Os problemas de insegurança nos transportes públicos têm crescido no país, via de regra como um reflexo do problema mais geral. No entanto, os assaltos ao interior de veículos têm preocupado certas regiões metropolitanas de algumas capitais, como Curitiba, mais recentemente.
Em alguns locais medidas pontuais têm sido tomadas, como vimos noticiando aqui. Seja através da adoção de aparatos tecnológicos – em Fortaleza o governo do Ceará utiliza detectores de metais nas abordagens policiais dentro dos ônibus em Fortaleza e Região Metropolitana –, seja com a participação conjugada de esforços comuns, como no caso de Recife, com que criou a “Força-tarefa Coletivos”, uma parceria entre o Grande Recife Consórcio de Transporte e as empresas de ônibus.
Em Belo Horizonte, apesar do número de assaltos no interior dos ônibus estar em queda este ano, mesmo assim ainda são ainda são registradas diariamente 5 ocorrências de assalto. São dados da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp), com base nos casos oficialmente registrados nas polícias Civil e Militar. Na verdade, de acordo com o Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários de Belo Horizonte e Região (STTRBH), a média mensal de assaltos é de 200, o que eleva a média diária para 6. Um número alto para um sistema de transporte que responde por 1,5 milhão de viagens/dia na cidade.
Sempre é bom lembrar o significado do termo “assalto”: ataque com uso de força, envolvendo portanto violência. Está descrito no artigo 157 do Código Penal, e é um crime bem mais grave do que o furto.
Por esse motivo, esse time de crime assusta aos usuários do transporte coletivo, pois a chance de culminar em algo pior, com o uso da violência pelo criminoso, é muito grande. Na Região Metropolitana de Curitiba a revolta dos trabalhadores do sistema de transporte cresceu após um motorista ter sido assassinado no interior de um ônibus, em Colombo, no mês de julho, vítima de um assalto. Em Belo Horizonte uma vítima recente foi o professor da Faculdade de Medicina da UFMG, Antônio Leite Alves Radicchi, de 63 anos, assassinado a 10 facadas após ter sua mochila roubada na segunda-feira (13).
Os roubos dentro dos ônibus em BH estão diminuindo, segundo os dados fornecidos pela Sesp. Quando comparados os oito primeiros meses de 2017 com mesmo período do ano passado, tem-se 1.386 registros de janeiro a agosto deste ano (média de cinco por dia), contra 1.695 de 2016, queda de 18,24%. Em 2016 foram 2.672 ocorrências.
Se os dados oficiais apontam diminuição no registro de ocorrências, o sindicato que representa a categoria de motoristas e cobradores, o STTRBH, aponta o oposto: diz que há um aumento nos casos. Para o sindicato, os assaltos saltaram da média mensal de 170 em 2016 para, este ano, a média mensal de 200 assaltos.
Para o Sindicato a explicação é que nem todos os casos são registrados pelas vítimas. Mesmo assim, se reúne com o Comando de Policiamento da Capital (CPC) a quem repassa informações sobre locais onde mais ocorrem os crimes.
Diário do Transporte