A violência é um dos fatores que mais preocupam profissionais que atuam no transporte rodoviário de passageiros. De acordo com a Pesquisa CNT Perfil dos Motoristas de Ônibus Urbanos, realizada pela Confederação Nacional do Transporte, no início deste ano, 30,8% dos motoristas entrevistados apontam que assaltos e roubos são os principais problemas da atividade. Além disso, 13,6% afirmaram já terem sido vítimas de assalto nos dois últimos anos durante a jornada de trabalho.
Mesmo com os indicadores, avanços tecnológicos têm reduzido significativamente a quantidade de ocorrências em todo o país. Um deles é a bilhetagem eletrônica.
O sistema consiste na utilização de cartões validados dentro dos ônibus para o pagamento das passagens. Os créditos podem ser adquiridos em pontos de venda ou mesmo pela internet. De acordo com representantes do setor, o resultado tem sido o desaparecimento gradual do dinheiro de dentro dos coletivos, o que vem inibindo as ações dos criminosos e tornando as viagens mais seguras.
“O número de assaltos está diretamente relacionado ao manuseio de dinheiro dentro dos ônibus. Esse processo facilitava a ação dos bandidos. Se as pessoas passam a entrar nos veículos somente com os cartões eletrônicos, a exposição é menor e a probabilidade de roubos diminui”, afirma o diretor administrativo e institucional da NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos), Marcos Bicalho.
A primeira cidade a implantar a bilhetagem eletrônica foi Goiânia (GO), em 1998. Atualmente, 85% dos municípios brasileiros com mais de 100 mil habitantes já utilizam a tecnologia, segundo a NTU. Na capital pioneira da utilização do sistema, foi realizada uma campanha de transição para que a população passasse a adotar o cartão. “O nosso intuito foi justamente diminuir o volume de dinheiro no interior dos ônibus por causa da grande quantidade de assaltos, que, na época, chegava a 300 por mês. Hoje, conseguimos zerar essa estatística”, comemora a gerente do Sitpass (Sistema Inteligente de Tarifação de Passagens), empresa que administra a tecnologia, Flávia Tillmann.
Em São Paulo (SP), todo o sistema é equipado com a tecnologia e, mesmo que 5% da arrecadação das passagens ainda seja referente à venda em espécie dentro dos ônibus, segundo o SPUrbanuss (Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de São Paulo), a tecnologia tem contribuído para a redução dos assaltos.
“Cada ônibus transporta, em média, 750 passageiros por dia. Se apenas 5% das passagens são pagas em dinheiro, são somente 37 passagens por ônibus. Ou seja, numa jornada, a arrecadação é de R$ 140,6 (considerando o valor unitário de R$ 3,80). É muito pouco para o ladrão assaltar. O sistema se tornou praticamente à prova de assalto”, destaca o presidente do sindicato, Francisco Christovam.
Além da segurança, a bilhetagem eletrônica tem garantido outras vantagens para usuários e operadores dos sistemas de transporte coletivo urbano. Para Christovam, do SPUrbanuss, a principal delas é o planejamento de integrações com os demais sistemas de transporte, além de pesquisas de origem e destino e identificação dos hábitos dos usuários.
Com informações: Fetrans