O Programa de Transporte Coletivo de Natal
O Plano de Mobilidade Urbana de Natal, em revisão neste momento, concebeu uma nova rede de transporte público para a Cidade, seguindo os seguintes pressupostos básicos:
a) Concepção da rede em função dos deslocamentos desejados pela população usuária atual e potencial;
b) Articulação real da rede de transporte coletivo com os polos de desenvolvimento da Cidade;
c) Minimização dos deslocamentos negativos que aumentam o tempo de viagem do usuário e encarecem o sistema como um todo;
d) Possibilidade de evitar o uso desnecessário da atual Área Central;
e) Facilidade do acesso aos subcentros locais dos bairros da cidade; e
f) Facilidade de compreensão e uso pela população.
A rede proposta será constituída de um sistema estruturador e de um sistema vicinal.
O sistema estruturador será constituído por 14 eixos interligando os principais polos urbanos de atração/produção de viagens da cidade, sem passar, necessariamente, pelo Centro da Cidade. Esses eixos se utilizam do sistema viário principal e, eventualmente, alguns trechos do secundário, por razões de continuidade, com as linhas, preferencialmente, saindo de terminais.
Estas linhas visam dar suporte a ligações de média e grande distância, transportando grandes volumes de passageiros. Para que possam apresentar velocidades médias mais altas, o sistema viário deve receber tratamento que priorize a circulação do transporte coletivo e permita a utilização de veículos de maior capacidade.
O sistema vicinal será constituído por linhas menores, com extensão média de cerca de 19 km, para atendimento de demandas internas aos bairros, fazendo o acesso ao centro comercial/institucional de bairros vizinhos e a ligação com o sistema estruturador.
A associação entre os sistemas estrutural e vicinal não é concebida apenas como um sistema tronco- alimentador, mas com uma visão mais ampla de atender a dinâmica geoeconômica da cidade e considerando também a demanda potencial futura.
Esta nova rede pressupõe um sistema de tarifação integrado, com várias possibilidades de tarifas, de forma a incentivar o uso do sistema vicinal por pessoas que hoje fazem deslocamentos curtos a pé, reduzindo a superlotação das linhas estruturais dentro dos bairros e regiões administrativas.
A rede proposta também prevê sua integração com os serviços intermunicipais, mudando a situação atual na qual é permitido o acesso dessas linhas em todas as áreas da cidade, apenas com restrição de locais de algumas paradas de ônibus. O modelo pensado restringe o acesso da rede intermunicipal à cinco grandes áreas de integração, uma nas proximidades do campus universitário, Natal Shopping e Centro Administrativo, uma próxima à Escola Técnica Federal, Midway Mall e Av. Bernardo Vieira, outra na Avenida Capitão-mor Gouveia próximo ao terminal rodoviário e outras duas na Zona Norte, uma em cada proximidade de cada ponte.
PAC Grandes Cidades
Recentemente, a Prefeitura de Natal conseguiu a inclusão de parte do seu Programa de Transporte Coletivo entre as obras a serem financiadas pelo Programa de Aceleração do Crescimento – PAC, do Governo Federal, para Grandes Cidades.
A proposta consiste na readequação dos principais corredores viários da Cidade, dotando-os de passeios acessíveis, faixas prioritárias, faixas exclusivas, pavimentações adequadas, novos abrigos de passageiros, redes semafóricas sincronizadas, sinalização horizontal e vertical eficientes e eliminação de pontos críticos através de obras de arte.
As intervenções integradas visam a melhoria do sistema de transporte público coletivo de Natal e de sua Região Metropolitana, com tratamento preferencial ao transporte coletivo em 31 km de corredores estruturais de transporte, atualmente bastante comprometidos devido a concorrência no mesmo espaço viário entre o transporte coletivo, os veículos particulares e os pedestres.
Os corredores que receberão intervenções são:
• Corredor Bernardo Vieira;
• Corredor Coronel Estevam/Rio Branco;
• Corredor Presidente Bandeira;
• Corredor Mário Negócio/Amaro Barreto;
• Corredor Salgado Filho/Hermes da Fonseca; e
• Corredor Prudente de Morais.
Nesses corredores será implantado um novo modelo operacional e uma política tarifária de integração que propiciarão aos usuários maior flexibilidade na utilização dos serviços com menor custo. A organização e racionalização do sistema trarão ganhos na produtividade, propiciando redução de custos operacionais e consequentes ganhos para os passageiros.
Os corredores permitirão a troncalização dos sistemas de transportes coletivos, independentemente do modo e da tecnologia veicular adotados, podendo viabilizar, inclusive, a implantação de um sistema de Veículos Leve sobre Trilhos (VLT) na Cidade, com ganhos de economia de escala e na oferta, pela redução dos conflitos com o tráfego de veículos privados e velocidades comerciais mais adequadas.
As vias escolhidas são de importância metropolitana e as intervenções propostas, acrescidas de medidas complementares de gestão do trânsito, como regulamentação do estacionamento, melhorias na sinalização semafórica e pequenos ajustes na geometria, devem contribuir para resolver gargalos, atuais ou antevistos para curto e médio prazos, com ganhos consideráveis no desempenho das vias.
Dentre os corredores escolhidos para implantação das melhorias, destaca-se o corredor da Avenida Bernardo Vieira, que apresenta uma demanda de cerca de 140 mil passageiros transportados por dia, em uma frota composta por 151 ônibus, totalizando 1.126 viagens por dia.
Os projetos a serem implantados são variáveis por corredor, porém, em linhas gerais, incluem os seguintes tipos de intervenções:
- Implantação de 7 obras de arte (viadutos) nas principais intercessões dos corredores;
- Implantação de plataformas de embarque e desembarque localizados no canteiro central;
- Construção de passagens inferiores (túnel/trincheira) para a linha férrea da CBTU;
- Implantação de pavimentação em concreto nas faixas exclusivas e nas áreas de cruzamentos;
- Implantação de pórticos metálicos nas aproximações semafóricas, onde serão instalados os novos semáforos com geração dinâmica de tempos;
- Colocação de sinalização vertical de regulamentação e sinalização de orientação e indicativa, inclusive com a informação da via que cruza o corredor;
- Construção de calçadas padronizadas, contemplando as exigências relativas à acessibilidade em conformidade com o determinado na NBR 9050/04 e Decreto nº 5.296/04; e
- Recuperação de todos os abrigos de passageiros.
Além das obras viárias, está prevista também uma intervenção no sistema ferroviário da Região Metropolitana do Natal, operado pela CBTU, com a implantação de um sistema de Veículos Leves sobre Trilhos (VLT) na Linha Norte, em substituição ao trem pesado utilizado atualmente; o novo sistema deverá ser integrado ao transporte rodoviário da rede municipal.
Fonte: STTU