Foto: Gabriela Biló/Estadão |
Foi a gota d’água. Depois de levar mais de duas horas para percorrer um caminho que poderia levar minutos, a jornalista e publicitária Chantal Brissac, de 56 anos, desviou para a primeira transversal avistada, estacionou, desceu do carro e foi a pé até chegar em casa. Logo depois, ela vendeu seu automóvel e aderiu ao transporte público. O passo seguinte, foi criar um projeto – lançado há cerca de três semanas – para incentivar mais pessoas a fazerem o mesmo: o Bus Anjo.
Assim como na rede colaborativa Bike Anjo, a proposta do Bus Anjo é reunir pessoas dispostas a ensinar outras a utilizar um meio de transporte. Só que em vez de acompanhar alguém nas primeiras pedaladas, a ideia é auxiliar quem não costuma andar de ônibus. “Sentia, por experiência própria, que pessoas de classe média e de classe alta não usam por medo, às vezes por preconceito”, comenta Chantal, uma das sócias da startup ProColetivo. “As pessoas ficam sem saber. Não tem muita sinalização indicativa nos pontos. Não tem campanhas suficientes incentivando, mostrando as linhas”, aponta.
O projeto cria roteiros de transporte, indica aplicativos e também acompanha as pessoas nos primeiros passeios no ônibus. “A ideia é que o voluntário acompanhe, sente junto, converse, mostre que o ônibus é legal.”
Por “experiência própria”, ela diz que a transição pode ser difícil e que contou com o incentivo de uma colega de trabalho para começar a deixar o carro progressivamente. “Tem aquela ideia que sem carro você não anda em São Paulo. Descobri que, em algumas regiões, é o contrário”, comenta ela.
Centro e bairros nobres. O projeto tem como principal público-alvo a população de classe média e de classe alta paulistana que vive em bairros “bem servidos de transporte público”, como Moema, Pinheiros e o centro expandido. “É um público que costuma andar de ônibus e metrô quando vai viajar para fora do País, tira selfie, mas aqui acha que é feio, sujo, não conhece”, compara.
Para ela, incentivar pessoas mais abastadas a usar o transporte público é uma forma de desafogar o trânsito e também de incentivar melhorias no metrô e no ônibus. “Só ando de transporte coletivo, a pé e às vezes chamo carro por aplicativo. Fiquei menos estressada, mais à vontade, ganhei liberdade, desço no lugar que eu quiser sem precisar procurar vaga para estacionar”, recomenda.
Público. Segundo Chantal, nas duas primeiras semanas, dez mulheres (entre 34 e 71 anos) preencheram o formulário do projeto. Todas moram nas regiões citadas por ela, em bairros como Jardins, Mooca e Santa Cecília. Dos motivos apontados pelas interessadas estava: informações sobre linhas (90%), localização dos pontos (80%), melhores rotas (70%), ganhar confiança (60%) e conhecer aplicativos (40%).
Veja três apps gratuitos para andar de ônibus em SP – indicados pelo ProColetivo
Moovit
Motivo: “Disponibiliza informações atualizadas de itinerário das linhas, horários de chegada e partida e mapas das estações locais. Você pode ver a localização exata de um veículo de transporte público em um mapa e saber qual o caminho com menos trânsito”, recomenda Chantal.
Disponibilidade: Android e iOS
Cittamobi
Motivo: “Quando você seleciona um ponto de ônibus, consegue ver todas as linhas que passam por lá, com os seus respectivos horários. Além disso, pode favoritar as linhas mais usadas”, comenta Chantal.
Disponibilidade: Android e iOS
Cadê o Ônibus?
Motivo: “O aplicativo também informa sobre o trânsito e emite alertas com notícias da SPTrans, do Metrô e da CPTM e avisa sobre greves e manifestações na cidade”, recomenta o ProColetivo em seu site.
Disponibilidade: Android, iOS e Windows Phone
O Estado de SP