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O já conhecido otimismo de Roberto Cortes, o CEO da MAN Latin America, segue inabalado após a crise que derrubou as vendas de caminhões nos últimos anos. Após o setor enfim ter voltado a crescer no ano passado, com alta de 3,5% na demanda, o executivo projeta expansão mais ambiciosa para este ano. “Traçamos um cenário conservador, de alta de apenas 2%, mas o potencial real é de expansão de 20% do mercado se as condições da política e da economia se mantiverem”, disse em entrevista a Automotive Business.
O panorama de Cortes é bem mais generoso do que o traçado pela Fenabrave, entidade que representa os concessionários e anunciou projeção de crescimento de 8,6% para as vendas de caminhões em 2018, para 72,9 mil unidades (leia aqui). “Sou conhecido pelo meu otimismo, mas no fim das contas acabo acertando muito. Não são palpites gratuitos. Todos os panoramas que traço são baseados em dados”, diz.
Ele conta que, as linhas que apontam para o crescimento futuro se baseiam na melhoria dos indicadores macroeconômicos, na perspectiva de realização da reforma da previdência e, ainda, em um processo eleitoral que siga o curso natural da democracia, sem grandes surpresas.
MAN PRETENDE CRESCER MAIS
Se o olhar de Cortes é positivo para o mercado, quando vai traçar a expectativa de resultado para a MAN Latin America o executivo fica ainda mais otimista. “Vamos crescer entre três e quatro pontos acima da média do mercado este ano”, diz. A expectativa dele é colher os bons frutos da nova linha Delivery, lançada no ano passado, que coloca a MAN para competir entre os veículos de carga semileves, segmento em que não atuava até então. A novidade começou a ser vendida na Fenatran, em outubro do ano passado, e já rendeu bons resultados para o fechamento de 2017. “Ganhamos participação no segmento de caminhões. Boa parte da nossa produção do primeiro trimestre já está quase toda ocupada para repor os estoques das concessionárias”, conta. A montadora destaca ter ocupado as três primeiras posições no ranking dos caminhões mais vendidos com os VW Delivery 8.160, o Delivery 10.160 e o Constellation 24.280. Juntos os três modelos somaram 6,6 mil emplacamentos. Apesar disso, seguiu no segundo lugar em vendas no ranking geral, liderado pela Mercedes-Benz.
Cortes defende que o mercado brasileiro tem potencial para se estabilizar entre 130 mil e 140 mil caminhões por ano, algo que pode acontecer a partir de 2019. “A Argentina é uma referência interessante para nós. Em uma condição com semelhanças com o Brasil, com crise política e econômica, eles recuperaram em um ano as vendas que tinham encolhido 50%”, diz. O executivo lembra que a frota nacional é antiga, com 17 anos, em média, enquanto nos países desenvolvidos esta idade é de 7 anos. “Com os juros em queda e a necessidade de renovar, a prestação de um veículo novo passa a caber no preço do frete e o empresário pode retomar as compras mais rápido do que esperamos.”
PRODUÇÃO E EXPORTAÇÕES ACELERAM
Ao longo do ano passado, à medida que a demanda do mercado se recuperava, a empresa retomava o ritmo de sua fábrica em Resende (RJ). A planta trabalha atualmente em um turno cheio de produção, com uma hora extra por dia e operação também aos sábados.
A MAN fechou 2017 com 25,5 mil caminhões produzidos ali, crescimento de 15% sobre o volume de 2016. Deste total, 28% foi exportado e o objetivo é seguir ampliando a participação no mercado externo. “Ultimamente as exportações ganharam importância porque a demanda interna caiu. Nos próximos anos, mesmo com a recuperação, queremos garantir que 35% da nossa produção seja para outros mercados”, conta. O plano é parte da estratégia de internacionalização da marca Volkswagen Caminhões e Ônibus.
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