Flagrantes de embriaguez reduzem este ano na Lei Seca

Foto: Cedida
O Detran autuou 1.830 pessoas em 54 Operações da Lei Seca somente no primeiro semestre deste ano, em todo o Rio Grande do Norte. O número é praticamente igual ao mesmo período de 2016, quando 1.868 pessoas foram autuadas em 47 ações. A diferença está no número de pessoas abordadas nos dois anos: enquanto cerca de 18 mil pessoas pararam em uma blitz no primeiro semestre do ano passado, 2017 registra 15 mil pessoas – 3 mil pessoas a menos. A média de condutores autuados por operação também diminuiu. Em 2017, é de 33 autuações por operação; em 2016 a média foi de 40.

Segundo o coordenador da operação, capitão Isaac Paiva, o que explica o número de autuações praticamente igual nos dois anos, apesar da diminuição de pessoas abordadas e da redução da média, é uma mudança na estratégia do Detran. As operações saíram das vias principais e estão em rotas alternativas a partir da percepção que a maioria dos condutores alcoolizados estava mudando de caminho. Estatísticas do órgão mostram que a Avenida Engenheiro Roberto Freire, por exemplo, teve 23 operações em 2016, enquanto este ano registrou apenas quatro. Na contramão deste número, o Detran esteve em seis lugares a mais em 2017 em relação ao ano passado.
Outra mudança de estratégia dos fiscalizadores é a realização de mais ações durante a semana, também a partir da mudança de hábito de condutores. “Nós antes fazíamos sobretudo no fim de semana, mas hoje fazemos em média quatro vezes por semana, nos pontos estudados pela cidade. Muitas pessoas passaram a beber na semana porque achavam que não havia blitz, e aí começamos a resolver isso”, disse ele.
Apesar dos números de autuações não ter diminuído em grande número de 2016 para 2017 (foi de apenas 2,03%) e das mudanças adotadas pelos condutores para burlar a fiscalização, Isaac Paiva avalia que a Lei Seca causou um efeito positivo na cidade. “Os números de autuações do ano para cá se mantiveram iguais, mas a gente percebe que cada vez mais os condutores estão tomando cuidado. Não vemos tantas pessoas completamente bêbadas como víamos antes, o que mostra um avanço”, afirmou.
Ele mostra como prova disso a redução de condutores que tiveram o inquérito criminal aberto porque foram flagrados com o nível acima de 0,34 miligramas de álcool por litro de ar ou enquadrados no termo de constatação de embriaguez (quando os policiais percebem que o condutor está inconsciente por causa do álcool, mesmo sem ter feito o bafômetro). Em 2014, primeiro ano registrados nas estatísticas, 24,9% dos autuados foram autuados criminalmente, enquanto em 2017 o número é de 3,06%.
Quem não é autuado dessa forma, tem o processo administrativo aberto. Neste caso, encaixam-se pessoas que recusaram fazer o teste do bafômetro ou apresentaram um nível de álcool abaixo de 0,34 mg/l. A diferença dos dois processos é que no primeiro, além da multa de R$ 2.934,70 e da apreensão da carteira de motorista, o condutor é levado a delegacia e responderá na Justiça.
Essa mínima mudança de conscientização é comemorada por Isaac Paiva, que considera o hábito de beber e dirigir uma questão cultural e, por isso, difícil de mudar em quatro anos – período em que a Operação Lei Seca existe no Rio Grande do Norte. “Como é cultural, o simples fato de beber menos é importante. As mudanças que a gente vê são consideradas avanços. É um trabalho de formiguinha, que só será concluído daqui a gerações e com a necessidade de campanhas educativas, além das fiscalizadoras”, concluiu.
Tribuna do Norte

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