‘É constrangedor. Eu costumo esperar entre 15 e 20 minutos, porque já sei os horários do ônibus. Mas como ele as vezes não segue o horário direito, chego mais cedo para garantir. Ficamos aqui expostos, debaixo de sol ou de chuva. Hoje está nublado, tá bom. Mas pego ônibus aqui diariamente e é uma situação horrível”. É o que contou à equipe da TRIBUNA DO NORTE a auxiliar de cozinha Diane Firmino, de 22 anos, que aguardava o ônibus na parada do lado oposto à rodoviária, na avenida Capitão Mor Gouveia. Esperar debaixo de sol ou de chuva por ônibus que costumam demorar é uma realidade para muitos natalenses. Em algumas avenidas movimentadas da cidade, como a Capitão-Mor Gouveia, que vai do bairro da Cidade da Esperança ao de Lagoa Nova, são 11 paradas do lado direito sem qualquer tipo de cobertura.
Foto: Magnus Nascimento/Tribuna do Norte |
Além dos abrigos, a falta de sinalização também está presente em muitos pontos e prejudica a população. Apenas na avenida Coronel Estevam (avenida 9) no Alecrim, dos nove pontos sem qualquer cobertura entre o começo da avenida até seu encontro com a avenida Bernardo Vieira, cinco estão sem qualquer tipo de sinalização. Com o aumento da tarifa de ônibus municipal para R$ 3,35, a população aguarda ansiosa pela construção dos abrigos, uma das contrapartidas demandas pela Prefeitura durante as negociações com os empresários do transporte coletivo de Natal.
De acordo com o que foi acordado entre a Prefeitura de Natal e as empresas, elas teriam que instalar 100 novos abrigos de ônibus, além dos dados online da bilhetagem e a localização por GPS de toda a frota. Essas melhorias, no entanto, ainda não foram observadas pela população. De acordo com o secretário adjunto da Secretaria de Mobilidade Urbana (STTU) Clodoaldo Trindade, a Prefeitura já passou para as empresas de ônibus os estudos dos lugares que têm a maior demanda de construção de novos abrigos.
O problema da falta de abrigos de ônibus em Natal, no entanto, não é recente. De acordo com o próprio Clodoaldo, em 2013, quando a atual gestão assumiu, alguns dos abrigos existentes precisaram ser retirados em função de suas condições precárias que ameaçavam a segurança das pessoas que esperavam ônibus no local. Em 2015, a STTU divulgou que a cidade possuia 2.300 pontos de ônibus, dos quais 600 com abrigos.
A instalação de abrigos de ônibus na cidade, inclusive na av. Capitão Mor Gouveia, estava prevista e orçada desde a Copa do Mundo, quando a prefeitura calculou em pouco mais de R$ 18 milhões as obras de mobilidade que incluíam construção de abrigos para passageiros, estações de transferência e terminais de ônibus. A responsabilidade da instalação dos abrigos, no entanto, não é apenas do Município: nas vias estaduais, ela também é do Departamento Estadual de Rodovias (DER) e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT).
O modelo implantado pelo DNIT no viaduto de Neópolis, após a instalação das obras, foi amplamente criticado pela população. De acordo com a STTU, o padrão escolhido pelo Departamento é o mesmo instalado na cidade de Recife (Pernambuco) na década de 1960, e não proporciona qualquer tipo de proteção real à população tanto do sol quanto da chuva.
Fonte: Tribuna do Norte