos serviço de carona paga, também oferecido por Uber e 99. No ano passado, o aplicativo espanhol levantou US$ 200 milhões para financiar sua expansão por aqui. Um dos esforços nesse sentido foi a fusão com a Easy (ex-EasyTaxi), em junho de 2017, por valores não revelados. Agora, a empresa diz que vai usar o restante do aporte para melhorar o atendimento nas cidades em que já está presente — São Paulo, Campinas, Santos, Praia Grande e ABC Paulista.
Para Benjamin Rosenthal, professor da Escola de Administração de Empresas da FGV-SP, as demissões nos escritórios são a primeira sinalização da empresa de que sentiu o baque da concorrência. Há duas semanas, a brasileira 99 que disputava a segunda posição do mercado com a Cabify foi adquirida pela chinesa Didi Chuxing, maior rival global do Uber. “Quando a empresa começa a enxugar as equipes regionais pode indicar que vai centralizar sua operação em São Paulo. É uma estratégia estranha para quem comprou um rival há menos de um ano”, diz o professor.
Possibilidades. Apesar de estar na lanterna das principais empresas do mercado, a Cabify não desanima. Ricardo Weder, presidente executivo global da companhia, diz que a empresa não está preocupada com a polarização entre Uber e 99.
“2017 foi um ano que realmente consolidou a indústria, como um setor que terá uma longa vida no mercado”, disse o executivo. “Quanto melhor são jogadores que estão envolvidos na indústria, melhor será o seu desenvolvimento, gerando um impacto positivo na mobilidade urbana em várias cidades ao redor do mundo.”
A falta de capital pode ser uma dificuldade para a Cabify crescer no País. Na competição com duas multinacionais, a startup perde em números de investimentos – . “Sem ter o mesmo nível de capital que as concorrentes, a Cabify terá que buscar outras estratégias que não a competição frontal para seguir competitiva”, diz o empreendedor Felipe Matos, autor do livro 10 Mil Startups.
O Estado de SP