O Grupo Borborema atua nos segmentos de transportes urbano, rodoviário e fretamento com forte presença nos Estados de Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia. Hoje fazem parte deste grupo as Empresas; Borborema Imperial Transportes, Real Alagoas de Viação, Real Alagoas Transporte Coletivo, Franciscana Transporte e Rodoviária Borborema, juntas essas empresas operam uma frota de 1.100 veículos. Mas todo esse império de transportes nordestinos se deve por conta do empenho de seu fundador, que em meio as dificuldades soube construir um patrimônio que é referência no cenário nacional.
Arthur Bruno Schwambach praticamente atravessou o País, do Sudeste ao Nordeste, para chegar ao cenário do seu triunfo. Até certo ponto, foi empurrado pelos acontecimentos. Tal como no caso de outros pioneiros, sua sorte esteve diretamente ligada ao desenrolar da Segunda Guerra Mundial.
Arthur Bruno nasceu no dia 5 de setembro de 1920, em Baixo Guandu, no estado do Espírito Santo. Seus pais, Maria Amélia e Pedro Schwambach Júnior, eram pobres e trabalhavam na lavoura e no comércio para manter os filhos. O pai morreu quando ele tinha 14 anos de idade. Sendo o filho mais velho, tocou-lhe a responsabilidade de assumir o sustento da família. Continuou trabalhando como agricultor, sacrificou o estudo e o lazer, e assim garantiu a manutenção dos irmãos e da mãe.
Aos 17 anos, foi convocado por sorteio para servir ao Exército. Encarou a convocação como garantia de um soldo com que manter a família, e, ao mesmo tempo, uma boa oportunidade para adquirir novos conhecimentos. Não a desperdiçou. Os recrutas podiam fazer cursos para mecânico de automóvel, motorista e datilógrafo. Arthur fez os três. Sua intenção era conseguir um emprego estável depois que desse baixa.
A Segunda Guerra se desenrolava na Europa e havia possibilidade de o Brasil vir a tomar parte no conflito. Ainda não tinha havido uma definição quanto a isso quando o rapaz foi transferido para o 1o Batalhão de Engenharia, na Vila Militar, na cidade do Rio de Janeiro. Para grande preocupação de sua mãe, com a transferência aumentaram as possibili-dades de Arthur Bruno ser incorporado à futura Força Expedicionária.
Brasileira, embora fosse arrimo de família. O País iniciava os preparativos para a hipótese de ter de enviar um contingente de oficiais e soldados aos campos de batalha da Itália.
A incorporação à FEB pareceu mais próxima ainda com o seu des-locamento para Natal, no Rio Grande do Norte, onde os Estados Unidos haviam instalado uma base militar. A seguir, houve mais uma transferência, desta vez para o Recife. Durante todo o tempo, Arthur Bruno continuava mandando a maior parte de seu soldo para a família, que permanecia no Espírito Santo.
Ele ainda acreditava na possibilidade de embarcar para a Itália quando o conflito mundial terminou. Enquanto isso, havia conquistado sucessivamente as promoções a 3o e a 2o sargento. Foi então transferido para Campina Grande, Paraíba, e promovido a 1o sargento. Decidiu continuar na tropa por mais algum tempo.
Acabou ficando seis anos. Somente em junho de 1951, ainda em Campina Grande, Arthur Bruno pediria baixa do Exército. Já vinha amadurecendo o projeto de montar uma pequena empresa de transporte de passageiros, e assim que deixou a Arma passou imediatamente à ação. Começou com um único ônibus, construído sobre o chassi de um caminhão Chevrolet 1946, e um só funcionário, que era ele próprio. Os conhecimentos de mecânica automotiva adquiridos naqueles anos lhe seriam agora de muita utilidade. Dirigia de dia e, à noite, fazia os consertos necessários, além da limpeza do veículo. Assim nasceu a Borborema. Havia em Campina Grande uma companhia chamada Rainha da Borborema. Pediu e obteve a autorização dos proprietários para usar o mesmo nome na cidade do Recife.
Não houve mágica, mas muito trabalho. Seu sucesso dependia fundamentalmente dele próprio e, principalmente, da sua certeza de que, somente fazendo muita economia e reinvestindo no negócio tudo o que pudesse, teria a chance de construir uma empresa. Por isso, entrou de corpo e alma na atividade. Sua primeira linha urbana ligava a Casa Amarela, no centro da cidade, ao bairro de Nova Descoberta. Peças e componentes necessários para manter o veículo rodando eram comprados em ferro-velho, e recondicionadas por ele. O velho ônibus tinha que vencer ruas cheias de buracos e de lama, e ainda disputar espaço com as carroças e carros de boi.
Também era preciso dividir todo o dinheiro que entrava: uma parte ia para as atividades de cultivo das terras deixadas pelo pai, no Espírito Santo; a outra era empregada na expansão do negócio de ônibus. Nada era desperdiçado. Comprava para ele somente o indispensável, aquilo que não podia ser deixado para depois. Naqueles tempos difíceis, nunca lhe faltou o apoio de sua mulher, Augusta, a quem conhecera no Rio Grande do Norte, e dos filhos Pedro, Maurício e Zélia, ainda pequenos. Com tanto esforço, em quatro anos, conseguiu montar uma frota de 30 ônibus GMC, que usuários irreverentes apelidaram de chocadeiras, por serem muito quentes. Em 1959, conseguiu adquirir seus primeiros ônibus Mercedes-Benz LP 312, muito mais confortáveis, com encarroçamento Caio, Cermava e Grassi.
Mais tarde, Arthur Bruno Schwambach ingressou na operação de linhas intermunicipais e interestaduais, não sem antes examinar todas as possibilidades, adotar todos os cuidados e certificar-se exatamente do que estava fazendo. Certa vez, por exemplo, estava interessado em adquirir uma operadora alagoana chamada Empresa Santanense. Chamou um funcionário de sua confiança e pediu-lhe que fizesse várias viagens em ônibus da Santanense. Depois de uma semana e idas e vindas, o funcionário elaborou um relatório com as informações de que Schwambach precisava para tomar a decisão. A compra foi feita e a empresa passou a chamar-se Real Alagoas. Opera transporte interestadual.
O modo peculiar como o empresário vê os negócios orientou o crescimento e o desenvolvimento das empresas do Grupo Borborema. Ele sempre achou que, por si só, o aumento da demanda por transporte não devia bastar aos objetivos da Borborema. Por isso, trabalhou na racionalização e na perfeita adequação dos serviços à realidade do mercado regional. Foi esse o motivo pelo qual preferiu não estender demasiadamente suas linhas, mesmo quando as oportunidades apareceram.
No decorrer dos anos, o empreendimento cresceu e a marca Borborema tornou-se cada vez mais conhecida pela qualidade e eficiência dos seus serviços. Novas frentes de negócios foram abertas e outras empresas vieram para o Grupo Borborema, entre elas a Borborema-Imperial, a Real Alagoas de Viação (Maceió), a Rodoviária Borborema e a Real Transportes Urbanos, além de concessionárias de automóveis e caminhões.
Fortalbus