Busologia: Conheça O Hobbie Inusitado Que Reúne Milhares De Adeptos No Brasil

Mas o que é ser busólogo? Para Gustavo Mendes de Oliveira, de Itumbiara, Goiás, é “admirar os ônibus, seu funcionamento, sua estética, e todo o sistema de transportes no qual o veículo está inserido. Admirar enquanto viaja neles, ao registrar com fotos e, mais do que isso, ao colaborar para um sistema de transportes melhor, na medida do possível”. A Busologia, que em tradução literal significa “estudo dos ônibus”, é um hobbie com grande número de adeptos no Brasil, e envolve uma comunidade enorme de pessoas engajadas na pesquisa, catalogação, conservação dos ônibus e sua memória histórica, seja ela estética ou tecnológica.

Apesar de muitas vezes ser caricaturado e estereotipado pelos meios de comunicação que tratam o assunto como engraçado, o gosto por ônibus é um hobbie como qualquer outro e difere pouco da admiração por carros, aviões, trens, e outros veículos. Muitos dos busólogos, inclusive, acreditam que o termo é exagerado, e preferem se referir a si mesmos como simples “entusiastas”. De qualquer forma, as atividades mais comuns entre eles são fotografar, desenhar, andar de ônibus, jogar online, pesquisar, participar de debates e encontros, além de colecionar objetos ligados ao veículo, como miniaturas e fotografias antigas. Para o estudante Luiz Fernando Hanysz, de Curitiba, ter esse hobbie é olhar com outros olhos uma parte da vida cotidiana que já se tornou banal, e querer adquirir e compartilhar conhecimento sobre isso.
Nesse sentido, os busólogos levam muito a sério a questão de catalogação e preservação dos modelos de ônibus. A fotografia é parte fundamental do compartilhamento desse conhecimento, o que é feito através de plataformas digitais de interação entre os admiradores. Para eles, o intercâmbio de informação é de grande importância, pois, além de os fazer pertencer a um grupo, permite a troca de ideias para possíveis melhorias no transporte urbano e rodoviário. Um exemplo disso é o site Ônibus Brasil, um projeto de catalogação colaborativa de frotas de ônibus, que reúne acervos de colecionadores de todo o país. Para se ter uma ideia, a plataforma tem cerca de 57 mil membros e 4 milhões de fotos que geraram em torno de 8,5 milhões de comentários. É o maior acervo fotográfico de ônibus do mundo.
Os encontros presenciais também são muito comuns por todo o país, sejam organizados pelas empresas ou pelos próprios entusiastas. Um exemplo é a iniciativa da Viação Garcia, que recebe regularmente apaixonados por ônibus na matriz de sua empresa em Londrina, no norte do Paraná. O último desses encontros foi em 21 de janeiro, e reuniu busólogos de vários estados do país. Os visitantes puderam conhecer toda a frota da empresa, da década de 1930 até os ônibus mais modernos. Para participar desses encontros, é preciso ser maior de 18 anos e enviar um e-mail com nome, cidade e telefone para [email protected].
Foto: acervo da Viação Garcia
Outro exemplo de encontro de busólogos no Paraná é o ENBUS, Encontro Nacional de Busólogos – O Nosso Olhar, que já teve duas edições em Londrina, sendo a mais recente em 23 de julho de 2016. O evento foi realizado no Museu de Arte de Londrina, antiga rodoviária da cidade, e recebeu visitantes de 14 estados do país, que puderam conhecer ônibus antigos que marcaram a história do Paraná e do Brasil, assim como as grandes inovações do transporte público e rodoviário. O ENBUS contou com palestras, apresentações culturais, distribuição de brindes e sorteios para os entusiastas presentes.
Segundo Andréa Perrud, organizadora do ENBUS Londrina, o evento é uma forma de aproximar as pessoas da história da cidade e do transporte coletivo na região. Para ela, depois do ENBUS em Londrina, “muitas pessoas já compreendem que admirar um ônibus não é algo tão de louco assim, pois entendem que num registro fotográfico com o ônibus sempre se poderá encontrar algo a mais, como aquele prédio que já não existe mais, ou aquela rua que já não é mais a mesma.”. Para Andréa, “o hobbie Busologia é uma prática saudável que contribui para a memória histórica sócio-cultural da cidade”. O mesmo pode ser dito sobre a história do transporte no Brasil e no mundo.

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