Rio: BRT não tem mais ônibus biarticulados

No fim de 2014, o BRT anunciava a chegada de um ônibus biarticulado — o primeiro prometido — com capacidade para 270 pessoas, que circularia no corredor Transoeste. Fato celebrado por permitir maior capacidade de escoamento de passageiros. Pouco mais de três anos depois, porém, os veículos desse tipo não existem mais no sistema: nas últimas semanas, os dois remanescentes foram devolvidos aos fabricantes pelas empresas Redentor e Translitoral.
Foto: Paula Johas – Casa Digital

Tratado como principal projeto de mobilidade urbana da cidade pela adminstração Eduardo Paes, o BRT sempre conviveu com problemas no serviço, mesmo que o tempo de viagem tenha sido reduzido em vários trajetos. A superlotação nos ônibus e os buracos no asfalto eram reclamações comuns dos passageiros. Para piorar, em 2017 as dificuldades se agravaram e o consórcio BRT Rio, que chegou a ameaçar interromper a operação por causa dos atos de vandalismo cometidos nas estações, entrou em colisão com a Secretaria de Transportes. Nesse quadro, o fim dos ônibus biarticulados é mais um episódio da derrocada do modal.
Apesar da promessa de melhorar o funcionamento do BRT, os biarticulados, que circulavam apenas no corredor Transoeste, nunca conseguiram causar grandes impactos. Inclusive, muitos passageiros do sistema dizem que nunca viam os veículos na pista. É o caso de Rodrigo Albuquerque, membro do conselho de moradores de Barra de Guaratiba e usuário do BRT.
— Nunca peguei um biarticulado e nem vi passando. Era como uma lenda urbana, a gente ouvia falar, mas não via — afirma Albuquerque, que faz críticas ao serviço do modal. — Os ônibus estão precários e ficam superlotados. E não tem integração tarifária com o metrô; por isso, muitos trabalhadores acabam não usando a Linha 4.
Para Simone Kopezynski, presidente da Associação de Moradores do Recreio, o BRT se transformou num “pau de arara moderno”:
— Sem os ônibus biarticulados, a capacidade do modal fica menor. Há a linha expressa, sem trânsito, mas os ônibus não conseguem dar vazão. A população é tratada como gado, muito empurra-empurra. O que deveriam ter feito aqui era o metrô.
Procurado, o consórcio BRT Rio afirmou que os fim dos biarticulados reflete a crise que as empresas atravessam. Questionada sobre os motivos da devolução dos veículos, a Rio Ônibus respondeu que não se pronunciaria.
O Globo

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